Coleção pessoal de WalyssonLima

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Imundo coração ⁠

Veja, claro imundo coração,
Das coisas que passarão em vão.
Lembres de demorar partir,
Tantas não estão por vir.

Veja a clareza do mar,
Veja como não é amar.
Sinta a emoção se repetir,
De tanto se repelir.

Quantos “nãos” hei de dizer,
Até quando foi aparecer?
Quantas noites passou,
Escrevendo bobeiras de amor?

Nossas vidas unidas,
De ódio, amor e dor.
Coisas difíceis de lidar,
Que nem o amor explicou.

Mas, tão lindo quanto, ó menina,
Vejas a noite cristalina,
E notas quanto, em nossas vidas,
O tempo sonha e desfila.

Sem

Pois vi o que aconteceu
Parei de ver o céu
Não vi você

Amor, por que esqueces-me tanto?
Só para ti que canto, encantas, amor
Gosto tanto de ti, não sei partir
Pra outro mundo
Vejo em seus olhos desejo

Não tenho brinquedos pra não amar
Tenho você comigo
Eu canto, ensino
Te mostro o mar

Vamos nos abrigar na praia
Se amar, abraçadas de tanto falar
Beija minha nuca e fala
O quanto que me vala
De tanto pensar

Digas à esperança corrida
Que nada, amiga, não hei de parar
Lembra dos dias partidos
Dos amores varridos de tanto esperar

Nota a decadência do amor
Que se fez em flor, só pra petalar
Não esqueça de mim
Quando minha vez for passar⁠

⁠Hoje


Hoje, a fé que me guiava
Está contra mim,
E tudo ao meu lado me convence que sim:
Tudo acabou.

Vejo a solidão estropiar a mente,
Vejo mentiras mais certas que a gente
Faça mudar.

Quase... As quatro paredes vão escutar,
E as palavras me fazem andar.
E, de tanto ver essas pessoas...
Que coisa feia: todos lutam contra si.
O mundo não pode acabar assim.
Mude mais, desta vez.

Veja o céu escuro se clarear,
Vejo grandes prédios guerrear,
Vejo mutirões atentar a si mesmos.

Irmão contra irmão... e nada mais.
Nada mais pode entregar a paz.
Alguém sentado, assistindo...
Outra vez.

⁠Você


Você, que dita o caminho
Do seu grande destino.
Você roda, roda, perdido, igual a um moinho.
Você fala, fala como se fosse mais um amigo,
Mas, no fundo, você só quer
Mais um abrigo qualquer.

Todos temos nossos demônios,
E, com isso, não temos nada a fazer.
Temos, sim — mas não sei...
Quando o dia nascer, cor ancestral,
Você vai ver que nada é real.

Essa semana não posso andar demais,
Não posso amar, porque sempre ando.
Sempre que puder, vou tentar escrever
Algo assim, só pra você ter.

Somos todos irmãos, não importa a religião,
Mas há algumas que não têm respeito:
Quase sempre buscam defeito onde não há,
Vivem achando que estão sãs.

Mas é noite, e Deus ama a todos.
Está a assistir seu episódio novo,
Assinando sua vida
Em seu sofá,
Nada para falar,
Com sua pipoca ao lado,
Talvez já estamos condenados.

⁠Mesmice

Eles trabalham, trabalham,
Na esperança de que o amanhã
Seja livre.
Mas, no fim,
Realizam a mesmice.

⁠Soneto da Carta não entregue



Está tão cedo... Vieste desesperada,
e ainda é madrugada em meu perdido coração.
E vistes: erra até sua pulsação
quando você chega, sem avisar — calada.

És pura como lã recém-nascida, como avelã doce.
Não tornes vilã de um sonho só meu,
mas sê a mesma — mesma onda que nasceu
de um mar inteiro, em alma sentimentalista.

E vide, lenta, como fiz ao ver tua presença.
Sê atenta, com canções turvas de saliento,
e reina em meu nome... se for pra mudar, que mude.

E se esqueças, que seja de forma miúda,
das canções de época — que nem o tempo amiúde,
mas nunca do amor, que em nós ainda se iluda.

⁠Soneto da Escuridão

Talvez eu deva sumir para estrelas,
De tanto mal consentimento, não hei
De amargurar. Talvez, por centelhas,
A solidão seja dádiva — e sei.

Talvez eu nunca deva, em outro mundo,
Existir. De tão único, falhei.
Por isso, não chores — afundo,
Não sei o que houve, nem o que serei.

Possa estar viva, mas eu traga.
Possa estar morta — neu adega.
Possa existir vestígios da escuridão.

Intensa, à noite ou no pleno dia.
O sol é o exemplo mais claro, então,
Da mais pura e fiel melancolia.

⁠Soneto da Alma Serena


E então o amor se fez real, como nunca,
Que sem seu manual, me abre, me manca.
E se vem, é bruma, cada vez que sua tranca
Se tem e se traça, com suas vertes brancas.
Ela se separa e se ajunta, de tanto amar a mim com boa ventura.

