Depoimentos p Pessoas q Nao Conhecemos
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sou ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
O fato de que sou escritora: uma mulher escritora, não uma dona-de-casa que escreve, mas alguém cuja existência, em sua totalidade, é comandada pelo ato de escrever.
Ter em si mesmo o bastante para não precisar da sociedade já é uma grande felicidade, porque quase todo o sofrimento provém justamente da sociedade, e a tranquilidade espiritual, que, depois da saúde, constitui o elemento mais essencial da nossa felicidade, é ameaçada por ela e, portanto, não pode subsistir sem uma dose significativa de solidão.
A noite/1
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta. (p. 90)
O diagnóstico e a terapêutica
O amor e uma das doenças mais bravas e contagiosas. Qualquer um reconhece os doentes dessa doença. Fundas olheiras delatam que jamais dormimos, despertos noite apos noite pelos abraços, ou pela ausência de abraços, e padecemos febres devastadoras e sentimos uma irresistível necessidade de dizer estupidezes.
O amor pode ser provocado deixando cair um punhadinho de pó de me ame, como por descuido, no café ou na sopa ou na bebida. Pode ser provocado, mas não pode impedir. Não o impede nem a água benta, nem o pó de hóstia; tampouco o dente de alho, que nesse caso não serve para nada. O amor e surdo frente ao Verbo divino e ao esconjuro das bruxas. Não há decreto de governo que possa com ele, nem poção capaz de evitá-lo, embora as vivandeiras apregoem, nos mercados, infalíveis beberagens com garantia e tudo. (p. 91)
A noite/2
- Arranque-me, senhora, as roupas e as dúvidas. Dispa-me, dispa-me. (p. 92)
A noite/3
Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo. (p. 94)
A pequena morte
Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer e uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce. (p. 95)
O devorador devorado
[...] os amantes se comem entre si de ponta a ponta, todos todinhos, todo-poderosos, todo-possuídos, sem que fique sobrando a ponta de uma orelha ou um dedo do pé. (p. 97)
(O Livro dos Abraços)
Não, eu não me esqueci dos meus planos. E não, também não desisti dos meus sonhos. Só desentortei o caminho. Percebi que para chegar onde quer que fosse teria que tirar definitivamente dele tudo o que não me valeu.
Não faz muito tempo - e pela primeira vez, como nessa ocasião admiti espantado para mim mesmo - mencionei o assunto a um bom amigo, só de passagem, bem de leve, através de algumas palavras, rebaixando o significado de tudo - pois no fundo a questão para mim é pequena vista de fora - a um nível um pouco inferior à verdade.
Pois há um tempo de rosas, outro de melões, e não comereis morangos senão na época de morangos.
Pouco importa de onde a brisa
Traz o olor que nela vem.
O coração não precisa
De saber o que é o bem.
A mim me basta nesta hora
A melodia que embala.
Que importa se, sedutora,
As forças da alma cala?
Quem sou, p'ra que o mundo perca
Com o que penso a sonhar?
Se a melodia me cerca
Vivo só o me cercar...
Talvez fosse um pedido de socorro envergonhado. O socorro não veio, (...) e fui obrigado a me investigar e afundar em mim mesmo.
A felicidade é o fim que natureza humana visa. E, a felicidade é uma atividade, pois não está acessível àqueles que passam sua vida adormecidos. Ela não é uma disposição. À felicidade nada falta, ela é completamente auto-suficiente. É uma atividade que não visa a mais nada a não ser a si mesma. O homem feliz, basta a si mesmo.
E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
O importante não é estar aqui ou ali, mas ser. E ser é uma ciência delicada, feita de pequenas observações do cotidiano, dentro e fora da gente. Se não executamos essas observações, não chegamos a ser: apenas estamos, e desaparecemos.
Eu não quero mais amar
Para não sofrer
Para não chorar
Vida perdida
Estrada tão comprida
Melhor nem dizer, ai
Melhor nem pensar
Para não sofrer
Para não chorar
Velho riacho
Que vem lá da serra
Cantigas tão antigas
Me contou
Velho riacho
Então me conte agora
Como eu vou viver, ai
Sem o meu amor
Se eu vou viver
Sem o meu amor
Sou careta. Não fumo, não bebo, não minto para ser bem recebida, não tenho saco pra fazer social, não danço e ainda por cima, sou crítica.
Cuidado ao dizer um não, ou um sim, ou um nunca mais, ou para sempre. Eles podem mudar sua história. São palavras simples, com força enorme.
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