Cuidando do meu Jardim
POÉTICO SONETO
Pode passar o tempo, seguidamente
Pode haver estória sem ter fomento
Mas quando o poeta fica sem alento
A prosa se torna morna inteiramente
Anos a fio, tendi ir em frente, tente!
Ou viver somente carente e sedento
O fado, por certo, deixará fragmento
E o versejar não terá parte da gente
O poema chora, fica contente, é amor
Desta vertente a sensação é um teor
Tem prazer, dor, mas nunca obsoleto
Tudo, o acaso, ao trovador é paralelo
Traçando um sentido delineado e belo
Contado, então, num poético soneto!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27 agosto, 2022, 19’36” – Araguari, MG
TRAGO
Trago a prosa na alma, inteiramente
Como se fosse uma tocante sinfonia
Que me invade e do profundo irradia
Inspiração. Sou da poética pendente
Trago no âmago o lírico praticamente
Olhares, agrados e sensível harmonia
Em cada versejar o trovar com magia
Sou apaixonado, ao acaso indiferente
Trago o canto, na cadência, atraente
Sou instante, um todo, o total afago
Um Bardo cheio de emoção presente
Trago sensação, premissa dum amador
Para o meu contentamento, tudo trago
Menos a perfídia daquele amado amor
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 agosto, 2022, 21’07” – Araguari, MG
MALQUISTO FINAL
Vejo a minha poesia sem ousadia
Quando olho a poética no cinismo
Carregada de acaso, de ceticismo
Toda revestida de pouca quantia
Sem outra escolha e companhia
Sem um sussurro ou um lirismo
Enodoada de incolor simplismo
Que tanto põe minh’alma vazia...
Vou de uma sensação bucolista
Nos versos contendo a saudade
Onde chora a essência do artista
Então, tão cheio de árduo ritual
O soneto é bruto e pela metade
Assim, tendo um malquisto final.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 agosto, 2022, 21’15” – Araguari, MG
porfia
cadenciado, um pingo e outro
porfia quantia
a chuva no cerrado
refrescante poesia...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30 agosto, 2022, 05’48” – Araguari, MG
RETRATO DE MÃE
Mãe... tens o amor primeiro
O colo tão cheio de atenção
Sublime o teu doce coração
Com o teu carinho certeiro
Tens o puro nome: missão
Resignação, apoio certeiro
És tu Mãe, teor verdadeiro
Que oferta toda a devoção
Teu olhar o olhar de Deus
Bom, amigo, tão presente
No esmero dos tinos teus
És o sermão com jeitinho
Aquele amor inteiramente
Alento no nosso caminho!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de agosto, 2022, 19’03” – Araguari, MG
À REVELIA
De um amor, o capital fragmento
Da traição, nada, nenhum pedaço
A apaixonada poesia, tento o passo
E, em um compasso, o sentimento
Os acasos, então, ficam ao relento
De caso a caso, sedução, o espaço
Na conquista, também, no fracasso
Criando suspiro, sonhos e lamento
Assim caminha a variegada emoção
Do fado, cheias de veloces olhares
Onde há causa de um sim e do não
Aí, inventa e reinventa o outro dia
Imaginando a tão mágicos lugares
Para aí traçar sensações à revelia...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 de agosto, 2022, 05’05” – Araguari, MG
Aqui da a pé,
e apesar de eu ter Certeza Absoluta
que Aqui da a pé, que Aqui é seguro;
Eu tenho Medo,
tenho Medo de acabar Caindo,
Medo de acabar me machucando,
Medo de acabar percebendo,
no meio do Caminho,
que apesar de dar a pé,
pode não ser tão Raso como parece.
o caminho de areia está mais Extenso,
e a água vai só até a metade,
claramente será seguro se eu caminhar
até onde eu vejo que posso.