Quase o céu lembra sua figura, de tanto pensar em beleza.
Quase em mim o véu forma a solidez
De que a sutileza se fez azul — natureza,
E com grande certeza, minha riqueza.
Como uma ditadura em meu peito, a incerteza.
Hei de sempre lembrar a ti: o quanto a pintura é mistura
De amor, arte e conjuntura.

E quando te deparei nua, quis ir de encontro à lua,
Buscando ali a cura, para a doçura
Que nunca vi a sentir: ternura.
E de tantos poemas impressos, somente este hei de escrever sem mudar nada.
Que de tanto que estou de encontro à m'alma,
Escrevi somente uma vez, pra minha serena.
E juro, que em plena luz do dia,
Não há nada além de tudo, me adorna
Que me faça sempre amar-te mais, como única.

E de tanto sofrer, o amor ali termina,
Que parece que a qualquer dia,
A flor à luz de velas se queima, contagia,
Se torna florida a nobreza de uma delicadeza suave — cordura.
E de tanto ler poema, há de descobrir eternamente o que é o amor, presuma.

Soneto da solidão extrema

⁠Quando penso em pensar em desistir de você
Me comove o peito, e me faz perceber
Que o pervertido coração indígena
Basta um pouco mais de amor
Pra notar o tanto quanto te amo

Eu adoro seu olhar, o seu caminhar
Quero que olhe a mim, e ande
Que com ou sem virtude
Quando cruzarmos os olhares
Somente sua mente venha a mim

E de tanto amar, quero explodir
E de repente desfrutar desse amor
Que se pode somente achar
E hei de ver o tanto de explosão
Que o peito pode causar

E assim, morrerei junto a ti
Velados em emoção pura
E sentimentos que não existem ainda
Sentirei a sua perda como um filho
Como uma folha única de uma árvore
Como perder a alma, como perder a prole

E de tanto amar, ficarei louco
Gritarei tanto, e ficarei rouco
Sairei pelas ruas como cão
Resmungando seu nome ao nada
E explicarei detalhadamente o meu pesar

Miúda é o sentimento que tu sente
Sentirei a vontade de morrer de amor
Por falta de afeto, não verei o colorido do mundo
Por falta de segurança, não sentirei felicidade
Talvez um pouco mais de simplicidade
Pra ter a noção de que entrarei em pesar de amor
Por alguém, por ninguém, que ainda não conheci...

A culpa é sua
(versão lírica de O gato)

A culpa é da lua
por eu te encontrar.
A culpa é sua —
que sabe o que é amar.

Mas não entende,
vem se preocupar...
Nem sei o que é isso:
beijar no meio do mar.

A culpa foi minha
quando te olhei.
Mas não existe culpa
só porque chorei.

Ninguém tem culpa
por querer amar —
às vezes, só vem
num simples olhar.

Quando tento parar
de me culpar por você,
lágrimas descem,
e eu sem saber por quê.

E me fazem notar,
sem mesmo querer —
que quanto mais o tempo passa,
mais amo você.

⁠Rebeldes de Nascença

Por favor, pare de reclamar,
quando você for amar
não será acariciado —
será morto, descalço.

É que quando o amor
descer como uma flor,
será medíocre... que isso?
Não veem eles sofrer.
E eu? Não sou Lúcifer.

Nós somos adolescentes,
rebeldes de nascença.
Não fomos crianças,
não tivemos infância.
Nós — adolescentes,
rebeldes de nascença.

É isso que o mundo
sempre sonhou?
É isso que tudo
sempre acabou?

Vem que acaba, vem que apaga:
a paz se foi.
Uni-vos ao capitalismo moderno.

Aquelas velhas mastigadas,
sempre comprando passados,
presentes — passadas,
com as caras lavadas.

E os idosos, movidos à ambição
de nada ter — são insetos.
Medíocre e só querem viver.

Todos os humanos são heróis,
vilões de si próprios.
Todo herói já se viu vilão na noite em que atendeu a Deus

Aos novos, dizem:
“Sejam cidadãos.
Sigam as normas,
ou serão presos.”
Quem fez isso? Foi Deus?
Quem foi isso? Fui eu?

Que paz há no exterior?
Não somos quem for.
Não se muda nem uma folha —
quem dirá, um país
retirar a dor?

Nós somos adolescentes,
rebeldes de nascença.
Não fomos crianças,
não tivemos infância.
Nós — adolescentes,
rebeldes de nascença.

⁠⁠Volto pra casa dos meus pais
Sem dor e nada mais
Mas volto sem ninguém
Meus filhos, não ligam pra mim

O mundo é só vícios
Porcarias e banais
Não tem nada, nada de mais
Viver pra tirar a própria paz

Tanto tempo, vou morar?
Moro com meus avós
Moro com meus tios e tias
Moro na rua escura

Eu só quero morar na lua
Ou na casa sua
Sua mãe me aceita?
Ou tenho que melhorar

Meus olhos estão secos
De tanto de olhar
Minha língua adormecida
De tanto te chamar

Para amar as pessoas
Tem que lembrar quem é
Para amar, é sonhar
Quando lembrar que está afim
Peço desculpas, claro que sim
Não mudei nada
Que mude em mim
Não quero morrer sozinho

⁠Sem o Reflexo do Sol



Esperei, aguardando noites,
Esperando você... pra me dizer nada.
Por que não me responde mais?
Me ver só te traz paz?

