Dedicatoria para uma Filha na Bencao das Fitas
A percepção da realidade não é uma escolha, mas um despertar espontâneo e automático como o que nos é oferecido todas as manhãs, após uma noite de repouso obrigatório: os olhos se abrem e somos avisados pelo cérebro de que acordamos. Porém, fica na decisão de cada um erguer-se ou aceitar o convite da preguiça para voltar a dormir por quanto tempo consiga. Mas a paciência da mente cósmica também é limitada: em dado momento terá que decidir entre levantar-se ou aceitar o coma de modo irreversível.
Houve uma época em que apegar-se a convicções imutáveis se mostrava como sinal de se ter a posse da Verdade. Em nossos dias, porém, apenas exibe seu defensor como afundado numa ignorância à prova da verdade em permanente construção que vai se revelando à medida que a humanidade avança, e onde o Conhecimento, a cada novo momento, atinge patamares nunca antes alcançados, só restando a alguns acabar pisoteados pelo futuro.
A partir de determinada idade o mundo nos dá uma espécie de “carta de alforria“ com grau progressivo de liberdade em relação ao que sempre quisemos, mas não tínhamos permissão para colocar em prática, e a sensação é a de se estar sendo abonado por tantos anos cumpridos de “detenção social”.
Se precisas de uma cartilha para definir teu rumo, melhor escreve-la tu mesmo, e ainda fazê-lo a lápis tendo uma borracha na outra mão. O cenário de transformação torna obsoleto qualquer caminho permanente. Daí porque somente trilhas – em vez de trilhos – podem reduzir riscos por permitir uma eventual mudança de rumo ou se tomar atalhos quantas vezes for necessário para não se perder a corrida para a história.
A partir da conectividade mundial instantânea e de fácil acesso, uma grande parcela da humanidade – acreditando ter-se tornado mais autêntica – perdeu a noção do limite entre público e privado, expondo pelas mídias suas pústulas, mazelas e infortúnios como se a todos precisassem ser reportados. Ainda que andar nu seja natural e salutar, a sociedade não vê com bons olhos que o façamos livremente. Da mesma forma há que se ter preservada a linha divisória entre nossos rostos – que pertence ao público – e a intimidade, que só a cada um diz respeito.
Equivocam-se aqueles que lamentam a perda de agentes malévolos em nome de uma suposta nobreza de alma, pois contribuem com o mal quando esquecem que este só acaba pela extinção da fonte. Mesmo que nossa essência não se alegre com o fim do agente, não é errado sentir-se bem com o término da nascente contaminada que polui o rio e faz a degradação chegar ao mar. Estender a caridade a demônios – que jamais se purificam – mostra apenas que não temos compaixão por suas vítimas. Se tal padrão fosse a melhor escolha Deus não teria colocado espadas nas mãos dos Arcanjos.
A vida é uma professora rígida e impiedosa, porém honesta. Ela nos ensina que os que não se calam e não aceitam a infâmia sob o manto da falsa harmonia são os que acabam alijados como incômodos, pois que não compactuam com as mentiras que todos preferem ostentar para não terem maculado seu histórico de pessoas “bem resolvidas”.
Estudiosos da mente atribuem depressão na velhice a uma doença típica da população idosa, como se a alegria da juventude fosse seu contraponto para o estado de normalidade. Estou convencido, no entanto, de que são mitos criados para explicar um fato que não tem nada a ver com saúde mental nas diferentes fases da vida: a juventude apenas permanece feliz por conta da ignorância, e na velhice já existe histórico e consciência o bastante para entender o mundo como realmente é. A aparente diferença de percepção, portanto, não passa de uma reação natural compatível com o conhecimento que detêm em seus respectivos momentos. O que difere disso não vai além de exceções, como a depressão juvenil sem causa e a alegria na velhice que remete a transcendência dos mais fortes e resilientes.
Resumir o homem ao seu universo visível não passa de uma grotesca simplificação do infinito por quem coloca um ponto no final do prólogo pra não se dar ao trabalho de ler o livro.
Existe uma tendência para se confundir idade com grau de consciência, ignorando-se o fato de que tanto há jovens irresponsáveis ou concientes quando idosos responsáveis ou inconsequentes no pleno uso de suas faculdades. O que não se pode é tratar todo jovem como sujeito de deveres e todo idoso como passível apenas de direitos, quando ambos sabem o que estão fazendo e devam assumir as consequências na mesma proporção, isso sem contar o agravante da experiência.
Demonstrar respeito aos outros não é uma escolha, mas obrigação devida a todo indivíduo enquanto pessoa. Ninguém pode estar sujeito àquela falta de respeito que o exponha ou inferiorize, isso é fato. Mas há um outro tipo de respeito que nos brota na essência, queiramos ou não, e não se consegue oferecer gratuitamente quando o outro revela não dá-lo a si mesmo. Resta-nos, nesse caso, dedicar o obrigatório a todos, porquanto seres humanos, mas não desperdiçar aquele de caráter íntimo com quem inequivocamente não dá qualquer importância ao ato DE SE FAZER respeitar.
É uma pena que tantos optem pelo lado indicado por seu “ismo”, quando bastaria o lado ético, com a vantagem ainda de se separar joio do trigo: aqui os apoiadores também se revelam em cara e CPF, sem se ocultarem por trás de seus líderes.
Quando do outro lado existe uma pessoa emocional, nenhuma lógica ou bom senso muda a reação ao que dizemos ou fazemos. Seu processo emocional é sempre uma incógnita e não garante o resultado esperado, por mais racional e bem intencionado que você se mostre.
Durante uma conversa em que o emocional ocupe uma das pontas, não há nada que a racionalidade do outro possa usar para ser melhor interpretado, e toda emenda vai se revelar pior que o soneto.
Acreditar ou não num deus é uma crença como outra qualquer: apenas se crê que exista ou se crê que não exista. Mas, apesar disso, os dois lados se veem no domínio de uma "verdade", inalcançável a ambos, de que se utilizam para menosprezar-se mutuamente em vez de tentar entender que são exatamente iguais, somente seguindo em direções contrárias.
O caráter é como a lâmina de uma faca que pede reação ao primeiro sinal de ferrugem: quando aparece pode ser removida com um leve passar da esponja, mas logo se integra para fazer com ela uma coisa única que não permite mais separar-se uma da outra.
E não sendo logo retirada do faqueiro a corrosão se estende a todas as que lhe estão próximas, não restando uma que não se transforme em prolongamento da que deixou de ser aço para ser ferrugem.
Oxalá um dia consigamos moldar uma humanidade que não precise escolher entre este ou aquele ismo, mas apenas entre o que é verdadeiro e o que não é.
Independente do tipo de realidade que o amedronte descobrir, a ignorância não deveria ser uma opção.
Concordar com algo que uma pessoa diga pode se tratar de mera coincidência. Mas ouvir tudo o que ela fala e sentir como se você próprio o tivesse dito, no mínimo revela uma trilha conduzindo inequivocamente a ambos para um destino seguro.
Todos deveriam comemorar a chegada de um novo amigo à sua vida como a descoberta de uma estrela nova no céu. Elas chegam com sua história, suas características próprias e com um fulgor que pode nos maravilhar pela sua intensidade. Benditas sejam as estrelas que se apresentam para emprestar mais sentido ao nosso universo.
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