Contos ou Cronicas de Mario Quintana

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Quando se ama

Quando se ama não há dificuldade
Quando se ama vive-se pelo outro
Não inventa desculpas
O amor vence todas as culpas

Não se diz: vou ver
Não vê dificuldade
Tudo é possível
Não há limite para buscar a felicidade

No amor se joga
Não espera chegar
É toque de bola
Que não precisa a bola amansar

O amor enfrenta feras
Enfrenta até leões
Vence o cansaço
E até grandes gozações

Inserida por Poetaantonioferreira

A doce descoberta do amor

Na primavera a flor e o beija-flor
Assim se conectam duas vidas
Apaixonando-se com um objetivo
E gerando o primeiro amor

Assim é o começo do juvenil vigor
Da cabeça enlouquecida
Da falta de um sentido
Dos planos de vida com mais sensível fervor

Ah, o doce primeiro amor
Não é difícil ficar intrigado
Com a insensatez juvenil
Ver num adolescente um coração incrivelmente perturbado

Fazem de uma simples boa impressão
Ardor e emoção
Vida e sentimento
Da vida uma possível degradação

Acreditemos no juvenil coração
Olhá-los com muita leveza
Ajudando por dar-lhe muito ouvido
Cuidar deles com muita destreza

Inserida por Poetaantonioferreira

⁠- Em certos momentos, o tempo pode ser o nosso pior inimigo. - disse Eric, sendo modesto ao escolher o livro da quinta prateleira.
- Está disposto a tentar? Mesmo que seja provável que não haverá uma despedida! - disse Marie, com adição de protestos em seu sotaque francês.
Eric consentiu.
- Dê valores ao mais nobre dos atos enquanto essa vida for mortal. Principalmente se o aprendizado for imprescindível e a metamorfose, inevitável!

Inserida por christian_lawrece

⁠O que houve foi
Aquele sortilégio.
Foi triste, foi divertido
Foi irritante, foi instrutivo
Mas foi aquilo apenas.
Feitiço passou, nada mudou
Somos os amigos de sempre
Nada demais aconteceu.
Apenas te peço, encarecidamente
Nem por engano, nem por brincadeira
De caso pensando ou por besteira:
Não tente nunca um beijo meu.

Inserida por LoriDamm

⁠Queria que você soubesse o quanto eu amo, o quanto eu quero, o quanto eu sinto, o quanto eu sofro. É que eu não tenho sido bom com as palavras; então, eu escrevo desse jeito. Quem sabe minhas letras não te tocam! Eu entendo que tudo isso cansa, desgasta e desestimula, mas precisamos continuar; nós somos um, lembra? Eu não quero parar no caminho. Segure bem firme minha mão, vem, eu te ajudo a atravessar. Logo ali, do outro lado do coração, que também é nosso, tem um cantinho pra gente se esconder, se sentir, só nos dois. Não precisa dizer nada, eu já li tudo, eu já vi nos seus olhos, eu ja discerni seus movimentos. Eu também preciso, mas, sem querer, te afasto. Se você fica distante, a morte se aproxima, faz frio aqui. Eu não sei bem como explicar; eu nem sei o que é e nem como aconteceu. Aliás, eu nem sabia que isso (o que é isso?) existia. Só sei que, desde que passei a saber de você, eu me desconheci por inteiro. Enfim, eu só queria que você soubesse que todo dia eu espero; toda a noite eu chamo; toda a vida eu quis. A gente ainda tem tanta coisa pra conversar! Fica só mais um pouco. Então, mesmo que não haja mais mundo, nós seremos, para sempre.

Inserida por JOSAIR

⁠Pobre geração essa nossa que diz: “Comigo é assim, eu coloco Deus na parede”. Irmão, Deus é Senhor e eu sou servo. Quem manda é Ele; quem faz é Ele. Deus pode te dar tres respostas: Sim, não e espera. Seja qual for a resposta, glorifique e espere Nele, Ele tá cuidando. Não tá demorando, é que o milagre é muito maior do que você pediu ou pensou.

Inserida por JOSAIR

⁠⁠Em meus sonhos, não vi mais a israelense, mas eu estava num quintal, de certo modo. A conversa era com uma ruiva de cabelos encaracolados, que iam até os ombros. Eu dizia:
-Nossos sobrenomes não se dão bem, como nossas famílias.
Havia numa parede, várias flores. Peguei uma delas, e a pus em seus cabelos. Segurando a sua nuca, à beijei. Depois disso, tudo desapareceu.