Eu não gosto das partes Rasas pois sinto como se todos estivessem me olhando, me julgando e eu não consigo
me Esconder por que está raso demais;
me sinto Amostra,
totalmente Amostra, me sentindo
Vulnerável,
e eu Odeio estar Vulnerável.
mas pelo outro lado, eu também não gosto da parte funda, por que me sinto
sufocada, sinto que
A Qualquer Momento,
a água vai simplesmente pular
em cima de mim, me arrastar para o fundo, prender meus pés com lama, assim
fazendo com que eu me sufoque
e Morra Lentamente.
as coisas são assim,
a Vida é assim,
Eu sou assim,
Eu Detesto sentir uma Profundidade
que não seja a minha,
Eu Não Sei Lidar com a Profundidade Alheia,
se estou em Minha Própria
Profundidade,
o fundo onde estou Acorrentada
Me Acolhe,
Me Aconchega,
mas quando estou envolvida
com os Sentimentos
extremamente Escuros
de outras pessoas
ou os Sentimentos Claros Demais,
me sinto Afogada.
envolvida com suas Cobranças,
seus Traumas,
seu Amor,
me sinto Sufocada,
sinto que posso Me Afogar a qualquer momento.
Não Sei Lidar Comigo Mesma, como poderei Lidar com outras pessoas?
parece que a Única Solução é desaparecer nesse mar de profundidades,
nesse mar de Solidão.
SENSAÇÃO TANTA
É tão supremo o angélico amor
Uma bença que graça a paixão
Cheio de agrado, de doce alvor
Cortês sentimento e de emoção
Peregrina no sentido, inspiração
Arde n’alma, tom maior, sedutor
Uma imaculada e bela tentação
Da existência, um precioso valor
Tem a essência e terna formosura
E a luminosa aliança sacrossanta
Do afeiçoar, é predestinação pura
E, quando o olhar, então, encanta
Inundado de uma singular doçura
Tudo cativa, neta sensação tanta!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 abril, 2023, 16’40” – Araguari, MG
MAIS INTENSO AMOR
Eu que proclamo a falta, eu que proclamo
Reclamos no versejar, com suspiros e dor
Mal sabes o prosar que lágrimas derramo
De uma saudade que vive cheia de rumor
E, neste verso sofredor, sem o eu te amo
Tudo é incolor em um canto desesperador
Mal sabe que, na composição, a ti chamo
Ó meiga paixão, paixão que saiba compor
Mal sabe que, a sensação, que se sente
Em uma inspiração vazia de aqui sozinho
É, eternamente tenra, do agrado ausente
Eu, pra esquecer deste penetrante rancor
Juncaria a poesia com todo o meu carinho
Em verso de amor, com mais intenso amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30 abril, 2023, 19’40” – Araguari, MG
BEM ACEITO
Suspira a alma, satisfeita, embriagada
Que brada, que celebra e engrandece
Alegrias assim singulares, as merece
Ornando a emoção de cor enamorada
Ó agrado afeiçoado, ó ventura ritmada
Pulsa o sentimento tal uma doce prece
E então, sensação, que o peito aquece
Causando está melodia tão encantada
Como é sonoro o versar, ao amor feito
É Deus, que tudo vê, assim, abençoa
A devoção, a cumplicidade, o respeito
Sim, o amor, que no bem tem sua sina
Quando no olhar há simpatia... perfeito
Pois, tudo sublima, onde a paixão ecoa
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03 de maio, 2023, 05’59” – Araguari, MG
POÉTICA QUE ATRELA
Ó verso, que se enfada, ó verso, que brada
D’Alma cansada. Tão inquieto, e pobrezinho
Nunca foste amado, na tua estrofe, sozinho
E vives buscando aquela prosa encantada
Tua poesia anda vazia, deserta sua estrada
Tão frígida cada rima, sem calor do carinho
Ferido. No teu íntimo aquele certeiro espinho
E, a inspiração com o silêncio da madrugada
E, amanhã, quando a luz do sol fulgir, radiosa
Ó poesia sem sorte, importuna, com saudade
Traga em seus versos uma ventura formosa
E então, já não será ignoto, e numa viradela
A solidão será oculta na buscada intimidade
E, dum canto isolado, terá poética que atrela
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03 de maio, 2023, 19’23” – Araguari, MG
DOR
Desbotada, à rima da poesia sombria
Sobre a agonia da sorte predestinada
Tal qual a lua na noite, esbranquiçada
O versar na prosa é de pálida melodia
E nesse tom lúrido e de sensação fria
A inspiração pela solidão é embalada
No silêncio das ideias, cheio de nada
Onde cada verso, de agrura se vestia
Chora o verso, e o verso vai chorando
Sofrença palpitando, as quimeras indo
Da imaginação. A tortura no comando
Não rias da poesia, ó vil dita, convindo
Pois, o versejar vela a tristura rimando:
Com muitas lágrimas no papel caindo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04 de maio, 2023, 15’55” – Araguari, MG
TODA DOR DO SONETO
Toda dor do soneto, por mais que doa
Na própria ilusão encontra o refrigério
As lágrimas doídas de um despautério
Veda-as no desabafo duma poesia boa
O que conforta, a sensação que povoa
Que faz sonhar, um refundir, o critério
Que nos repara, nos valida, o cautério
Da gana n’alma. O amor tudo perdoa!
