Coleção pessoal de svasconcelos

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Bom dia, meu amor

Acordei hoje com uma baita vontade de te chamar de meu amor.
Eu sei, eu estou cansada de saber que não devia. Está lá, escrito em negrito e letras capitais em todos os manuais de conquista femininos. Está logo no item um: Dificulte a vida dele fazendo-se de difícil, e nunca, sob nenhuma hipótese, demonstre o seu afeto. Mas eu estou jogando a toalha, e se você não está preparado pra isso agora, pule a página, ou melhor, o Post.
Porque acordei hoje com muita vontade de te chamar de meu amor.
Mas eu não posso, não é? Porque nesse nosso joguinho de “vamos ver quem se importa menos” uma declaração assim só ia te fazer fugir aflito, com medo de ter que me encarar pra dizer que pra você não é bem assim, que estou, como sempre, colocando o carro na frente dos bois. Que devemos manter as coisas leves entre a gente, com mais diversão e menos compromisso.
Eu sempre entendi e respeitei esse seu tempo, que é tão diferente do meu. Mas agora será diferente, porque o meu tempo é o das urgências apaixonadas, que quer ter você comigo aqui e agora.
E hoje eu acordei querendo muito de te contar o quanto eu amo essa sua barba cerrada quando roça o meu rosto. E de como é bom acaricia-la, começando pelo bigode, passando lentamente pela boca, alcançando o queixo e finalmente chegando ao pescoço. E depois fazer todo esse trajeto de volta, até regressar à sua boca, ficando ali, infinitamente, dando voltas e voltas em torno dela com a minha própria boca.
Nem tente me impedir de revelar que quando seus olhos param nos meus, assim, na penumbra do quarto, incendeiam meu corpo por dentro. E que eu amo quando você me beija, com esse seu jeito sempre tão agarrado em mim, aqueles beijos longos, molhados, recheados de mordidas e promessas. E decidi falar que adoro essa sua voz meio rouca falando baixinho aos meus ouvidos, soando como uma bela sinfonia, tão cheia de prelúdios antecipando meu prazer e me dizendo, entre os lençóis, que eu sou sua. Eu sou sua.
Desde sempre aprendi que devia aguentar muito em nome do amor, e a verdade é que eu adoro um desafio. Quanto mais difícil uma coisa parece ser, mais eu me envolvo na luta. Mas foram tantas as suas idas e vindas meu amor que muitas vezes pensei mesmo em desistir. E agora chegou o momento em que eu comecei a fazer conta pra saber se vale a pena continuar e descobri que prefiro correr o risco de te perder que manter em segredo tudo o que eu sinto.
Decidi que a partir de agora vou te chamar de meu amor e te dizer que a porta da minha vida está aberta pra que você entre e fique, desta vez de verdade, pra sempre.
Bom dia, meu amor.

#EuPrecisavaDizerIsto

Brincando de amar você me procura e diz que me quer,
diz que tem saudades, que sou somente sua e que me adora.
Brincando de amor você me toma em seus braços, quentes e impacientes
e beija-me, profunda e intensamente.
E nessa brincadeira somos impetuosos e ardentes. Ferozes e turbulentos.
Então, você se cansa da brincadeira e nos tornamos dois desconhecidos.
E eu sempre saio ferida.

#EuPrecisavaDizerIsto

Os Rastros Seus

Quando você vai embora fica tudo tão vazio e sem sentido dentro de mim.
Olho pra todos os lados te buscando. Tento sentir o seu cheiro. Ele ainda preenche um pouco os espaços. Mas conforme o tempo passa seu perfume vai indo embora também.
Então começo a olhar para os lados procurando seus rastros pela casa, marcas de suor nos lençóis, uma ponta de cigarro deixada no cinzeiro, um copo sujo, a toalha molhada no banheiro, algum objeto esquecido ou algo revirado pela casa que desminta a sua ausência, me mostrando que, de alguma forma, você ainda está. Mas, conforme o dia passa, os restos de você deixados pela casa vão aos poucos indo embora também, deixando em mim esse vazio que eu tento completar com as memórias que eu guardo.
E penso em nossos beijos, nos carinhos trocados. Lembra aquele abraço que você me deu, em pé, na cozinha, que, de tão apertado, quase me derrubou? E como rimos daquela piada que você contou pouco tempo antes de dormirmos?
Penso então no seu sorriso, tão aberto, tão claro e alegre, capaz de iluminar o mundo todo. Mas aos poucos minhas lembranças começam a me deixar também, até desaparecerem quase que por completo e eu começo a duvidar um pouco de que você tenha mesmo estado aqui.
Puxo bem forte pela memória tentando recordar seu rosto que em tantos momentos esteve tão perto do meu. A principio parece fácil. Depois tenho que forçar muito até conseguir. Aos poucos seu rosto vai se tornando nebuloso e eu corro a procurar pelas nossas fotos, que testemunharam tantos momentos felizes juntos. Quando as vejo pela primeira vez parece que estou revivendo cada momento daqueles. Mas aos poucos os momentos vão se afastando até nem parecer mais você, ou nós.
Tá tudo tão vazio aqui agora. Você não está, o seu cheiro se foi, seus rastros se apagaram, minhas memórias também me deixaram e ficou só esse vazio e esse aperto, doendo no peito. Tento me distrair preenchendo o meu dia de outras coisas que me afastem desses pensamentos que vem e vão dentro da minha cabeça. Busco olhar pra dentro de mim mesma, procurando algum sentido nessa minha vida tola. Até que a noite chega e o silêncio do meu quarto escuro vai te trazendo de volta aos poucos.

