Coleção pessoal de wanderley_donaire_maganha

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Nunca fui muito bom para falar o que sinto ou penso. Mas quando eu escrevo eu literalmente sou todo emoção. Meu coração se esvai em palavras escritas.....

Vivemos num mundo onde aquilo que choca, que excita, vale mais do que aquilo que faz pensar, que faz sentir as coisas do coração e da alma. Vivemos num vazio existencial..... E muitas vezes não somos capazes de perceber isso.

Quando eu me desnudo é assim, por completo, torno visível meu eu.
Digo e faço o que o coração manda e deixo a timidez de lado.
Faço e desfaço...
Mas não me aparto desse nosso desembaraço.
Torno público meu Eu! Pois assim não me afasto dos sentimentos meus...

Já fui boêmio, já fui beato
Já fui trevas, já fui luz
Já fui choro, já fui riso
Já fui e deixei de ser tantas coisas, tantas vezes, que as vezes me perco em palavras e pensamentos.
Mas fica sempre uma dúvida cruel,
e agora o que sou?

Como pode o homem olhar para o céu num por do sol, ou no nascer do sol dizer que não existe um Deus?

Se algum dia me perguntarem o que eu gostaria de ser, eu gostaria de ser uma música. Pois a música é capaz de tocar inúmeros corações e almas simultaneamente....

Seu tempo é limitado, Então não fique vivendo a vida dos outros.

As dores da alma e do coração nem as lágrimas podem medir....

O gramado do vizinho pode até ser mais verde, mas eu não o trocaria pelas flores do meu quintal.

E para disfarçar as cicatrizes da alma e do coração, eu visto meu melhor sorriso e me protejo com meus melhores pensamentos e bom humor.
Mas ai daquele que contemplar meus olhos a fundo, dará de cara com minhas angústias e escuridão.

Tem dias que eu abraço a solidão...
Tem dias que a solidão me abraça.

São Paulo Esperança

Centro de São Paulo, onze horas da noite, quando muitos pensam que a cidade está dormindo ou morta eis que surge movimento e vida por todos os lados. Familias inteiras revirando e separando o lixo e dele fazendo seu ganha pão. Lixo pra uns, luxo pra outros; Há vida por todos os lados, dezenas de olhos pequenos de seres peludos que se escondem durante o dia e reaparecem a noite para reclamar seu território. De repente ouço vozes numa lingua estranha e vejo jovens de nacionalidade e cultura diferentes interagindo em brincadeiras infantis e sorrindo em cumplicidade. Olho para outro lado e me deparo com uma menina de uns seis ou sete anos puxando um carrinho de ferro extremamente grande para seu tamanho, e em seu semblante onde eu esperava ver a tristeza fui surpreendido com a felicidade estampada em seu rosto de criança; a alegria e o orgulho em estar ajudando seu pai.
A tristeza existe apenas naquelas pessoas que já desistiram da vida e dormem no chão no meio dos ratos, nas demais pessoas que continuam trabalhando e lutando por uma vida melhor eu vejo o brilho em seus olhos, não o brilho de lagrimas mas o da esperança e da cumplicidade nos sonhos de um futuro melhor.
Morta? Não, a cidade está mais viva do que nunca.

À bunda

Olha, desta vez você passou das medidas. Só não boto você para fora, agora, porque é a sua cara dar escândalo.

Estou cheia de você atrás de mim o tempo todo. Fica se fazendo de fofa, enquanto, pelas minhas costas, chama a atenção de todo mundo para meus defeitos.
Você está redondamente enganada se pensa que eu vou me rebaixar ao seu nível – o que vem de baixo não me atinge. Mas faço questão de desancar essa sua pose empinada.
Por que nunca encara as coisas de frente?
Fica parecendo que tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber?

Você é, e sempre foi, um peso na minha existência – cada papel que me fez passar... Diz-se sensível e profunda, mas está sempre voltada para aquilo que já aconteceu. Tenho vergonha de apresentar você às pessoas, sabia?
Por que você nunca encara as coisas de frente, bunda? Fica parecendo que, no fundo, tem algo a esconder. Por acaso, faz alguma coisa que ninguém pode saber? O que há por trás de todo esse silêncio?
Você diz que está dividida e que eu preciso ver os dois lados da questão. Ora, seja mais firme, deixe de balançar nas suas posições.
Longe de mim querer me meter na sua vida privada, mas a impressão que dá é que você não se enxerga. Porque está longe de ter nascido virada para a lua e costuma se comportar como se fosse o centro das atenções.
Bunda, você mora de fundos, num lugar abafado. Nunca sai para dar uma volta, nunca toma um sol, nunca respira um ar puro. Vive enfurnada, sem o mínimo contato com a natureza. O máximo que se permite é aparecer numa praia de vez em quando, toda branquela.
Não é de admirar que esteja sempre por baixo. Tentei levar você para fazer ginástica, querendo deixar você mais para cima, mas fingiu que não escutou.
Saiba que você não é mais aquela, diria até que anda meio caída. E vai ter que rebolar para mexer comigo, de novo, da maneira que mexia.
Lembro do tempo em que eu, desbundada, sonhava em ter um pouquinho mais de você. Agora, acho que o que temos já está de bom tamanho. E, pensando bem, é melhor pararmos por aqui antes que uma de nós acabe machucada.
Sei que qualquer coisinha deixa você balançada, então não vou expor suas duas faces em público. Mas fique sabendo que, se você aparecer, constrangendo-me diante de outras pessoas, levarei seu caso ao doutor Albuquerque.
Lamento, isso dói mais em mim do que em você, mas você merece o chute que estou lhe dando. Duplamente decepcionada,