Coleção pessoal de Zeta
Título: Um carro na minha lua.
Ouvi o som das rodas a cantar,
Olhei a rua… nada por lá.
Um novo barulho no céu a soar,
E me pergunto: como pode falar?
Observo de novo, um riso a pairar,
Percebo que estou louco… e nada há
Por cá…
Título: Única Rede.
Quero me conectar com almas.
Não celulares com internet,
Quero beijos, boca a boca,
O velho toque, tête-à-tête.
Aqueles amores de época,
Onde não havia telefone,
Onde não havia rede,
Pois a única era da varanda.
Quero amores de verdade,
Onde não havia grande vaidade,
Onde não precisava fotografar,
Para enfim na alma guardar.
Hoje tudo é tão ligeiro,
um amor que nasce e some,
sentimentos descartáveis,
feito stories, sem importância,
sem lembrança, sem nome.
Desliza a tela... some.
Título: Quebre o Bule
Chá e café, no amargo e no mel,
um gole na xícara, um passo pro céu.
Surto que vem, devaneio que vai,
ciclo que gira, mas nunca se esvai.
Quem lê, sente.
Quem vê, entende.
Quem não entende… que siga em frente.
Cuspo loucura, engulo fissura,
bebo a incerteza, mastigo a secura.
O chá se derrama, se espalha, persiste,
o bule trincado resiste, resiste…
Quebre o bule, deixe cair,
deixe o destino ferver e sumir.
Loucura servida, sem cor, sem medida,
fundo da xícara, fim da partida.
Prazer!
Olá, muito prazer,
Sou o'que seus olhos…
não podem ver
mas pode sentir
sem me ter
e pode me ouvir
sem me querer
mal interpretar
pode até ser
mas difícil…
me esquecer!
Título: Solidão.
A solidão é o tempo do agora,
o momento sem plateia,
o abraço do poeta,
onde ninguém se interessa.
O mão a mão sem gente extra,
apenas você e sua alma na peça,
um instante sem tensão,
vivendo sem explicação.
A solidão é o eco
dos que não ouviram,
a fala dos que não falaram,
a decepção dos que não tentaram,
a família que abandonaram,
os amigos decepcionados,
ou amores terminados.
A solidão é tudo,
quando não sobra nada,
mas deixa tudo,
quando falta nada.
XXII - O Sussurro e o Estrondo
Se atenção estiver prestando,
o sussurrar das mais silenciosas almas ouvirá;
mas, se não atenção prestar,
nem o estrondar dos demônios será capaz de captar.
Então, no silêncio busque ficar,
para que, assim, possa enfim compreender
o que parece vazio tem a oferecer.