Sobre ser Plano B
Como todo mundo já sabe pelo meu post anterior, eu tenho PHD em safados. Tirei em Harvard.
E uma das atitudes bem comuns entre os homens que estão me enrolando é me colocar no Plano B. Tipo estepe, segunda opção dele, entende?
Eu odeio quando isso acontece e o pior é que muitas vezes eu nem percebo. Parei pra refletir sobre situações que costumam ocorrer comigo e, provavelmente, com muita gente.
Vamos lá.
Eu sou Plano B de alguém quando ele só me convida pra sair depois das dez da noite. Ou pior, às onze. Óbvio que isso quer dizer que o Plano A dele não rolou. Tá na cara. Só eu não percebo.
Eu sei que sou Plano B de alguém quando a pessoa acerta me ver "se der", ou quando combina um "vamos marcar algo" bem vago. Meu bem, não adianta eu ficar toda animada com a hipótese porque, na verdade, ele está me dizendo que, caso não consiga se arrumar de jeito nenhum, de jeito nenhum mesmo, aí ele me procura. Ele está me colocando no freezer. Será que eu preciso do desenho?
Eu sei que sou Plano B de alguém quando a pessoa só me convida durante a semana. Porque, pra esse tipo de homem, o final de semana serve pra sair à caça. Tá no DNA deles.
Quando ele nunca me leva em lugares badalados, só em cantinhos meio vazios eu sei que estou sendo Plano B, ou C ou D porque, obviamente, ele não quer ser visto com comigo pra não se queimar com suas mulheres Plano A.
Sabe quando ele acorda e sai correndo? Ou me dispensa logo cedo porque tem um compromisso muito importante no domingo de manhã! Ou quando está sempre inventando desculpas esfarrapadas como viagens e avós que morrem toda semana. Eles têm um arsenal de justificativas assim pra me manterem quietinha no banco reserva.
Quando um homem não me quer, não adianta eu fazer pirraça. Nem engolir conversa mole. Não adianta estar sempre disponível, inclusive maquiada. Não adianta só eu querer porque, quando não é pra ser, não será. Um Plano B nunca vai se tornar Plano A. Nem na Disney.
Muitas pessoas, homem ou mulheres costumam manter um reserva na manga. Pode ser um velho amigo apaixonado, aquela mulher que está sempre disponível e basta mandar um “Oi” no whatsapp. Tem aquele que está sempre correndo atrás e você fica dispensando com jeitinho, sem tirar as esperanças dele mas nunca bate o martelo. Uma ex que continua no seu pé e muitos outros, disponíveis pra serem segunda opção. Você vai mantendo a pessoa em banho-maria pra usar na hora do desespero.
Convenhamos, ninguém aqui é criança. Todos podemos escolher o que deixamos fazerem conosco. Se fazem isso comigo é porque eu permito. Mas fico arrasada quando percebo. Detesto ser joguete na mão de algum canalha, desse tipo de homem que tem aos montes em qualquer esquina de bar. O negócio é engolir logo o choro e partir pra outra. Tocar a minha vida e mandar o infeliz tratar da dele também.
Com meu PHD em safados, mentirosos, canalhas e cafajestes cada dia percebo tudo mais rápido.
Será que estou perdendo o coração?

