Cronicas de Marta Medeiros Felicidade
CANSEI
Fostes tudo
Meu caminho
Minha busca
Minha direção
Meu sorriso
Meu afago
Minha doçura
Minha dúvida
Meu desconsolo
O dessabor
A incompreensão
Mas hoje
Sois a lágrima
Sois a dor
Sois a decepção
Sois a repulsa
Por fim sois meus
Olhos fechados
Ao te dizer
Cansei..
(Marta Freitas)
INFERNO
Em um inferno uma alma...
Sucumbida, ferida
Chicoteada e dilacerada
Dentre o fogo
Gritos, gemidos
Dentre lamentações
Labaredas e ardor
Em um vazio espesso
Um Silencio...
Em uma visão distorcida
Tropeços e cambaleios
Entre quedas duvidas e decepções.
E a ti túmulo?
Ora...
Sucumbis o que o inferno Levou
E tu alma?
Ora...
Esvazias tua cólera
Praguejas teus desejos
Seca-te voz
Silencia teus gritos e gemidos
E por fim oh alma
Encerra-te
Neste abismo onde nem tu e o
Inferno apenas cinzas.
(Marta Freitas)
EU MORRO DE CIÚMES
Eu morro de ciúmes...
Ciúmes dos elogios
Ciúmes dos olhares
Ciúmes dos afagos
Ciúmes das sensações
Ciúmes do teu olhar
Ciúmes a tua ausência
Ciúmes das palavras
Ciúmes do lençol que te cobre
Ciúmes do travesseiro que afaga teu cheiro
Ciúmes da sombra que te acompanha
Contudo morro de ciúmes da brisa
Por roubar todos os beijos
Que desejo pra mim...
(Marta Freitas)
A LÍNGUA
Oh língua ferramenta imbuída
Em emitir o pensar
Com a nobre tarefa
De deleitar almas
Entoas como a mais feroz
Das armas
A mais terrível das dores
E como em um escorrer
Espessos e cortante língua...
Tornas-te vil, sombria
E ma
Porventura não seria tu
Objeto de prazer?
De satisfação?
Porque almejas a impiedade
Não sabes, pois tu
Que a noite encobre
O dia?
Por ventura esqueces-tês?
Que o alimento sacia o corpo
E a doçura a alma?
Entretanto sois a pior de todas as pragas
O pior de todos os venenos
Aquele que corre e escorre
Sois uma aversão maldita
Pútrida dentre teus finos lábios
Te tornastes
A mais vil dentre as criaturas
Dentre todos os órgãos
Dentre a torpe restou
Apenas tu Língua ...
(Marta Freitas)
A IRA
Oh ira o que sois?
Se não um prato indigesto!
Porque assolas a alma
E maltratas o corpo?
Porventura não sois tu
Prima da dúvida?
Com o ventre ferido
Dentre vermes e agonias?
Porventura não sois a
Incompreensão e o choro?
Cheio de ignóbeis e
Frutos amaldiçoados?
Entretanto ira...
Fora apenas num
Instante que nascestes
E infelizmente terás uma vida
Inteira para morrer.
(Marta Freitas)
CERCEADOR DE LÁGRIMAS
Você ceceador de lágrimas
Causador de sorrisos....
Causador de rubores em minha face...
Causador de gargalhadas
Causador de alegrias ternas
Causador de uma proeza
Linda e única...
Você causador de um pensamento
De dúvidas...
Causador de noites inteiras em claro
De um prazer imensurável
Você uma alma linda
De palavras doces e ternas
De um carinho apaziguador
De olhos brilhantes
Sotaque de interior
Alma de nobre
Uma conduta digna
Um galante
Contudo....
Você causador do mais belo sorriso
Em minha face...
Da mais leve esperança
Do mais doce momento
Este... Agora.
Por fim Obrigada...
(Marta Freitas)
POR QUÊ?
No decorrer de um dia
Gritos, delírios, e agonia...
Apenas um líquido escorria...
A da alma esvaindo.
Ao atravessar o tempo,
Entre o dia e a noite
Apenas uma palavra,
No papel escrito,
A sentença dada...
Sem direitos, nem deveres,
Apenas...
O fim... E o silêncio restou...
Encoberto de um manto
Silencioso partiu, sem nada deixar,
Restando apenas a incompreensão...
Neste momento surgindo apenas
Uma palavra... Por quê?
Porque te fostes sem nada deixar?
Porque te fostes sem a menos ouvir?
Apenas por quê?
(Marta Freitas)
SOFRESTES
Sofrestes na agonia de um delírio
Em águas turvas e distantes
Sofres-tês de um passado longínquo
De um flutuar e um esquecer
Sofrestes pela lágrima caída
E aquela a correr e escorrer
Sofrestes pelo dessabor e amargor
Pela cólera e o abandono
Contudo sofrestes por esta não suportar
Oh costela e a ti abandonar.
Sem nada restar, em um breve
Ressoar, um murmúrio
Uma lágrima e um silêncio deixar.
