Coleção pessoal de vrb

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Quem necessita de admiradores, não tem suficiente admiração por si mesmo.

É perigoso alguém tornar-se um mito, pois perderá o direito de errar.

Não se compartilha a solidão. A solidão é indivisível.

Toda a propaganda em prol da verdade jamais a tornou apetecível, a não ser convencionalmente. A mentira, embora publicamente combatida, continua sempre forte, vivendo na sua clandestinidade social.

São as mentiras convencionais que sustentam a vida social. E, para nossa tranqüilidade, acreditamos nelas, porque precisamos estar convictos de que são verdadeiras.

A vaidade é sempre sincera. A modéstia, nem sempre.
Ninguém se finge de vaidoso. E há os que se envaidecem de sua própria vaidade.

A humildade é também uma forma sutil de poder. Uma pessoa externamente humilde e famosa por sua humildade se transforma, aos olhos dos outros, em um ser superior.

O amor é uma dádiva sem retorno.

Onde houver ignorantes, milagres existirão.

Quando alguém diz que viu Deus, falou com Ele, é o Seu enviado, por certo, alucinou ou está enganando as pessoas crédulas, que constituem a grande maioria da humanidade.

Somente um Deus antropomórfico e cruel se rejubilaria com o aviltamento e sofrimento voluntários das pessoas que pensam, com isso, glorificá-lo. Eis uma divina relação sadomasoquista entre um Deus vaidoso e essas criaturas ingênuas.

O maior castigo que Deus infligiria aos demônios seria obrigá-los a fazer eternamente o bem. É lamentável que os teólogos não tenham pensado nisso.

Matar ou morrer em nome de Deus é a mais perigosa de todas as psicoses coletivas da humanidade.

As religiões são oficinas da loucura quando produzem mártires, suicidas e assassinos.

As religiões são as maiores fontes de mistérios. E subsistem por causa deles.

As religiões transformam o ser humano em pecador, imperfeito e perdido, necessitado, portanto, de salvação. Quem nisso acredita, precisa de salvação.

A sabedoria é um patrimônio sem herdeiros.

O sábio, quanto mais sabe, mais se isola. A sua convivência com as outras pessoas é sempre superficial. Porém isso não o torna um misantropo. Pelo contrário: ele é afável com as pessoas, mas só se relaciona com elas em assuntos triviais. Embora acostumado às profundezas, ele sabe, nos momentos necessários, subir à superfície e até mesmo divertir-se com as pessoas comuns.

Quem anseia pelo aplauso do povo, mesmo que seja um erudito, não é um sábio. O sábio não busca a aprovação popular.

O povo não entende o sábio. O sábio será sempre uma gota de óleo, boiando na superfície da água plebéia.