Coleção pessoal de thjunqueira

Encontrados 18 pensamentos na coleção de thjunqueira

Monolatria Humana ( casamento )


curvou-se , de mãos abertas,

para dar-lhe a linhas da palma,

e coser com o anelo o elo

da sina um uniforme.



e disse-eis aqui o cordeiro

que oferece-lhe o velo

curtido no infindo desejo

de aquecer teu flanco.





T.V.///Veiga

velhos olhos na janela


os braços distendidos na janela,

e os olhos deitados ao horizonte,

vem sonhar um infinito azul

de vontades, onde verdejantes

procuras , pés infantes e cirandas.

desenham os ritmos das sendas.

Encerar


buscar o mundo totalmente são,

é um absurdo , um absurdo!

todo mundo há de ter loucura

um punhado em mãos, e a fartura

dos sonhos sobre os olhos.

Vida


olhas! dentre a pupila,

sibila entre as folhas.

molha palavras ,cintila;

ventre das escolhas





T.v///Veiga

Cinzas

Larguei meus fumos
E a pus em meios dedos,
Parecia eternos aedos,
Este anelo que pomos em sumos.

Mas vi que anos após
Não tinha vos , eram cantos
Abafador por pigarros e prantos,
E saiu de mim um negrume de nós.

E vi-me tuberculoso de rancor,
Pois te traguei , sem amor ,
Num fingindo fumar ...

Mas juro que te suspiro hoje verdadeiro
Pois se os cigarros não me matam por inteiro

Não será teu amor que irá .

Já Nublou Aquele Dia

acordei de manhã
e num despreguiçar profundo o vi
nu ante a mim ,
sem deformações , encoberto...
não tive espanto por esse alvo céu
encobrir o azul .

com o café a mesa, e num respiro
profundo sem suspirar
vi que o cinza de teu nublado céu
é o que faz a questão brilhar
sem a procura de resposta

"cada aurora em seu horizonte"
mesmo em dias anuviados ,
cada qual destino em teu monte
de caminhos desviados,

olho pro céu , e suspiro
profundo ,
sem por o querer do algo mais ,
sem desfazer o cinza e a paz
da sina efêmera vivaz
que houve no nosso mundo

hoje olho pro céu...
e a saudade vai tenaz
pro fundo.

Experiência




Eu tentei, errei? não sei , mas tentei.

Digo que persisti,resisti, sofri, mas ei,

Não me conformei. sucumbi, desfiei

O cosido ao que apetecia-me , engoda lei

De sina que prendia-me ,e voltei.

Senhor de minhas tranças, esperanças e sentenças.

Árduo de confianças ; balança sem dispensa.



Voltei...



Pois entre as perdas que segui ,

Perde-se só o que se é achado ,

E acha-se só o que se é perdido ,

Mas o que encontrei, não perdi.



Voltei...



Liberdade!

Marrom

é outono morena

e já danço ao som

das folhas, que secas,

não quedam inteiras

quando o vento vem

arrancando, à lida;

em repouso incerto

maturando a vida,

ao tom desperto

das coisas partidas.


T.V///Veiga

Existência




Olhar, e dizer breve.

Entender , atreve a agarrar.

Apagar o ser que deve;

Viver , não subscreve a pagar.



T.V.///Veiga

passa tudo , passa , como passa

quando os versos não couberem na palma,
e um peso em tua alma,
em calma lhe cortar todo o sentido,
e dentro de ti ficar tudo perdido,

estenda, não algo proferido ,
mas sim teu álibi
de compreender o que morre;

não basta palavras vivas para a dor,
sim as jazidas nos papéis em preta cor.

sorva a perda , pois faz sustento a cama em que deitas,
beba o sacrifício como inexperiência , que um Quintana aceitas,
e faça que tudo se tenha proveito.

nitrifique teu peito,
refloresça as flores,
pois poetas amam pétalas, odores,
mas eis que todos amam mais as dores,
pois são estas os cheiros perdidos dos amores
que se impregnam nos valores
incontáveis da vida,

simples, coisas perdidas,
e mais belas quando vividas,
pois eis como cristais, elegantes ,
e quando em pedaços, como amantes,
jamais se unem ou sibilam,
porém nas mãos cintilam .

os cacos!

e não os percebem etéreos , os olhares fracos,
que jazidos , precisos em miragem ,
não percebem quão a vida é
helenística passagem.

Sútil




Então vamos por partes

Que retiro uma parte

Para que me complete,

Mas veja, não competes

Achar o parcial em ti

Fundamental ao inteiro.

E se acaso, vier partir,

O que antes extrai



Será o inteiro,

Até inteiro o outro vir





Thv///veiga

sondas
Andas ao sol, em chuva plena e
Cristalizada. Refletidas,
As nuvens desinibidas
Vem revelar coxas azuis e
Delicadas; céu que entardece
Na cama dos meus olhos

Maturando

Viver é saber tua perda;
Como o eu que deságua
Das mãos do querer.