Quando a poesia compõe o outro lado
E, depois de descarregar a amargura
Do verso que sentiu... tudo é passado!
Noutra parte há de, acalanto, a ventura
Conjurando aquele instante apaixonado
E o poema segue num adeus à tristura!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 de maio, 2023, 12’59” – Araguari, MG
SONETO ENFERMO
Geme o soneto, enfermo, na tristura
Amargo, sofrente, no acaso padece
Trova assim dura, por que o merece
Ferindo a poética com tanta loucura?
Ó sensação peia, ó teia sem ternura
Se o versar ouvisse a súplice prece
Da emoção, e o leve rimar pudesse
O verso seria o que o alívio procura
Como chora a estrofe no desengano
Escorre pela mão somente o flagelo
Deixando o versejar maldoso, tirano
Sim, é a sorte, num ousado atropelo
E o emocional com sentimental plano
Pondo o cântico em vicioso pesadelo
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
20 maio de 2023, 16’06” – Araguari, MG
FANTASIA ...
Sempre achei que faria versos um dia
E quando, assim, então, me inspirava
Fingia que criava e vestia de fantasia
O motivo, mas, ainda nada inventava
E, notei que até numa lhana poesia
Da palavra o encaixe ali me faltava
Era desbordada, fria, sem a magia
Mesmo privado, insistia e sonhava
Tudo em vão, carente de comunhão
Dispersas as rimas, vazia a sensação
Pois, eu só tinha um mundo genuíno
E, pra se ter poeta tem de ter ilusão
Senão, nenhum verso traz emoção
E nenhum estro poético será hino...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/02/2021, 09’29” – Triângulo Mineiro
NÃO ERA AMOR...
Não era amor aquele amor da gente
Que me fazia achar que era profundo
E que causava sentimento diferente
Tal como se fosse o maior do mundo
Era, então, talvez, amor vagabundo
Breve, em que se sente indiferente
Ligeiro, daqueles de um só segundo
Surgido no olhar, assim, de repente
Creio, que calou no peito sem freio
E que de toda aquela paixão, veio
No anseio e se perdeu, e ali finda!
Ah! Loucura que o destino brota
Rescaldado o coração não esgota
Em palpitar que não amei ainda!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/02/2021, 10’49” – Triângulo Mineiro
paráfrase Paulo Fender
Aniversário
No dia do aniversário
Com o passar dos anos
Pensa-se estar solitário
Então, a vida, frusta seus planos
Com beijos, palavras em cortejos e abraços
Tirando este dia do cotidiano
Reatando o viço dos laços
Para nos fazer soberanos
Unindo a felicidade em pedaços
Num todo, nos fazendo vários
Numa corrente de amor e regaço
De lembranças e gestos solidários
Nesta mais uma comemoração
Da vida, de um novo itinerário
De afago e olhares do coração
Em coro desejando Feliz Aniversário!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Fevereiro, 27 – 2016 - Cerrado goiano
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