Coleção pessoal de VicenteJrPOETA

Encontrados 8 pensamentos na coleção de VicenteJrPOETA

Na Grécia antiga a Ética era a toga de um homem. Sem ela ele se sentia nu. Hoje, no ritmo da moda, a Ética é um adereço, uma tiara ou mesmo uma fivela de cabelo. Tem gente que usa, tem gente que não usa. E se usar, usa do jeito que quiser.

Do Livro das grandes alegrias



Para Phyllipe Victor



As pessoas sempre tentam
Deixar no mundo alguma coisa
Um poema – uma árvore...

Tem gente que deixa livro
Tem gente que deixa palavras
Tem gente que deixa gente
Tem gente que não deixa nada

Por isso remendo versos
De nem sempre tu puro amor
Por isso conserto epígrafes
Sem deixar nada aos vermes
Desmontando os epitáfios:

Tive um filho - sim
E deixarei para ele
A minha imortalidade
E um terço das minhas palavras

Pois quando desacredito
de mim e de todo o mundo
Olho para ele e vejo
Na sua mão, a minha mão
No seu sorriso, a minha boca
Em seu tropeço, a minha intenção de caminhar...

E nos basta andar na praia
Para sabermos
que uma sombra é maior que a outra
Mas que é tudo a mesma pessoa

Filho! Filho!
Já pensei por várias vezes
Se sou eu que o tenho a ele
Ou se é ele quem me tem a mim
E me cuida e me brinca
No cantinho de mel dos seus olhos...

Do Livro dos epitáfios


Quando eu morrer ( se morrer )
Saltem então das rochas (com doshas)
Corram em direção à praia
Digam ao cuco que não saia
É feriado, acendam tochas

No meu enterro (um erro)
Nada de choro (um bolo)
Um festim neoliberal
Todos de porre
E o corpo? Que tal?
Vai de ônibus
Um estouro!

Meu pai
Tem um violino
Bonito
Lustroso
E
Negro


Mas de que lhe vale
O instrumento
Se não reproduz uma nota?

E de que me vale
Um pai
Que tem violino
E não toca?

Para Rachel de Queiroz, dito no ouvido dela.

Sou como o Vento
Passo.
Mas não sem balançar as folhas.

Do livro da noite anunciada


a tardinha
sem ver pra quê
recolhe os raios
de ouro
do sol
do dia todo

e depois...
Ah!
e depois

devolve pra gente
lá na chegada da noite...
em forma
de estrelas bem brilhantes...

Do Livro da poesia



poesia calma
feito água da fonte
toca a me banhar.
versejar constante
beijo de amante
pode incendiar.
poesia breve
perpassar de vento
posso te escutar.
poesia vinho
branco – doce – tinto
vem me embriagar.

Eu vi a vida passar sob os meus olhos
Eu vi o tempo escorrer pelos meus dedos
Eu vi a areia entupir os meus ouvidos
Vi tua boca sussurrando os meus segredos.

Eu fiz poemas ao vento sem motivo
Eu fiz cantigas e coisas sem pensar.
Eu fiz do sonho mar calmo sem perigo
Fiz do teu colo um lugar para deitar.

Eu quis a brisa da noite no meu rosto
Eu quis dormir para nunca me acordar
Eu quis tua mão para nunca mais fugir
Quis me prender para nunca me soltar.