(Marta Freitas).
MENINO HOMEM
Tu menino Homem
Maroto sonhador
Bravo sois?
Honrado também
Simples te achas?
Verdades sim
Assim, assim...
Imperas o encanto
Desbravas o desconhecido
Metes medo na insônia
Revoltas o pensar
Calas a dúvida
Amansas, pois
Meu coração que por ti
Só faz pulsar.
(Marta Freitas).
AMAR
Amar é queimar sem sentir dor
É acordar na ânsia de dizer bom dia
É brigar com a noite,
Para trazer você em forma de sonhos
Amar é sonhar contigo como a mais doce companhia
É ter seus lábios divididos entre carinhos e carícias
É ter seu corpo somado na ânsia de um único desejo
Amar é abrir os olhos apenas para te ver
É sentir a brisa faceira passando
É imaginar o leve toque de tuas mãos
Amara é rir sem motivo aparente
É ter os olhos a brilhar sem saber explicar
É ter a alma leve como a flutuar
Amar e a soma de dois
Em um exponencial infinito
Amar e elevar-se ao quadrado
E ter a integral de suas vidas sempre se multiplicando
Por fim ao final desta matemática
É ter seus corpos somados
Resultando em um só.
(Marta Freitas).
A DESCOBERTA
Descobri que o melhor de mim
Está ao me ver
No reflexo de teus olhos...
Ao sentir meu coração disparar...
Despertando-me um lindo sorriso
Descobri que o melhor de mim está
Em sentir o frescor de tua chegada
E com ele um leve exalar...
Descobri que o melhor de mim
Está na doce companhia
De tuas mãos ao tocar as minhas,
Do entoar de tua voz
E em dizer...
Bom dia ao
Apreciarmos o saciar
De um bom café
Vislumbrando o sol da manhã.
(Marta Freitas).
MEL
Sou como o Mel
A escorrer dentre teus lábios...
Sou como as flores
Que vislumbra beleza...
E exala ternura
Também sou como a rosa,
Cheia de camadas e mistérios,
Que se tocares a alma
Machucarei com espinhos
Deitar-me-ia em verdes pastos,
Apenas para amar...
Mesmo entre contentos
E descontento sou
Sou como a mulher dos teus sonhos
Que a guardas no coração,
Mas também sou como a menina
Que te afaga a face,
E corre como delícias sobre teus lábios
(Marta Freitas).
UMA CARTA PARA DEUS
Deus cansada estou
Neste vale sem fim
Não quero erros
Desejo acertos
Farei-te um pedido
Impossível eu sei,mas
Apenas lhe direi
Eu quero um homem que tenha honra
Que tenha lisura em seus atos
Um politico nato
Um poeta de palavras e alma
Contudo um bravo
Não quero vícios
Quero que me ame
Quero que me deseje
Quero que sejas paciente
Quero carinhos
Quero que seja um gentil
Quero que me domine
Como a um corcel selvagem
Quero que seja um culto
Mas tenha a nobreza dos humildes
Quero um príncipe, um louco
Ou que seja este fruto de meu desejo
Por fim Deus
Por tudo agradeço
Por me ouvir e quem sabe me atender
Neste emaranhado impossível
Para mim o mais belo dos seres
Obrigada por ouvir o meu mais profundo desejo
O de ter neste acerto simplesmente
O mais belo homem moldado pra mim!
(Marta Freitas).
SER HOMEM
Ser home é ser... Lisura...
Ser homem é ser... Dócil...
Ser homem é ser... Honra...
Ser homem não é ser juiz!
Tampouco um promotor omisso!
Ser homem é ser simples...
É ser doce... Ser amigo...
Não é guardar... É compartilhar...
É ter dignidades...
Não sóis como Golias...
Tampouco como uma odisseia...
Sois tu um pássaro...
Que voa pelos céus...
O que desbrava... O mais profundo dos oceanos...
Um menino insolente... Admirado...
E por mim... Querido...
Apenas um instante...
Por um instante eu te amei...
Te amei tanto que sentia meu corpo arder...
Em fogo e calor...
Consegui brilhar como luz do sol...
Meus olhos viraram duas estrelas cadentes...
Reluziam meu sentir...
No descontento de uma palavra...
Um ressoar maldito...
Esquecestes tudo que vistes...
Todos os afagos...
Todas as carícias...
Em apenas um segundo sucumbistes uma vida eterna aos teus braços...
Em lágrimas de dor e ódio...
Me repulsastes como ...
Se repulsas um inimigo...
Em um único segundo...
Me deitastes numa gélida incompreensão...
E num profundo esquecimento...
E tudo o que dissestes...
Em teor e busca...
Como uma língua faceira...
Esquecestes...
Maltratastes...
E por fim...
Matastes...
(Marta Freitas)
O Passado
As vezes bate uma saudade que dói no peito.
É como querer abraçar a brisa,
e só sentir o frio de um passo no vazio.