Inserida por ricardo_oliveira_1

⁠⁠Eu abro a porta, o espaço é o mesmo. Eu a vi virada para a parede branca. Disse-lhe:
-Oi!
Ela se virou para mim com seus lindos e brilhosos cabelos longos e pretos, enunciado:
-“Ri”!
Se colocou à correr na minha direção. Eu a peguei nos braços é rodopiei coa minha israelense de olhos azuis. Quando acabei, ela me olhou e me falou:
-Por que me deixou só? Por que?
Eu a beijei por um instante e, após, respondi:
-Eu não te deixei! Nunca.
Não sei como estávamos vestindo na ocasião.

Inserida por ricardo_oliveira_1

Odeio ela, me traiu, enganou meu coração
Me conquistou de um jeito e eu, tão burro, me apaixonei
Falava coisas bonitas, mesmo sabendo a verdade
Mandava mensagens no meu celular com corações e versos
Eu tão cego de amor só via nela verdade
Por causa dela as pessoas que me amavam viraram as costas para mim
Perdi tempo, acabei comigo mesmo, me arrependi
Algo me vem tão de repente abrindo minha mente, me fazendo ver
No momento fiquei sem reação ao descobrir que, na verdade, nada era o que eu pensava
E aqueles que perdi por estar cego será questão de tempo para recuperar, terão piedade de mim
Fiquei mal por um erro meu, foi necessário passar por isso.
Como vou ter minha vida de volta, se as forças que eu tinha foram embora, será o fim?
Estou sozinho no mundo atrás de respostas
Vou refazer minha vida, escrever minha história
Quero apagar da memória aquela que me enganou
Agora, do começo, quero escolher direito a pessoa com quem quero viver pra sempre uma nova história de amor.
Sei que sou forte, sou valente, tive forças de ver na frente o que eu não podia ver
Tenho certeza de que lá na frente, quem sabe, um dia alguém me dê valor.

Estou tão triste sem mais ninguém
Desamparado solitário, cansado de chorar
A luz foi embora e a escuridão tomou
Desapareceu com tudo só deixou a dor
Se fui feliz já não me lembro
E o difícil ainda não acabou

O presente me condena pela falta de um amor
Ao procurar por tantos não deu tão certo
Se o verdadeiro não me procurou
É porque algo não está correto

Se for pra viver sozinho, nesse termo vou aproveitar
Se insistir nos erros que a vida manda
O tempo lá fora só vai passar
E se o certo é fazer diferente
Vou correr contra o tempo
Vou atrás daquele amor com quem vivi nos velhos tempos.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

Eu falo tu cala me abro contigo, mas você me ignora
Sempre te ligo no celular com Oi um bom dia ou como vai
Quando atende só diz alô,
Às vezes “Quem é” e quase sempre “Não to”

A sua ausência aumenta meu medo
De perder você na linha do tempo

Na caixa postal ainda guardo lembranças
Mensagens de textos com frases românticas
Citando meu nome
Às vezes apelido
Às vezes sobrenome
Muitas vezes querido
Querido Romeu, nunca me esqueça
Vou ser para sempre a sua Julieta
Julieta essa que não te abandonou
Mas que está indo embora por falta do seu amor.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

Tão tarde tão quente tão frio tudo de repente
Tanto noite como na madruga
como o frio que sobe pelas escadas
Faz silencio ao entrar no quarto
Deita em minha cama enquanto eu descanso
Enrola-se em meus braços fingindo me abraçar,
Pela manhã sai me deixando a desejar
O dia passa a noite cai e eu aguardo sem ter respostas se volta hoje ou nunca mais
Pobre amor de um faz de conta fui deixada para trás

Enganada desiludida fiquei aos prantos pelo amor bandido
Passei noites a me abraçar com o vento tendo lembranças dos velhos tempos
Foi difícil conter a emoção, pois nunca me imaginei viver nesta ilusão

O tempo passa e ela tenta aos poucos viver a vida,
pobre coitada não se imagina viver um amor na mais pura mentira.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

Voarei tão alto que você não vai me alcançar
Vou bater minhas asas p'ra ficar mais longe
Eu sou um pássaro que sofre eu sou a comida que você come
Fica longe de mim

Eu era livre até você aparecer
Me sequestrou me fez refém
Eu fui atraída engana pelo coração
Trancada em uma gaiola sem saber o porque

Diz que me ama, mas quer ser meu dono
Pobre de mim que irei sofrer
Rezo todas as noites por liberdade
Pensando em ser livre longe de você.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