T.v//Veiga

Para o algo que não sei...

a dor que fulgura é o que não se sente,
com o tempo, que o tempo mofa
as tenras carnes que me suportam
e se esvaindo os espasmos que a mocidade
trazia, e se acalmando a euforia,
e tudo correndo tão calmo
como rios secando.

a dor que fulgura é o que não sente
minha besta juventude desejar asas
das quais nunca terá , e assim gastar
sangue e suor, e não perceber que se as tens
voarás bens , mas até quando?

a dor que fulgura é entender que o cansaço
se faz mais que a morte,
que o corpo se distende sobre a alma
e a alma sobre o corpo,
e o teatro da tragédia se completa
duas coisas abraçadas,
no palco da existência, afagando
cada qual inclinado
no cansar à luta sem fim

ai de mim não sentir essa dor que não sinto,
tanto dói quanto mata esse absinto
de angustia sem fim .

cavo fundo
cavo
cavo

como a filosofia, como a vida
amo-te e tu parte algum dia ,
seja mãe , avó , pai madrinha
seja a amada minha
que nunca foi.

dói tanto essa dor que não se sente,
como repelente aos mosquitos que vivem,
e se matam de vida, com tanto sangue
tanta fartura existida.

não estou vivo como amante no sabor do calor desejado
nem morto como as insólitas criaturas do trem
ainda resta em mim um capim
em tempestade de areia
um abismo
molhando tudo ,
mas tudo em sua estranheza.

vivo , é o que importa
mas não basta , ainda viço a imaturidade,
ainda não desfalecei-me na ignorância de me preocupar
com as coisas que fazem as Desimportâncias
as sublimes coisas inúteis,
a beleza de Wilde.

ai dói-me esse espanto ,
mas o que me sara é ir contra
o não sentir , pois quero sangrar ,
quero ver-me vivo , e dizer a cristo
que sangro contigo por amar essa criação que sou
um absurdo contraditório
um demônio na pele de anjo
um anjo em pele de demônio
o filho que berra quando o pai determina o futuro
a escultura que medra o pavor no artista
de não saber por ande anda a forma.
aquilo que vive

a dor que fulgura em mim é a dor de não sentir.
mas ainda é dor ,
a velar para que a noite não venha.

Aos passo do adeus


E quando chegar o momento ,
teremos o lamento
Cansado?

Sentir teu corpo lento,
desatinado
sem estima , e ter só a fina
consciência de que nem a cafeína
Trará a emoção de estarmos vivos?

Imaginemos nós no salão,
prende-nos as vontades,
compassos binários das mocidades
olhos nossos atônitos aos vultos deslizantes no chão.
prende-nos as vontades,
compasso ternários das verdades
olhos nossos brandos, cada passo consequência, decisão.
até que se lastime a fadiga...
e a vontade , que nos instiga,
não der mais explosão,
E cair-se o corpo no cansaço da observação

Imaginemos nós no salão...
à reminiscente lembrança
dos suores , espasmos , da dança
de crianças convulsas
Juvenis que pulsas

Imaginemos nós, com as mãos
darmos trêmulos , um ao outro
vendo tudo jazir
e triste um ao outro sorrir ,
languido e languido
quando dermos o despedir

Uma mão nos oferecer a ultima dança.

Da Vida ;olhos silenos


Olho-te , mas teu propósito irradia
Algo mais do visto , um virá que tardia.
Olho-te apaixonado, e quem dera da consciência clemência
Ao meu estado, que a tal já fardado a displicência.

Olho-te aqui decapitado , ao teu olhar de Judite em tela,
A flor sublime, fatale e bela, que me segura sobre mãos,
E num absurdo , eu, a caveira lhe questiono a vida,vãos,
Sentidos de Hamlet à esfinge pavorosa e singela.

Olho-te sobre o labor de teu seio de mênades loucas,
lambamba de ti e suas canções de sereias moucas.
pondo meu colo inclinado a tua ninfa forma aguda ,
E mesmo sem porquê, negá-la , seria coisa absurda.

Olho-te apenas, casmurro, por sentir-te demais o mistério,

Pela heráldica hipérbole emoção à foice, abismo etéreo.

Palavra

Corta a origem,
Em floretes ressoados,
Grafando nos ventos
O delírio e a vertigem;

Tons que umedecem a virgem,
Consciência, a faz provar o mundo,
E fundo esgota o suplicio
De pudor ao ato, ao sacrifício.

Fotografia: Do vasto campo

já me corroeu aqui por dentro
todas as esperas que tive,
foram desilusões e reprises
de martírios e pétalas esmagadas
pelo os próprios passos.

quem sabe, o tempo me ensine
outros mistérios ,engenhos,
onde saiba tirar essências de espinhos,
torná-las fragrâncias contra os moinhos
de angustias impregnadas na pele.

quem sabe , o tempo sinta pena ,
e não morda as maçãs da face
quando elas viçam na solidão
róseas , vermelhas em detrimento e profusão...

já me corroeu aqui por dentro
as gotas sulfúricas do imaginar,
possibilidades futuras em passados,
repetindo junto aos pingos transpassados
nas horas.

e me pergunto , a sina que tem a flora,
onde o prado viça sem que bocas a espere.