Coleção pessoal de ThomazPark

Encontrados 14 pensamentos na coleção de ThomazPark

A beleza estampada na testa
Às vezes esquece-se de ser
Esquece de mostrar os dentes,
Esquece seu afazer

Mas todo homem tem seu ego
Seu fiel escudeiro
Seu Sancho Pança
Seu Dom Quixote alheio

Na rua que anda
Deixa pegadas roubadas
Lembrando de um tempo
Em que tudo era sinônimo de nada

E que a beleza era vista solta
E não como premio,
Que se encaixota
E que não se rende

Queria escrever um poema
Que falasse de amor
Mas só tenho versos tristes
Que falam de dor

Estou preso num sistema
Onde tudo sempre é igual
Não existe nenhum vírus
Que me tire do normal

Tudo é constante
Um circulo vicioso
E um ponteiro parado no tempo
Aponta um desconforto

Nesse mundo particular
Tempo é relativo
O perto se torna longe
E o distante bem intimo

É fácil falar
Quando se está quebrado
As palavras fluem histericamente
Como que um desabafo

Queria escrever um poema
Que falasse de amor
Mas só tenho versos tristes
Que falam de dor

O primeiro passo para a felicidade é o primeiro passo.
A caminhada para a felicidade é um processo duro e áspero, e a certeza de uma assiduidade nos leva a loucura e perdição.
E essa certeza de que não somos felizes constantemente nos ensina o valor que a tristeza também tem.
Primeiro, que se a felicidade não é constante, logo a tristeza também não é, um dia ela vai embora.
Segundo, que a felicidade se baseia em momentos passageiros que se passam em nossas vidas através de coisas simples.
Num copo de agua que se bebe num dia quente, num sorriso ao ouvir um amigo, e em um carinho de duas pessoas.
A felicidade depende somente de nós, e de quando quisermos, seja feliz hoje, escolha ser, não espere motivos como os bobos que se consistem em coisas fúteis.
Não espere sentir os espinhos da decepção de um dia poder se deparar com a vida e ver que aquilo que se tem, nada mais é, do que algo que se coloca em uma instante ou numa garagem.
E ver que é tão frio e vazio quanto à coisa em que se baseou
O medo de levar o primeiro trombo, às vezes nos limita a dar o primeiro passo, nos privando de coisas que poderiam ser definitivas em nossas vidas, ou coisas que só poderiam ser.
Arriscar-se faz parte de nossa historia, alguém um dia se arriscou a descobrir meios de comunicação a distancia, que melhorou nosso acesso.
Alguém um dia se arriscou a descobrir a luz artificial, que nos dá o sol todas as noites, preso em pequenos objetos circulares de vidro.
Outro descobriu a escrita, que nos permite deixar em linhas aquilo que não sai pelos lábios, e fazer do papel nosso mais confiável confessionário.
O passo da descoberta pode ser longínquo e árduo, mas triunfante no final.
Então se descubra, torne-se dono de si, seja seu e de mais ninguém, seja seu céu e inferno e verás que não mais buscará a felicidade, mas a felicidade fluirá de você.
O primeiro passo para a felicidade é o primeiro passo.

Hoje uma brisa que soprava pela rua,não me passou despercebido.
Senti o frio que se encontrava nela e logo em mim,notei uma certa semelhança.
A brisa era suave,mas cautelosa em suas curvas,passava de um lado ao outro só para ser adorada no seu esplendor.
A brisa me transportou de volta pra minha infância e lembrou-me de um tempo onde tudo era belo,e nada tinha defeito.
O tempo que ainda me era digno brincar de ser piloto,bombeiro e policial.
O tempo em que nada e ninguem era mau, e que a ignorância não existia.
O tempo que a angústia passava com o derramar de algumas lágrimas,e logo se esquecia de tudo.
O tempo em que brincar era toda riqueza necessária,e ser feliz era toda a rotina.

Será que sobrevivo até o amanhã?
Às águas de um rio correm como de costume fazendo o que deve fazer, nascem em um ponto e morrem noutro, de um ponto ao outro são felizes, porque nasceram para fazer aquilo.
Mas às vezes caem pedras e troncos no rio e impedem de concluírem seu trajeto, o rio transborda e o outro lado seca.
Assim são as arvores que nascem com o propósito de cresceram e gerarem frutos, mas vem o lenhador e a impede de crescer, de viver e de ser.
O caminho da felicidade torna-se então quase que inconcebível.
É certo que o sofrimento nos torna forte, mas também fragmentam nossas esperanças, sonhos e virtudes, nos tornando sem percebermos pedras e troncos para outros.

Minhas ilusões sufocam-me intensamente.
Sonho bastante com o fim de meus dias e lembro-me sempre das noites que se tinha consolo e apego absoluto.
Isso me enlouquece e fortalece minha solidão.
Meus versos mostram tristeza,saindo nas linhas e acentos.
Cada vírgula é uma pausa do que já não aguento,e oro fervorosamente por um ponto final nessas ondas amargas.
O triste fim de uma era ingênua se foi,e uma guerra de deuses se inicia.
Tenho música em mim a todo momento,levo sempre a 9ª de Beethoven e Beatles na memoria,e isso me acalma.
Tenho ideologias bem morais e amorais,graças a Nietzsche e sua genealogia da moral.
Aprendi a voar mais auto segundo um tal Fernão Capelo Gaivota.
E diante de um diário de um mago,aprendi a admirar bem mais o percurso,do que a chegada.
O final é duro,inevitável e suportável,com uma leve sombra de receio.