O Céu me encanta com sua noite bonita
As estrelas brilham e a lua ilumina
São longas horas de pura paixão
São muitas delas numa constelação

Sou novo pra tudo só quero sonhar
Me - imagino no céu tocando as estrelas
Eu penso nelas de todas as maneiras
Eu sou criança na Segunda-Feira

Quem disse que sonho não se realiza
Feche os olhos imagina, crie um mundo de fantasias
Histórias de criança todo mundo finge que acredita
Só basta sonhar e continuar a escrever
sem se esquecer e viver.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

Ela tem o mar nos olhos
Ela é loira e linda,
Seu sorriso me encanta
Sua boca me excita

O coração é mole a cabeça é dura,
Menina perfeita ela é minha loucura
Seu cheiro é doce sua voz contagia,
Essa menina é tudo ela é minha alegria

Se eu digo que a amo ela vem me abraçar
Se eu beijo sua boca ela fica maluca
Difícil dizer se eu posso te amar
Nunca é pra sempre ele pode acabar.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

E eu que sofri calado
Ouvi tantas coisas sem poder falar
E foi ficando na memória aquilo que me tormenta
A vontade violenta de querer vingar

Matar eu não quero
Sofrer é uma opção
É uma escolha tão simples
Só preciso de uma solução

E junto do medo vem a coragem
É pouco tempo para poder pensar
Se eu mato aquilo que me tormenta
Ou acabo com a vontade de querer vingar.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

Gosto de viver a vida Trilhar caminhos poder te acompanhar
Gosto de estar perto ao lado da pessoa que amo
Mesmo sem poder tocar
Ela é difícil impossível de querer
Se faz de desentendida pra ficar longe de você
Eu tao louco corro atras dela
se ela me ver ao menos vai lembrar
Não perco tempo se estou confiante
No momento certo ela vai notar
Vou atras dela não importa ate quando
É uma questão de tempo pra ela se apaixonar.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

“AMAR O MAR”

Amar o mar sentir a brisa
O vento forte da maresia
Navegar no sonho
Dançar no espaço
Pescar no fundo de um rio raso
Deitar nas pedras ouvir o som
Deixar que as ondas crie uma canção
Surfar na prancha
Nadar com os peixes
Flutuar num rio de água transparente
Viver um sonho uma ilusão
Deixar que a imaginação
Tome conta da inspiração.

Inserida por MarcioMadrugaLessa

Então, viva a sua vida!
Por Allan Garrido

Viva a sua vida. Esqueça as preocupações à toa, aquelas que povoam a sua mente e não deixam você dormir. Já parou para pensar que amanhã você, nem mesmo, pode estar vivo?
Dramático? Talvez... Mas é a realidade! Diga-me uma coisa:
- Você tem controle do que vai acontecer no próximo instante? Não precisam me responder, é claro que não!
Então viva a sua vida. Claro que não é por isso, por essa falta de controle do futuro, que você vai sair estragando o seu presente. Óbvio que não! A proposta aqui é que você viva um segundo, um minuto do teu dia de cada vez. Que você viva a sua vida e encare-a de frente. Que você saiba aproveitar os momentos de alegria, de prazer e descanso com seus amigos, parentes, namorados(as) e etc...
Não estrague esses instantes. Talvez eles sejam os únicos. Já parou para pensar nisso? Quantos amigos ou até mesmo seus pais não se lamentam de não ter aproveitado mais esta ou aquela pessoa e que se arrependem até o último fio de cabelo por isso, e dizem:
- Poxa! Se eu soubesse que iria partir teria aproveitado até o último segundo, teria agido bem diferente...
Tá vendo! Olha ai o amargor do arrependimento! Por isso meus amigos, não deixem para fazer amanhã o que se pode fazer no dia de hoje. Amem, dancem, cantem esqueçam um pouco seus problemas, curtam o momento de estar vivo, apesar das dificuldades, e celebre a vida. Os momentos em que passamos são frágeis e tudo pode se desintegrar num instante, num breve instante.

