Coleção pessoal de valdantas

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Ela não responde, aperta a minha mão com força e ternura - e é como se estivéssemos flutuando, levíssimos, no espaço sideral, parecemos fartos do leite intergalático, tendo o universo inteiro só pra nós.

Nós conversamos sem nos entender.

O delicioso jogo da vida não dá lugar a lembranças e ecos. Já tem muito que fazer consigo mesmo.

Sabe, dizem que há inúmeros santos que não tem nada a ver com a Igreja e praticamente nenhum conhecimento de Deus. Mas dizem que Deus anda com essas pessoas sem que elas se dêem conta disso. Os olhos dele estão dentro de mim agora, acompanhado pelas palavras.

Já me chamaram de tudo na vida, mas é a primeira vez que alguém diz que é um prazer me conhecer.

A gente pode até inventar desculpas para as coisas, mas acreditar nelas não.

O caso é que eu gostava do jeitinho dela, só isso.

Tem garotas que a gente não consegue saber nunca qual é o problema delas.

Havia começado a alimentar a esperança de que ela pudesse ensinar-me a viver como um ser humano.

Ainda que só por um instante, foi a primeira vez que nos olhamos nos olhos, foi o nosso primeiro momento de intimidade, pois olhar alguém nos olhos, sem desviar o olhar, que é o normal quando dois olhares se encontram por acaso, pode ser algo bastante íntimo.

Eu não estava era com vontade de discutir com ele. De qualquer jeito, não ia mesmo me compreender, estava fora do alcance dele.

Mas não podia continuar ali, do jeito que nós estávamos. Em mundos diferentes.

- No fundo somos todos figuras de Lego, só que vivas.

Num momento daqueles, a idéia mais inteligente que me ocorreu foi rir-me. Uma reação perfeitamente idiota.

E foi-se embora, mas eu tive a sensação de que levou consigo qualquer coisa que tinha visto nos meus olhos

Primeiro vive-se e depois, quem quiser, poderá avaliar se tem qualquer ideia para transmitir; e isso vai ser decidido pela própria vida. A literatura é fruto da vida, não é a vida que nasce da escrita.

Por que querem escrever, se reconhecem com toda a sinceridade que não têm nada pra dizer? Não poderiam fazer qualquer outra coisa? Que necessidade era aquela de porem as coisas em marcha estando inativos?

Estava rodeado de gente com uma enorme vontade de se expressar, de pessoas em que a necessidade é muito maior do que a mensagem.

Foi isso que escolhi fazer.
Mas é isso que você quer?, pergunto.
Por alguns quilômetros, minto pra mim mesmo, dizendo, é isso que eu quero. Tento me convencer que é exatamente isso que eu quero da vida, mas sei que não é.

Tinham deixado de culpar um ao outro, agora cada um culpava a si mesmo.