Com o Tempo eu Vou te Amando
Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo e eu mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e… quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.
‘Eu amo você’, sussurrei.
(...) Embora esperasse ouvir as mesmas palavras de Savannah, o que mais importava era saber que o amor era meu para dar, sem condições ou expectativas.
Ei, você. É, você mesmo.
Eu sei que você ama alguém. Sei que você pensa muito nessa pessoa, e tudo te faz lembrar dela. Sei que quando você olha para o nada, é ela que lhe vem à cabeça. É olhar para nada e pensar em tudo. Sei que você já prometeu a si mesmo que não iria derrubar mais uma gota de lágrima se quer por ela, mas acabou não cumprindo. Eu sei que a voz dessa pessoa te conforta, e o abraço dela é o melhor do mundo. Sei que você ama o cheiro dela, e poderia acordar todos os dias com esse cheiro ao seu lado, te abraçando, com um sorriso sonolento dizendo “bom dia”. Sei que muitas músicas poderia ser a trilha sonora de vocês dois. Desde começo, meio, fim e recomeço - que você quer que aconteça. Eu sei que você pede conselhos aos seus amigos, mas acaba não seguindo nenhum, porque de algum jeito a pessoa volta, e traz o sentimento todo junto com ela. E você não liga, porque quer viver tudo de novo. Eu sei que toda noite você se despede dessa pessoa em seus pensamentos, já na vontade de dizer “não esquece de aparecer nos meus sonhos!”, e aparece, porque é o que você quer. Sei que essa pessoa é idiota, insensível, complexa, complicada, mas você não se importa, porque é exatamente isso que te faz gostar mais e mais dela. Eu sei que em cada tópico desse texto, você estava com a mesma pessoa na cabeça. E por isso é tão difícil esquecer.
Hoje eu quero ser feliz, quero ignorar quem não deixa eu me demonstrar, cansei de maquiagem, fachada não é comigo.
Quer saber? Hoje eu quero dançar, pular, sem coreografia, quero cantar sem melodia. Hoje eu quero deixar de lado quem me questiona, e falar com meus inimigos, observar o lado criativo deles, suas qualidades e não mais seus defeitos. Quer saber mesmo? Hoje quero ser eu mesma, não quero mais disfarçar a minha pureza, é, sou pura, cresci, mas continuo inocente, inocente de perigos, e ciente de consequências. Hoje vou me importar menos com o que vão falar, vou me arrumar diferente, vou experimentar novos estilos, novas tendencias. Hoje eu quero ser feliz, hoje eu quero minha independência, hoje quero mudar.
Bem hoje que eu resolvi sumir, você apareceu. Eu me rendi à minha personalidade mais real e você gostou.
Não adianta ficar tentando trazer o passado de volta. Já era. Já foi. Eu sei, não é fácil. As memórias ficam dançando na nossa mente. Tão boas. Tão confortadoras. Tão perfeitas. Tão... Passadas. Mas é só isso que restou, memórias. E por mais que sejam as melhores, devemos aprender a deixá-las ir. Supera. Você consegue.
Sofri, sofri mesmo. Sofri porque eu acreditei no que eu queria ver. Eu vi um rio, onde só existia uma gota.
Central do Brasil
Que estranho grupo,
matinal,
eu vejo todos os dias
na central.
Velhos mendigos, bêbados inocentes,
reticentes:
débeis mentais maltrapilhos,
prostitutas insones,
no roldão do povo
de rostos sem nome,
derramado.
O homem a bater
com a tábua
nas árvores incrédulas.
O pastor que prega,
em péssimo português,
ao povo que passa,
com pressa,
já sem convicção,
nem religião.
De quando em vez,
um ladrão!
A professora-criança
de livros e sacolas,
em demanda da escola.
Amostragem de um povo
brasileiro,
na luta sem tréguas,
do dia-a-dia.
Na busca do pão nosso
de cada dia,
em várias formas,
nos diversos caminhos,
das ilusões,
de tantos corações
que formam o grande vazio
sem esperança.
Povo-formiga, rude, grosseiro,
sujo, suado,
que não olha para trás,
mal humorado,
que cospe no chão
do vagão,
que viaja nas portas
do trem,
pingentes da morte,
no vai-e-vem
da sorte.
Povo-Brasil
amalgamado
no afã da sobrevivência.
Gado-humano a desembocar
no matadouro.
Quem crê em ti fantasma?
EU!
Algumas pessoas chamam de péssimo gosto para homens, eu chamo de enxergar o interior e não o exterior.
Verdadeiro eu chamo àquele que entra nos desertos vazios de deuses... Nas areias amarelas, queimadas de sol, sedento, ele vê as ilhas cheias de fontes, onde as coisas vivas descansam debaixo das árvores. Não obstante, a sua sede não o convence a tornar-se como um destes, habitantes do conforto; pois onde há oásis aí também se encontram os ídolos
Eu erro muito. Quase todo dia, para ser mais específica. Mas durmo com a consciência tranquila, com a alma serena. Não faço mal para ninguém, ninguém mesmo. Talvez eu magoe algumas pessoas sem querer. Talvez, não, com certeza. Ninguém é como a gente espera. E eu já entendi que inevitavelmente a gente magoa e é magoado.
“Eu sou mais forte do que eu” (assim como escreveu Clarice Lispector) e apesar do meu corpo fraquejar, minha alma não desiste da esperança, porque ela sabe que a felicidade não é algo que se busca, mas que está presente nas pequenas coisas do nosso dia-a-dia. E por isto mesmo eu sigo sorrindo, mesmo que às vezes eu chore. E eu choro. Mas estou sorrindo agora.
Sim, eu sou estranha, mas querem saber? Eu gosto muito de mim!
Eu pensei que já havia explicado isso claramente antes. Eu não posso existir num mundo onde você não exista.
Minha prioridade agora é uma só: eu. Podem me chamar de egoísta, eu aceito. Mas chega. Uma hora na vida que a gente tem que parar de ser boa com os outros e ser boa - primeiramente - com a gente. Fiquei amarga? Não mesmo. Agora eu sou prática. Vacilou? A porta está aberta, meu bem. Sem dó nem piedade.