Quero ficar sozinho, com medo.
Não sou um homem de abraços,
De beijos e agarros —
Sou um homem de amar profundamente, amor.

As flores que entreguei, não fui eu.
Nem foram mandadas por mim.
Foram tuas…
Mas quais as propostas
Que o tempo ainda tem pra gente?

Quanto mais o tempo passa,
Mais percebo que te amo.
Uma linda garota, eu não vi…
Floreci meus sentimentos
Em minutos desperdiçados.

Com qual lógica? Não me ama mais?
Se me amou, fale a verdade.
A lua sempre apaga
Sem o reflexo do sol…
E assim, vale a lealdade.

⁠Composição

Não importa a dor,
Quando passa,
Não sentimos mais nada,
A não ser tudo.

Quando olhamos para trás,
Vivemos há anos atrás.
Não somos os mesmos.

Não chores mais, irmão,
Que a solidão deixou passar.
Agora, não sigas a estrada.

Veja o clarão no céu azul,
Veja o sorriso de uma criança,
E veja o anoitecer na terra
Que eu mesmo criei.
E veja o anoitecer na terra
Que eu mesmo criei.

Meu Mundo⁠

Se meu mundo fosse você
Talvez minha solidão aumentaria,
Talvez não.

Se meu mundo fosse você,
Eu dormiria tarde,
Talvez não.

Se meu mundo fosse você,
Eu ficaria triste,
Talvez não.

Se só você fosse meu mundo,
Eu ficaria imundo,
Ou talvez não.

Se você fosse meu mundo,
Eu esqueceria quem sou
Só pra adivinhar quem és,
Só pra ter o mínimo de noção.
Pra te amar, mesmo na solidão,
Deixaria minha identidade
E viveria com felicidade,
Tendo você como meu mundo.

⁠Senhor do Astro


Sempre que o sol
Vier tentar apagar
As minhas lembranças
Da noite

Quando eu esquecer,
Peço que me faça recordar
Das coisas boas e amargas
Que desconheço

Realize de uma vez
Aquilo que idealizei
E torne-me menos dor
Mas sonhe, sonhe por mim

Quando notar, tenha apenas a mim
Quando a luz sumir, escape do laço
Vier iluminar, e me perder de novo
Na flor da pele, senhor do astro

Mina da praia

⁠Mina da praia, mina de amor
Vais chorar por mim?
Mina que conheci ali,
Já sente o que senti?

Tão claro quanto preto e branco,
O nosso amor se encontrou,
Entre linhas, entre artes,
Nossas emoções se formam,
Meta ventus, lista e mar...
Meu amor, vou sempre te amar.

Mina que conheci na praia,
Copacabana, Santos, bar,
Mina que nunca mais vi,
Espero que esse amor
Não venha a se acabar.

E ao escurecer do dia,
Estrelinhas vão me dizer
Que entre mar e almirante estarão
Somente por você...

⁠Volta



Volta de novo, meu amor,
Quero, de novo, te convencer
E te chamar pra dançar
Num bar, e, de novo, te conhecer.

Olha no fundo dos meus olhos
E vê a tristeza que eu sinto.
Olha... não digo, eu não minto:
Eu sei que só amo você.

Mas, quando eu penso em te perder,
Meus olhos se enchem de lágrimas,
E quase não durmo
De tanto pensar em você.

Veja o céu azul,
Demonstre o amor por mim.
Veja a luz branca do mar,
Sonhe — e demonstre o amor.
E sonhe com uma flor
Que um dia entregaste a mim.

Maléfico


⁠Ah, maléfico coração,
Que sente amor onde não tem...
Que passa a emoção,
Sem vaivém.



Ah, estratégia do amar...
Gostaste, talvez, do mar,
E estranhaste o teu olhar?



Flor de um jardim só meu,
O que foi que eu te fiz,
Pra não me amar?
Covardia é me querer
Só como um simples amigo...



Mas não vou encarnar,
Encarar ou cantar —
Pra dizer o que sinto,
Eu escrevo...
E quando morro,
Ressuscito.

Marabá



⁠Veja o amanhecer do sol,
Eu sigo assim, tão só,
Sem estar com você.

Sinto a incerteza acostumada a avisos concretos,
Que fala a verdade e gagueja, já que é gaga.
Quando o vento passa, o vento leva.
Leva tudo, todo o meu amor,
Leva, simples, uma flor.

Uma vila que encontraste,
Uma cidade pequena que amaste,
Um Pará — açaí, praças...
Quase passei de tanto ir,
E não te vi.

Marabá, encontraste minha vida?
Encontraste tua filha?
Marabá, encontraste meu amor?
Porque saiba: existe em ti
O que falta em mim.