Coleção pessoal de VandalismoPoetico

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Poesia feita de pó de histeria,
com pitadas de revolta e anarquia,
duas colheres de insatisfação coletiva,
untada com distorções e microfonia
dissolvidos em um megafone que berra
contra o inerte e apático padrão de vida pseudo estético
e esta pronta a receita de um Vandalismo Poético...

Nem mesmo milhões de margens gráficas
comportariam minhas imagens pornográficas...

como para Drummond,
há uma pedra em meu caminho,
e uma quadrilha na qual
sempre acabo sozinho.
quero ir embora como Bandeira,
para uma terra na qual sou amigo do rei,
onde por poetas e filósofos é guardada a entrada,
e o amor das mais belas prostitutas provarei..

Politicamente incorreto,
Adormece minha alma,
Ditosa lira,
Desperta na madrugada,
Ressaqueada,
Do pudor que a poluíra.

Felizes de nós, esquecidos,
Pois sabemos tirar proveito
De nossos equívocos,
E nos alegremos por sabermos
Que a culpa e a moral
É o que temos de menos natural.

Para viver é preciso esquecer
E somente assim
O novo sempre poderá vir a ser.

O Galo

As sirenes gritam entre vielas e becos
Enlouquecidamente.
Já eu carrego sentimentos
Separados em gavetas.
Minhas lembranças pueris rimam com a poeira nos móveis.
Neste final de tarde
A velocidade da cidade
Não me faz vítima.
De longe ouve-se
O desespero de uma gata no cio.
De cá nenhuma resposta.
Sei que as seis acordarei
Com o galo da vizinha me lembrando
Que habito uma metrópole provinciana.

Ele, um jogador
Que apostou tudo no amor,
Acabou em um sallon
Ao som de John Coltrane.
Ela, cartomante,
Com pinta de farsante,
Pede outra dose
E brinda a má sorte.

Enquanto ele embaralha
As cartas no balcão,
Ela faz leituras
De mãos no saguão.
Os dois nem imaginam
O que o futuro lhes reserva:

O mago, o enforcado, a morte e o ermitão.

As mães só são felizes,
Quando de tudo não tem informação,
Os pais felizes só são,
Enquanto fingem não prestarem atenção.

O que ludibria nossos olhos
E cega o coração
Estrela em comerciais
E em frases de caminhão.
Em cigarros importados
Perfumes falsificados
Na falta de um senso critico
Se torna nosso vicio...

Deus está morto
nas pequenas igrejas, grandes negócios)

A igreja é
O ópio do povo
Com drogas diferentes,
Mas somos todos iguais afinal.

Pagar pra ter cultura, saúde e proteção,
Lutar para sobreviver cada dia é um dragão,
Da labuta a penúria a árdua vida da nação,
Tirar da mesa e por na igreja
Esperando salvação.

O choro preso na garganta que inflama,
O grito mudo trancafiado no pulmão,
Colhendo frutos que alimentam a esperança
Como alimentos garimpados no lixão...

Aprendi a lutar
Quando vi que não era de vidro,
Fui alem dos sentidos,
Mas do que o permitido
Enfrentando o acaso
Me deparei com o destino,
Na luz do refletor...

O cidadão transformado em súdito
Vivendo em uma fazenda de formigas,
Quando não acaba em um caixão de veludo
É obrigado a amargar as feridas,
Constituindo uma constituição,
Incondicional, inconstitucional...

A fé contempla o que a razão não alcança
Ser brasileiro é morrer de esperança...

Quero romper tua membrana,
Quero adentrar e me alojar entre seus rins.
Em seu útero eu quero estar,
Para nos unirmos pelo cordão umbilical.
Como uma mãe,
Como uma filha,
Como uma cria,
Como um embrião.

Vou começar com uma prece
Àqueles que ainda se vestem
De sonhos que não envelhecem,
Aos que morrerão velhos
Com alma de jovens,
Sabem que um ideal se sonha acordado,
E que a revolução não é problema
Para a sociedade
É a sociedade que é problema
Para o revolucionário.

Um novo anjo torto se afoga em distúrbio
Enquanto autoridades estão em cima do muro,
Lugares confortáveis
São revisitados,
Luzes da cidade iluminam os desajustados.

Os anos passaram rápido demais
E agora os dias são todos iguais,
Como roupas velhas
Numa gaveta empoeirada,
Preservo a inocência
Intestinada na minha alma.

Não consigo não pensar
Enquanto todos dormem ao meu redor
Travestindo rebeldias sem causa
Esperando mudanças por si só...