Como a Vida Imita o Xadrez de Gary Kasparov

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O luxo, como o fogo, devora tudo e perece de faminto.

As obras de caridade que se praticam com tibieza e como que a medo, nenhum mérito, nem valor têm.

Parece, na verdade, que nós nos servimos das nossas orações como de um jargão e como aqueles que empregam as palavras santas e divinas em feitiçarias e em efeitos de magia.

Os moços de juízo honram-se em parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar como moços.

Podemos estrangular os clamores, mas como vingarmo-nos do silêncio?.

Ninguém se conhece tão bem como aquele que mais desconfia de si próprio.

O luxo, assim como o fogo, tanto brilha quanto consome.

As ideias novas são para muita gente como as frutas verdes que travam na boca.

Para os homens, ter um guia é tão fundamental como comer, beber e dormir.

Os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores.

Somos tão responsáveis por amar sempre como o somos por nunca amar.

O silêncio é o melhor salvo-conduto da mais crassa ignorância como da sabedoria mais profunda.

Uns homens sobem por leves como os vapores e gases, outros como os projécteis pela força do engenho e dos talentos.

A longo prazo uma profissão é como o matrimônio; apenas se sentem os inconvenientes.

O governo é como toda as coisas deste mundo: para o conservarmos temos de o amar.

Ninguém é tão prudente em despender o seu dinheiro, como aquele que melhor conhece as dificuldades de o ganhar honradamente.

A Máquina do Mundo

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas.

(Trecho de A Máquina do Mundo).

Os vícios, como os cancros, têm a qualidade de corrosivos.

A democracia é como a tesoura do jardineiro, que decota para igualar; a mediocridade é o seu elemento.

Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhores imaginados que conseguidos.