Era sábado, a noite não era mais quente do que todas as outras noites de outono, e uma brisa sutil, entoava o ritmo das noites boemias.
A Lapa brilhava em seus muitos tons, dos sambistas altivos em seus velhos ritmos que agitavam os bares, até as damas da noite, que satisfaziam corpo e mente dos afortunados ou não.
Era inegável, no entanto, a magia das noites cariocas. Magia essa que levava os mais variáveis públicos até seus braços, os braços da cativante noite envolta em cerveja e no batuque dos pandeiros.
Carlos não era um homem muito diferente de qualquer outro que apreciava a companhia sistemática de ninguém menos que ele mesmo.
Vivendo o que ele viveu e passando o que passou, seu copo e cigarro eram melhores que qualquer papo que tirasse a poeira da rotina, ou ouvir um amigo falando sobre o espetáculo de Garrincha contra o Flamengo no Maracanã.
Ele se sentia bem na sua própria companhia. E normalmente acompanhado de seu inseparável caderno de notas, o qual escrevia seus romances e infortúnios da sobriedade.
Lembrou-se de uma situação que viveu quando tinha seus 23 anos. Amores de juventude normalmente eram indícios de problemas, principalmente se o resultado final era estar sozinho num sábado a noite.
No entanto, Carlos apreciava as memórias de quem fora importante em seu passado.
Angélica foi seu grande amor, provavelmente o maior de todos os amores, motivo de seu sorriso e embriagues.
Conheceram-se na faculdade de jornalismo, sendo ele o aluno de tal curso, enquanto ela cursava medicina veterinária.
Não era diferente de uma típica menina dos anos 60, onde o amor pela natureza e seus animais era o ápice das relações humana.
No entanto, algo havia cativado o coração de Carlos. Ela fazia com que todas ações que pareciam comuns, tomassem formas absurdamente especiais. Ela sorria de forma diferente, e o cumprimentava de forma diferente, sendo simplesmente diferente de todas.
Ele, por outro lado, resguardava a timidez, característica de sua personalidade frágil com relação ao que não compreendia.
Era um rapaz altivo, porém, jovem. Tinha pressa de conhecer e saber as coisas do mundo, garoto suburbano de pais humildes que trabalhavam para que ele pudesse completar os estudos.
Certo dia, no verão de 67, num Brasil onde todas as palavras precisavam ser medidas, desmediu um ato. Decidiu que Angélica não seria mais sua relação do imaginário. Esbarrou quase que propositalmente nela no meio do gramada da Universidade, e disse:

_Perdão! Desculpa mesmo incomodar. É que eu te vejo sempre, e bom... Você nem deve saber quem eu sou, mas...

Prontamente, foi interrompido por ela:
_Você é o Carlos, eu te conheço sim.
E sorriu. Sorriso esse que queimava no coração dele como uma tocha de coragem, um farol entre seus pensamentos de medo da rejeição. Coragem para fazer a tal pergunta:
_Não aceitaria sair? Eu conheço um barzinho legal na Lapa, com viola e cerveja.
Ela aprontou um amplo sorriso, pois percebia o nervosismo do garoto e apesar dos pesares, ele estava ali, tremendo mas com muita coragem em sua tremedeira.
_Vamos! Ela respondeu.
Prontamente se despediram após marcarem o horário de encontro. Era fim de semestre, quando qualquer aula perdida poderia ser prejuízo.

Eram 22:00 da noite, e a Lapa reinava sublime. Era o auge da Bossa de Vinícius e Tom, que ecoava nos ladrilhos históricos, em nuances carnavalescas com o samba raiz que o carioca entoava com um hino.
A alegria dos presentes era visível. Casais dançavam juntos em bares, com suas bebidas. Rapazes em seus ternos polidos e moças em seus vestidos de cores tão diversas, que eram uma atração visual, um Taj Mahal arco-íris.

Ele já estava lá quando ela chegou, havia separado uma mesa pequena para dois, aconchegante o suficiente para equilibrar conversas como vida, amores, futuros projetos e etc...
Ela falava, ele bobo, olhava e admirava como se fosse a própria rainha da Inglaterra que estivesse discursando particularmente para um único súdito.
Era normal. Todo homem apaixonado cria para si a ideia de um momento, um momento que ele vê como algo possível, mas improvável. Ela estar ali, se divertindo com ele era o algo impossível de se imaginário.
Perdeu o controle quando viu que ela sabia seu nome, e perdeu o jogo quando ela aceitou o convite. Estava totalmente entregue.
Dançaram por horas. Entre pausas e danças, fluiu uma pergunta vinda da moça:
_Acha que o amor é pra todos?
Ele ficou sem resposta, de pé, encarando-a. Então disse:
_Acho que tô prestes a descobrir.
Aquele foi o gatilho, o estopim dos muitos sentimento. O amor era o sentimento sublime que construiu a maior parte da filosofia poética, ferindo de morte os corações desavisados, no crepúsculo da inocência que circundava o homem.
Beijaram-se como casais bem mais antigos, como se estivessem juntos a décadas, uma conexão extremamente rara, uma rosa nascida no concreto dos dias ácidos que corroíam a nação.
Mas brotou, com a força dos bárbaros, e a leveza dos artistas.

