Coleção pessoal de Taiane

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Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!

Viver é desenhar sem borracha.

Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor.

Vale a pena viver - nem que seja para dizer que não vale a pena...

Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente... e não a gente a ele!

Tudo o que acontece é natural - inclusive o sobrenatural.

SIMULTANEIDADE

- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.

Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo...

SEMPRE QUE CHOVE

Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!

Só a poesia possui as coisas vivas. O resto é necropsia.

Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas...

Se um poeta consegue um dia expressar as suas dores com toda a felicidade como é que poderá ser infeliz?

Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho.

Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?

Se alguém te perguntar o que quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo...

Quando guri, eu tinha de me calar à mesa: só as pessoas grandes falavam. Agora, depois de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem.

Quiseste expor teu coração a nu.
E assim, ouvi-lhe todo o amor alheio.
Ah, pobre amigo, nunca saibas tu
Como é ridículo o amor... alheio!

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

O tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente...

A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo.