Depoimento para uma Garota que eu Amo
Eu antes era uma mulher que sabia distinguir as coisas quando as via. Mas agora cometi o erro grave de pensar.
Às vezes eu acho que alugar uma apartamento cheio de posteres de cinema, almofadas coloridas e festinhas com amigos bacanas e músicas boas resolveria o meu problema. Me entupiria do meu mundo a ponto de eu parar de sentir falta de mim.
Passa uma Borboleta
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
De três coisas eu estava convicta. Primeira, Edward era um vampiro. Segunda, havia uma parte dele - e eu não sabia que poder essa parte teria - que tinha sede do meu sangue. E terceira, eu estava incondicional e irrevogavelmente apaixonada por ele.
O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer assim: gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar. E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.
É uma maravilha eu não ter abandonado todos os meus ideais, que parecem tão absurdos e pouco práticos. Se me prendo a eles, porém, é porque ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas têm bom coração.
Eu queria ter uma bomba, um flit paralisante qualquer para poder me livrar do prático efeito: das tuas frases feitas, das tuas perfeitas!
Eu sei que nunca mais encontrarei nada nem ninguém que inspire uma paixão. Você sabe, não é tarefa fácil amar alguém. É preciso ter uma energia, uma generosidade, uma cegueira. Há até um momento, bem no início, em que é preciso saltar por cima de um precipício: se refletirmos, não o fazemos. Sei que nunca mais saltarei...
Eu sou uma eterna apaixonada por palavras, música e pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono.
Eu acho que tenho essa ironia, esse deboche, sim. É uma autodefesa, porque as pessoas são fogo mesmo. Então, a gente tem que jogar um pouco com o deboche, com o cinismo, para não se machucar...
Eu era um solitário por natureza, que se contentava em viver com uma mulher, em comer com ela, dormir com ela e sair à rua com ela. Não queria conversas, nem passear, a não ser para ir às corridas de cavalos ou às lutas de boxe. Não gostava de TV, e achava estúpido gastar dinheiro para ir numa sala de cinema com outras pessoas e partilhar as suas emoções. As festas me deixavam doente. Detestava as falsas aparências, os jogos sujos, os namoricos, os bêbados amadores e os chatos. [...] Como solitário, eu não suportava invasões. Isto não tinha nada a ver com ciúmes, simplesmente não gostava de pessoas, multidões, onde quer que fosse, exceto nas minhas leituras. As pessoas diminuíam-me e deixavam-me sem ar. [...] Eu não gostava de Nova Iorque, não gostava de Hollywood, não gostava de Rock, não gostava de nada. Talvez tivesse medo... "os maiores homens são os mais solitários".
Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, e o mundo terá uma geração de idiotas.
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada, que seja minha noite uma alvorada, que eu saiba me perder para me encontrar...
A vida com legendas
Uma vez eu estava assistindo a um filme americano no DVD, quando uma amiga da minha filha chegou aqui em casa. Ela deu um alô de longe, para não atrapalhar a sessão, mas de repente algo chamou sua atenção na TV, e em seguida ela me olhou com uma expressão atônita. Achei que fosse me revelar um segredo de Fátima, mas o que ela me disse foi: "Tia, você não sabe? Dá para assistir ao filme dublado!". Aquele "tia" não conseguiu estragar meu humor. "Eu sei, querida, mas eu prefiro assistir com legenda".
A cara de espanto que ela fez, só vendo. Dava para ler seu pensamento: como alguém pode preferir ver um filme com legenda em vez de dublado??? Pois é.
Eu me rendo feliz às legendas, já que meu inglês não é nenhum espetáculo. Mas não é só por isso. Por melhores que sejam nossos dubladores, perde-se a interpretação original, o tom de voz, as interjeições. Fica um troço frio. Dublada, qualquer obra de arte parece filme de sessão da tarde. Vai pro ralo a magia do cinema.
Legenda, ao contrário, permite o confronto entre o que foi dito e o que foi compreendido. Temos acesso às duas versões. Aliás, não seria nada mal se legendassem algumas cenas da vida real, também.
Num antigo prédio onde morei, havia um porteiro muito gentil, mas que falava um idioma indecifrável. Vogais e consoantes embolavam-se de tal modo que qualquer coisa que ele dissesse parecia turco. O senhor pode repetir, seu Gomes? Vorwitzj shurtkwzç halytqjh. Sei, sei, obrigada, seu Gomes. E eu entrava no prédio sem saber se o elevador estava enguiçado, se a vizinha havia cometido suicídio ou se tinham assaltado meu apartamento.
Igualmente enigmáticos são certos depoimentos de políticos. Falam em português, sem dúvida, mas falta uma simetria com os fatos apurados. "Esta assinatura não é minha." "Não tenho dinheiro em paraíso fiscal." "Sou e sempre fui um cidadão honesto".
Legendas, please. Eu não compreender.
Agora, intraduzíveis mesmo são os diálogos entre marido e mulher. Ele diz que vai se atrasar 10 minutos e ela conclui: ele tem outra. Ele diz que está com saudade e ela retruca: então por que só me ligou uma vez hoje? Ele diz que está infeliz no emprego e ela: não vem com frescura, o aluguel vai aumentar. Ele diz que a ama e ela: "Repete".
"Eu te amo."
"Ah, diz de novo."
"Te amo."
"Mais uma vez."
"Te amo, caramba!"
"Eu sabia, você não me ama mais, se irrita por qualquer coisinha."
Mas voltando ao assunto inicial desta crônica: soube que o mercado cinematográfico está colocando à disposição um número cada vez maior de cópias dubladas, não apenas de filmes infantis, o que se explica, mas também de filmes para adultos. E o público está aplaudindo a tendência, pois, segundo pesquisa, preferem mesmo assistir ao filme direto em português. Uma pena. Entendo que se queira facilitar a vida, mas quando se quer facilitar demais, perde-se algumas pequenas sofisticações, hoje cada vez mais raras
Eu aprendi que sempre posso fazer uma prece por alguém quando não tenho forças para ajudá-lo de alguma outra forma.
Se uma pessoa perguntar durante meia hora a palavra "eu", essa pessoa se esquece quem é. Outras podem enlouquecer. É mais seguro não fazer jamais perguntas – porque nunca se atinge o âmago de uma resposta. E porque a resposta traz em si outra pergunta.
Uma pessoa é muito mais que um efeito que eu posso observar, ela é a mistura de causas que as vezes eu desconheço, mais que pela força do conhecimento da aproximação...eu posso chegar!
Você sabe muito bem disso...quantas vezes na vida somos observados como um efeito sem saber das causas da nossa vida...
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