Coleção pessoal de VeronicaMiyake

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Espero acordar sempre com um canto
Diferente do canto d’outro dia...
Talvez, ouvir a mesma melodia,
Que não nova, me traga novo encanto.

Toda a dor cabe dentro de um abraço...

Ninguém escapa ao pó, à despedida
Mas deram-nos, um dia, a decisão...
Já me tiraram tudo nesta vida,
Mas não o que guardei no coração!

Não quero ser igual a toda a gente
Eu gosto de andar na contramão
Me diz mais um silêncio eloquente
Do que as vozes de toda a multidão.

Saudade é quando a ausência
Se faz mais presente na vida
Do que toda e qualquer presença
No nosso próprio presente…

Saudade é um passado inquieto que insiste que seu lugar não é lá...

Quão sábio como Deus não há jamais
Mais sábia é a Sua antiga Lei
Do que o novo dos dias atuais.

E foi no meu silêncio que encontrei
A dúvida, só ela, nada mais,
Pois hoje ao saber tanto, nada sei…

Ah, modernidade…
Engoliste cartas,
Fizeste lagartas
Que sem qualidade
E sem humildade
Se julgam normais
(por serem iguais)
Vivendo de abraços,
Sorrisos e laços
Que são virtuais…

É materialista a era,
Este tempo que é moderno,
Onde muito se venera
O que pinta bem o inferno...
E onde Deus é só quimera.

Poetando meu alento,
Retrato meu coração!

Se o dia for cinza,
Será só um véu:
Acima das nuvens
Há muito mais céu!

O breu deste mundo
É tão limitado…
No máximo a luz
Está d’outro lado!

Por dentro, somos ondas num vaivém
Em um mar, no infinito a se estender…

Assim, somos espaço, mar, além…
Às vezes, eu sou tantas num só ser
E por vezes, um corpo sem ninguém…

AZAR


Ainda que ter saúde me conforte,
Pouca coisa eu teria como azar.
Não me seria azar estar com a morte,
Pois muita dor poderia amenizar...

Mas muito considero como sorte,
Como ter boa educação, um lar,
Estrutura, dignidade e suporte...
Qualquer muro onde eu possa escalar.

Pois se fala em lutar pela vida,
Mas isso é a mentira mais vil:
Com que arma o pobre enfrenta a lida?

Esta pátria não é assim tão gentil
Para quem já tem a luta perdida:
Azar é nascer pobre - e no Brasil!

Longa noite, quantas horas nos furta...

Muito pesar p'ra uma vida curta!

SONETO DE UM AMOR PROIBIDO


Eis que não posso estar longe de ti
Tu que tocaste tão fundo minh’alma
Quando te vi tanta dor pressenti...
Fui qual cigana lendo minha palma.

Eis que todos os erros repeti
E nas noites já não encontro a calma
Pois teu toque (proibido) consenti
E só ele, agora, é que me acalma

Oh, meu doce amor, como me invades
Só teu é agora o meu pensamento
E só por ti choro todas as tardes

Pararia o mundo por um momento
Mas basta, amor, apenas que me guardes
E serei eu (prometo) o teu alento.

Que me importa as coisas já perdidas?
Eu tenho todo um mundo à frente,
Eu tenho marcas, e tantas feridas,
Que para mim, me são o suficiente.

Solidão não é a falta de alguém, mas um sofrimento que da tristeza vai além... É ter um buraco sem fundo no coração, é estar em um deserto no meio da multidão.

Sombras projetadas ao fim do dia
(Pelo sol que novamente se vai)
Devoram as luzes com covardia,
Aos poucos, e enquanto a noite cai.

No fim não há sombra... Ou tudo é sombra.