Coleção pessoal de valquirialemos

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O ESTRANHO INVERNO DE CLOTILDE

Desde menina,
Clotilde temia temperaturas baixas.

Ao pisar no chão gelado,
Sua boca estranhamente
Era tomada por um gosto de limão.

Anos e anos Clotilde guardava esse segredo,
Entrava primavera e saía primavera
Sem sentir a delicadeza do chão.

Dia desses fiquei sabendo
Que diante de um frio 4° graus,
Clotilde tirou os sapatos, as meias
Desafiou a temperatura do solo,
Esquentou o coração.

- sentiu um leve gosto de limonada nos lábios -

Com um largo sorriso nos pés, saiu descalça
Passeando pela cidade,
Irradiando euforia e paixão.

A última gota de luz

Está acabando como sempre acontece
nas melhores familias, nos melhores países.
Não se tem quase nada,
vive-se de ilusão.
Amassam a roupa,
sentem o drama.
É na rua é na cidade.
Na casa de pobre e
de rico, rico de nada.
Falta quem sinta como sinto
e viva como vivo.
Vejo maldade, mendigo, sinto fome e sede.
Sou tanta gente dentro de mim com tanta
chance de ser infeliz.
De passar medo e de ter coragem.
Devo agir, sorrir e reagir.
Fazer não acabar quando existe apenas
uma última gota de luz.
A luz goteja e ilumina a vida.
O país inteiro geme como nas dores de parto.
E choro.
Havia tanta esperança e está acabando, gotejando.
Goteja suavemente a última gota de luz... e escurece.

Pesada bagagem

Sinto o doce medo de carregar
pesada bagagem
do credo e da vaidade.

Quero esse doce medo para
duvidar e continuar a ouvir
o canto do galo
a me envolver e despertar.

Doce desejo de luta!

No interior o galo canta para
me despertar e descobrir
que carrego comigo o medo
de ter que levar sozinha pesada
bagagem da crença e da fé
apenas para continuar.

Aparências

Perdoa-me pelo que julguei.
Pelo que vi sem sentir.
Pelas mentiras que acreditei,
e pelas que contei.
Perdoa-me
pelo amor que tive
e não demonstrei.
Pelo dor que te causei
e pela que me permiti sentir.
Perdoa-me
por não ter te visto como
realmente és
e por não ter permitido
a voce me ver.

Estou rendida ao Poder do Som.
Não sei como sobrevivi tanto tempo sem
sentir a música. SENTIR, diferente de ouvir
ou escutar - sentir em todos os poros.
Hoje a música faz parte da minha vida e
só agora entendo o que perdi. Esse
pulsar das notas é a vida e de sentimento
em sentimento, emoção em emoção vou
sendo direcionada. Dependendo do rítmo,
da altura, da cor do som, sigo, e não tem
mais volta, estou rendida. Quando escuto
a música certa, no momento certo, nunca
estou sozinha: sinto a vibração do universo
e de vibração em vibração me torno um
com o Uno.

Aquilo que voce não conhece existe e pode te afetar.