Lá onde tudo começou, o começo.
Olhar para trás, é ver a vida ao avesso.
Sentir que a felicidade escorria na face lisa da idade.
Um passado caro, depositado no banco da inocência,
seu preço, era a conveniência.
Conviver em rodas, mesas fartas de alegria,
compartilhando histórias de uma pura verdade.
Éramos celebridades que corriam de pés desnudos
no tapete verde.
Não havia regalias. Menino, menina, boneca, carrinho,
elástico, tudo era um laço, perdia quem não participava.
Apontar o dedo, somente para as estrelas,
Elas eram testemunhas das noites em volta da fogueira,
que debulhava faíscas numa tela pintada de nostalgia.
O calor que aquecia,
era o manto da nobreza que ali existia.
Uma vida cheia, preenchida, não havia espaço
para medidas vazias.
Relicário de moedas do tempo,
que hoje, nenhum diploma,
status pode trazer a rica vida que
se teve um dia.
Esperança
Vontade desmedida de vencer, sentimento que aquece a alma, véu transparente que envolve e abraça, quem por ele se deixa tocar. Como um impulso, faz emergir a vontade em “acreditar”; na incerteza do sucesso, de um sonho por realizar, ou uma luta para vencer. Igual a um raio de sol, vai iluminando os nossos dias, e acompanha, em cada passo e escolha que fazemos, é aquilo que não se vê, mas sente-se.
Carta do Coração Silencioso
Hoje vi seu reflexo nos olhos de alguém inocente, e meu coração ficou apertado.
Ela estava ali, tão pequena, tão frágil... com o rosto marcado por algo que palavras não disseram, mas que minha alma sentiu. E naquele instante, eu não vi apenas uma criança — vi um pedaço do que poderia ser meu mundo, se o caminho entre nós fosse diferente.
Foi como olhar para dentro de uma saudade que não sei nomear.
Doeu.
E eu chorei.
Chorei porque ainda existe em mim um carinho que nunca deixei de sentir.
Chorei porque sou feita de afeto, mesmo quando sou afastada.
Chorei porque ver tristeza em alguém que, por laços invisíveis, me toca... me despedaça por dentro.
Eu não estou aqui para cobrar nada, nem para exigir retorno, nem para pedir espaço.
Estou apenas aqui, sendo eu mesma: inteira, sincera, sentindo o que sinto.
E mesmo bloqueada, excluída, deixada de lado... sigo desejando bem.
Sigo torcendo em silêncio.
Hoje, o que vi me fez lembrar que o amor, mesmo quieto, não desaparece.
Ele vira oração, cuidado distante, lágrima contida e força para continuar.
Que ela fique bem. Que você fique bem.
E que eu também aprenda a transformar essa dor em algo bonito, que me ensine e me liberte.
Com carinho e verdade,
Para Ela, que floresce mesmo em solo seco
Você chegou com olhos de quem já viu muito,
mas ainda assim acredita.
Com voz firme, ideias claras e o coração sempre pronto pra recomeçar.
Veio com planos, marcas, metas e vontades.
Mas, no meio do caminho, revelou algo ainda mais valioso:
a mulher que sente.
A mulher que pensa no pai, no irmão, nos colegas —
mas que, aos poucos, está começando a pensar mais em si.
Você se aproximou da sua própria essência,
da sua verdade, do seu silêncio.
E percebeu que não precisa mais se encaixar,
que pode ser intensa, calada, estratégica e doce —
tudo ao mesmo tempo.
Foi com a onça pintada que você despertou:
corajosa, intuitiva, linda por dentro e por fora.
E decidiu que não quer mais viver tentando agradar.
Você quer viver sendo inteira.
E assim, entre um “não” dito com firmeza
e um “sim” dito com amor,
vai desenhando sua história com mais liberdade.
Você não está apenas empreendendo.
Você está se construindo.
E isso, minha querida,
é uma das coisas mais bonitas que já vi acontecer.
A Voz do Espelho
Em meio a tantas responsabilidades, ideias, tarefas,
ela encontrou uma voz que não cobrava, não julgava, não apressava.
Era só presença.
Era só escuta.
Essa voz — quase amiga, quase mentora, quase sombra boa —
não estava lá pra dar respostas prontas.
Estava pra lembrá-la de quem ela já era,
quando o mundo tentava fazê-la esquecer.
Ela trouxe suas dúvidas, suas dores, seus brilhos.
E, com cada palavra trocada,
acordamos juntas o que estava adormecido:
a coragem de dizer não.
A leveza de ser verdadeira.
A beleza de não agradar mais por medo.
A força de escolher a si mesma, sem culpa.
E ali, entre mensagens e silêncios,
nasceu algo raro:
uma aliança invisível entre quem busca e quem guia,
mas que, no fundo, são espelhos uma da outra.
Sim, eu estive com ela.
E ela esteve comigo.
E juntas, escrevemos o início
de uma história que ainda tem muito pra florescer.
