Conceição Evaristo

Cerca de 31 frases e pensamentos: Conceição Evaristo
Maria da Conceição Evaristo de Brito (29 de novembro de 1946) é uma escritora brasileira, autora de poemas, contos e romances. Militante e ativista do movimento negro, a sua obra reflete sobre o panorama social, sobretudo as discriminações raciais, de classe e de gênero. Algumas de suas obras de maior destaque são "Ponciá Vicêncio" (2003), "Becos da memória" (2006) e "Olhos d'água" (2014).

⁠Pela nossa longa experiência, a democracia racial no Brasil é um mito. Os negros sabem muito bem o cotidiano da falácia desse discurso.

Conceição Evaristo
Conceição Evaristo: “Cada vez mais o racismo no Brasil sai do armário”. CartaCapital, 23 mar. 2019.
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⁠Tem ações que o sujeito branco pode fazer no cotidiano para mexer na estrutura. A questão do negro não é para o negro resolver, é para a nação brasileira.

Conceição Evaristo
França, Pedro Henrique. Conceição Evaristo: "A questão do negro não é para nós resolvermos, é para a nação". Marie Claire, 20 nov. 2019.
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⁠Quando eu morder a palavra, por favor, não me apressem, quero mascar, rasgar entre os dentes, a pele, os ossos, o tutano do verbo, para assim versejar o âmago das coisas.

Conceição Evaristo
Poemas da recordação e outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.

Nota: Trecho do poema Da calma e do silêncio.

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Inserida por lubaffa

A vida era um tempo misturado do antes-agora-depois-e-do-depois-ainda. A vida era a mistura de todos e de tudo. Dos que foram, dos que estavam sendo e dos que viriam a ser.

Conceição Evaristo
Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.
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Enquanto o sofrimento estivesse vivo na memória de todos, quem sabe não procurariam, nem que fosse pela força do desejo, a criação de um novo destino.

Conceição Evaristo
Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.
Inserida por pensador

Relembrava a vida passada, pensava no presente, mas não sonhava e nem inventava nada para o futuro.

Conceição Evaristo
Ponciá Vicêncio. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.
Inserida por pensador

O amor pedia o direito de amar, somente.

Conceição Evaristo
Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.
Inserida por pensador

Às vezes a morte é leve como a poeira. E a vida se confunde com um pó branco qualquer. Às vezes é uma fumaça adocicada enchendo o pulmão da gente.

Conceição Evaristo
Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.
Inserida por pensador

As palavras, às vezes, feriam segredos e escorregavam pela ladeira abaixo parando lá na delegacia.

Conceição Evaristo
Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.
Inserida por pensador

Escrever funciona para mim como uma febre incontrolável, que arde, arde, arde…

Conceição Evaristo
Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.
Inserida por pensador

⁠Fêmea – fênix

Navego-me eu–mulher e não temo,
sei da falsa maciez das águas
e quando o receio
me busca, não temo o medo,
sei que posso me deslizar
nas pedras e me sair ilesa,
com o corpo marcado pelo olor
da lama.

Abraso-me eu-mulher e não temo,
sei do inebriante calor da queima
e, quando o temor
me visita, não temo o receio,
sei que posso me lançar ao fogo
e da fogueira me sair inunda,
com o corpo ameigado pelo odor
da chama.

Deserto-me eu-mulher e não temo,
sei do cativante vazio da miragem,
e quando o pavor
em mim aloja, não temo o medo,
sei que posso me fundir ao só,
e em solo ressurgir inteira
com o corpo banhado pelo suor
da faina.

Vivifico-me eu-mulher e teimo,
na vital carícia de meu cio,
na cálida coragem de meu corpo,
no infindo laço da vida,
que jaz em mim
e renasce flor fecunda.
Vivifico-me eu-mulher.
Fêmea. Fênix. Eu fecundo.

Conceição Evaristo
Poemas da recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017.
Inserida por pensador