O seu encanto me encanta!
O beijo me lava a alma e os labios.
Grito dentro de mim,pra todo ser escultar.
Quebro-me e refaço-me seguidas vezes,e o final transcede-me sempre ao mesmo inicio.
Sei que não sou tão forte,mas a força que tenho é forte o bastante para suportar.
Minha tristeza é feroz e o meu escudo pequeno.
Sou de mim,sei de mim e de mim desconheço.
Eu me nego,me entrego e logo esqueço.
Sou arvore,galho e tempestade.
Medo,desespero e coragem.
Eu não vejo,me vejo e te vejo.

O que me assusta a noite?
O que me fere sem tocar?
O que arrepia meu espirito?
O que faz de meus medos,mais intensos?
Eu tenho medo de tudo e de todos.
Medo da escuridão nos olhos
Medo de mim e dos corvos
Medo dos vivos a solta
Medo do medo que soa
Medo de meus pensamentos
Medo da brisa e dos ventos
Medo implantado na alma
O medo de morrer e de sobreviver,de resistir e de existir.
O medo como esculdo e como um infortunio
Como espada,e como um karma.

Minha alma na chuva rasteja
Com todos meus sentidos falhos
No verão meu corpo chora
Lembrando você ao meu lado

Num rio de lagrimas mergulho
Afogando-me nas sombras dos teus passos
Das janelas fechadas do meu quarto
Só me resta apenas um retrato

Escravo sou de tuas lembranças
Que me cercam e me devora todo
Na brisa leve das manhãs de março
Eu me encontro no covil dos tolos

Lembro-me dos teus olhos negros
E também de seus cabelos curtos
Da tua pele clara como a lua
E dos teus lábios carnudos

A imagem na memória é nítida como real
Tão intensa é a vontade que te tenho
Guardo-te nas lembranças tal como um tesouro
E se caso não revê-la um novo amor invento

Minhas perdas não determinam os meus passos.
Meu passado me assombra e tenta me trazer de volta.
Não penso que vivo somente porque corro e grito, grito e corro somente porque penso.
Percebo que estou ficando mais velho a cada minuto que escuto badalar do relógio.
E o tempo que um dia me foi concebido, já não existe mais.
Quando se esta no fim, o inicio soa bem mais intenso ao coração.
O primeiro amor ressurge e o paladar parece concordar em tudo.
O futuro nunca foi tão desejado como agora, e o passado meros arrependimentos do que se não fez.

Autoemancipação

Algumas gotas caídas naquele verão eram as únicas coisas visíveis em sua expressão, a tempestade parecia estar em sincronia com o garoto, os que estavam ao redor não sabiam ao certo qual era o sabor daquelas lágrimas, alegria ou tristeza, paixão ou desengano, euforia ou fúria.
Ao longe se ouvia os cochichos inquietos, ao tentar saber o que teria o garoto optado a se entregar finalmente a uma forma corporal distinta da única que há muito ele carregava, uma expressão fria que agora se umedecia.
Ao perguntar-lhes o que estaria se passando, o garoto soltou-se bruscamente do enrolar dos braços peludos de seu suposto Pai e saltou facilmente a janela, surpreendendo a todos, e correu em direção à rua.
Os olhos cabisbaixos na porta, por final, deixavam escapar angústias e desgostos, e viam o gosto amargo da inutilidade, porque ali jazia o domínio que se encontrava sobre o garoto.

Notas de um leigo amor

E quando menos procurou, foi justamente bem perto do improvável que se surgiu.
O coração palpitou derrepente, sem saberem-se os motivos exatos.
Só sentia-se como renascendo de um sonho a muito esquecido,e que ate a Yoko,a nipônica de Lennon,fazia agora algum sentido...
Pois mendigando migalhas, vivia como os cães, ou como aquelas limitadas gaivotas que nunca cruzam seus mais autos horizontes,nunca ultrapassam seus limites,que vivem apenas dos peixes que sobram na superfície dos mares.
Não sabia até então, que quanto mais alto voasse, mais fundo mergulharia no mar, onde encontraria finalmente os melhores peixes.
E ele descobriu que até o coração mais sólido, não era impenetrável.
No mais, sabia que ate o material mais resistente do mundo,era criado de outro não tão obstinado.
Assim era ele antes, rígido, áspero, autônomo, com a enorme ilusão
de que era perfeito.
Sem a noção de que outro ser o completava.
Tornando-se assim, perfeitos e não “Perfeito”.

Tentei me afastar o quanto pude da solidão, usei de todas as saídas.
Construir castelos em volta de mim, saindo de um lado do hemisfério ao outro, mas os dragões sempre vinham a me atormentar.
Por mais longe que andasse, por mais fundo que nadasse ainda não se afastara de mim aquele tormento, o perfume doce do silencio me rodeava e as cinzas daquele cigarro me queimavam como a fornalha de um navio.
E noutro dia continuava-se a mesma rotina, o doce cobertor de suor no corpo me ardia à pele.
Será que ainda guardam meu escudo e espada, ou me presentearam com um simples cajado? Saberei eu distinguir o real do abstrato? Estou realmente vivendo ao escrever essas linhas frias e secas, mas que penetram minha alma e me cercam sem ponderar?
O escuro me assusta mais,quando fecho os olhos e vejo que o escuro da vida é bem mais intenso do que o escuro da morte.

Finalmente o inverno chegou aos meus olhos.
Um pouco de calmaria era bem vinda nesse momento, meus pelos arrepiados dançam em minha pele como ondas em uma tempestade.
E o que me resta são sempre essas lembranças demasiadas de um ser que em mim viveu por décadas...
Na musica errante da vida e no palco ilusório da alma eu me refaço e tento fugir um pouco do sono que me penetra constantemente.
E os meus sonhos me mordem como um cachorro raivoso, me lembrando a cada mordida que nunca se esqueça do que estou deixando...