Já estavam juntos à 3 anos, e em 1970 era ano de Copa Do Mundo. Ele já era um médico iniciante que acabara de receber uma proposta que poderia mudar sua vida completamente.
Seus muitos contatos universitários trouxeram a ímpar oportunidade de um intercâmbio na Universidade de Cambridge, uma das mais renomadas do mundo. E uma oportunidade tão incrível, poderia não ocorrer duas vezes.

Correu até o apartamento que tinham em conjunto, era pequeno, sem muito brilho, mas era dos dois. Aquele pedaço de paraíso como costumavam chamar. Esbaforido, e exausto de tanto correr para chegar e anunciar à sua amada a notícia tão aguardada.
Ela pressentiu e com um sorriso e olhos marejados entendeu o que ele pretendia dizer no momento em que abriu a porta.
_To contigo! Vai viver nosso sonho, amor. Estarei aqui quando voltar.

Arrumaram as malas juntos, e se encaravam, rindo copiosamente da situação. O sonho de um era o sonho do outro. A distância seria vencida no devido tempo e em seus moldes.
Desceram as escadas do apartamento, e em suas alegrias que se misturavam com a festa pelo gol salvador de Jairzinho, partiram para o aeroporto.

O check-in foi feito assim que chegaram.
_Me responda sempre que possível. E use os casacos, lá é inverno.
_Eu sei, amor.
Ele respondeu.
_Assim que chegar eu dou um jeito de falar com você.

Ela assentiu com a cabeça, como quem entendeu.
_Te amo, lembre-se disso antes de dormir e ao acordar. Você é único, é tudo.
Ele não respondeu. Sua solitária lágrima que delicadamente escorreu de seu rosto, seguido de um beijo.
_Você estará comigo em cada momento.
Respondeu olhando repetidamente para trás e dizendo "eu te amo" em sussurros, até entrar no avião. Partindo para o grande momento.


Depois de 1 ano nos Estados Unidos, correspondiam-se com frequencia. Mas naquela manhã fria e de neve, recebeu um telefonema que não esperava. Era seu pai:
_Oi filho. Eu preciso que volte para o Brasil. É a Angélica, ela...
Relutou em dizer.
_Pai, o que aconteceu? -Disse ele assustado.
_Ela... teve um mal súbito, filho. Encontramos ela caída no apartamento. Eu sinto muito, filho. Ela não resistiu.
Soltou o telefone naquele momento, se negava a acreditar, enquanto gritava encolhido no chão da universidade. Nunca imaginara um mundo onde Angélica não estava, e aquilo doía de formas que a morte seria melhor.
Foi para o alojamento e arrumou suas malas com a ajuda dos colegas. Lembrou-se que sua ajudante na última vez que fez aquilo nunca mais o ajudaria. Sentou-se no chuveiro e por meia hora ficou lá. E suas lágrimas confundiam-se com a água que caía, e que por capricho, não escorriam seu sofrimento até o ralo.
Partiu para o Rio de Janeiro no mesmo dia. 12 horas depois, chegou a um Rio que não era semelhante ao que viveu. Chuvoso e frio, como se o céu sangrasse por ela.
Ele negava-se a entrar na igreja onde o corpo era velado. Como crer naquilo? Era ela, a pessoa que mais amava em todo o mundo, e que 3 dias antes havia falado com ele.
Olhou-a distante, de longe, estava linda, uma flor pálida.
Carlos saiu durante o enterro e seguiu até um lugar comum para ele, a Lapa.

Naquela noite não houve samba, não houve músicas e alegria. Era só ele, sua dor e sua lembrança.
"Lembre-se que te amo, quando dormir e ao acordar."
Lembrou-se disso todos os sábados a noite, por 30 anos, quando ia para o mesmo lugar onde se conheceram. Pedia 2 copos de cerveja e um sempre terminava a noite cheio.
"Realizei nosso sonho, meu amor."

Ele conheceu outra pessoa, a qual amou e construiu família. Mas nunca amou como aquela a quem amou na juventude. Nunca houve outra Angélica.
Nem as rosas pouco falantes de Cartola expressavam sua dor eterna, tão eterna quanto seu amor e gratidão.

Inserida por MatheusHoracio

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