#EuPrecisavaDizerIsto

Estou na fila do mercado e um senhor atrás de mim está levando flores. Minha primeira impressão é achar romântico. Depois bate uma certa tristeza.
Estou separada há cinco anos e desde então tive alguns namorados e romances, mas, de nenhum deles eu recebi flores. É nessa hora que bate a vontadezinha de chorar. Fico pensando se não sou merecedora. Fico me questionando se sou tão diferente dessa mulher que vai ganhar flores hoje à noite? Será que ela está sendo difícil de conquistar? Será que ela é melhor namorada, mãe ou mulher do que eu fui ou tenho sido? Será que ela é tão mais especial do que eu?
Meu aniversário é daqui a dois dias. Eu queria receber flores no meu aniversário. Acho lindo. É um gesto com significados demais na minha cabeça. Flores de verdade. Com cheiro. Na verdade eu quero mais do que receber flores. Eu quero me sentir amada.
Eu fui casada por muitos anos e durante o meu casamento ganhei flores algumas vezes. Sempre de uma maneira meio protocolar. No dia das mães principalmente. Acho que só no dia das mães. Nem romântico, nem especialmente afetuoso. Como eu disse, protocolar.
Não foi um casamento ruim. Foi um casamento comum, como tantos outros. Muitas vezes foi mais uma espécie de solidão a dois, sem muita cumplicidade ou afeto. Sei bem que o fato de ter um homem ao meu lado não ameniza esse sentimento de incompletude e solidão que eu sinto o tempo todo. Mesmo assim. Eu desejo ser amada.
Relações hoje em dia são todas muito soltas e tudo parece muito fácil demais. Parece que tem gente disponível de sobra. Basta baixar um app no celular, jogar pra direita e mach. Você acaba de encontrar amor verdadeiro por uma noite. Se cansar é só dar um delete na pessoa e partir de novo pro app. E assim as pessoas vão pulando de um relacionamento pro outro, sem nunca se entregarem de verdade a alguém.
Eu me apego. Eu me apaixono. Eu me recuso a ser só mais uma foto num app que vai ser deletada quando a pessoa se cansar.
Eu acredito no amor verdadeiro e na possibilidade de uma relação afetuosa entre adultos, com apoio mutuo, amizade e cumplicidade. Algo talvez mais próximo da amizade que daquele amor romântico de novela. Mas vivo quebrando a cara o tempo todo.
Enquanto esse amor que eu espero não chega decidi que vou voltar lá no mercado e comprar eu mesma as flores que eu mereço ganhar.

#EuPrecisavaDizerIsto

O que eu aprendi
Com os anos eu aprendi que nada é pra sempre, nem a felicidade nem o sofrimento. Que a vida dá voltas sim, mas sempre será possível começar de novo. Que o luto precisa ser vivido, que com o tempo as feridas cicatrizam, que não posso mudar os fatos do meu passado e que ele sempre será parte de quem eu sou, mas que todo sonho morto precisa ser enterrado, abrindo espaço pra que nasça outro em seu lugar.
Aprendi que o amadurecimento anda de mãos dadas com a dor e é uma longa estrada a ser percorrida, cheia de erros e acertos, muitas quedas e muitos momentos imperfeitos. E que o mundo não acaba com pouca coisa, mas, se acabar, sempre haverá um mundo novo a ser construído.
Entendi que cuidar do corpo é um jeito de cuidar da mente. E que dá resultado. E decidi continuamente buscar a minha melhor versão. Que a minha melhor versão será sempre a mais verdadeira e, com ela, escolhi me apresentar ao mundo.
Que amigos devem ser cultivados e que um bom amigo é um tipo de família. Mas entendi que preciso ficar só de vez em quando. Que só no recolhimento consigo me organizar e me reerguer.
E, finalmente, eu entendi que, a vida é sempre difícil, mas pode ser leve, que me priorizar também pode ser um ato de amor, que prazer não é pecado, que um amor tem que ser cuidado, que eu nunca vou poder controlar o outro, que devo exigir respeito aos meus limites, que tenho capacidade de lidar com os meus erros, que tenho os mesmos defeitos que todo mundo e que posso me perdoar por eles.
Que ainda vou continuar errando sempre, mas não preciso me culpar por isso, porque afinal, ainda ha muitos erros a serem cometidos, e muito a ser aprendido e é esse o desafio mais bacana!

#EuPrecisavaDizerIsto

Quero te beijar pra sempre.
Sentir seus braços em minha cintura e nesse abraço derreter de desejo por seu corpo.
Quero ficar assim, colada em sua boca, sentindo seus lábios em meus lábios, por todo o tempo dessa nossa existência.
Quero mergulhar na imensidão dos seus beijos como se pudesse me fundir com o seu corpo e nossos corpos colados seriam para sempre um.
Quero te beijar e beijar e beijar.
Precipitar-me em seus beijos, infinitamente perdida em sua boca.
E você, por todo o sempre assim, você me beijando.
Pra sempre.
#EuPrecisavaDizerIsto

Parei de me relacionar com gente que some no final de semana. Gente que só tem saudades minhas de segunda a quinta, e normalmente depois das dez. Saudades minhas agora, só no horário nobre.
Cansei de me relacionar com homens que se comportam como adolescentes e aos 40 anos de idade ainda usam boné virado pra traz, só falam de academia, e pensam que ainda vão comer todas as mulheres do mundo. Tá dando sono.
Cansei de me envolver com gente que mantém relações de uso comigo onde eles satisfazem suas vontades quando e “se” estão a fim, sem oferecer nada em troca além de mentiras e manipulação.
Parei de viver sozinha as minhas histórias de amor. De ficar fantasiando relacionamentos que só existem na minha cabeça, enquanto o outro está tratando da vida e nem lembra que eu existo.
Parei de ficar olhando o telefone o tempo todo pra ver se ele toca, vibra, canta, faz sinal de fumaça.
Parei. Cansei! Pra mim já deu!
Homens interessantes têm bagagem, planos, sonhos, possivelmente algum cabelo branco e, de preferência, ternos.
Homens de verdade assumem compromisso, mantêm relações de troca, se doam, correm riscos.
Relações de verdade tem troca.
Historias de amor são vividas a dois, senão é loucura.
Parei. Cansei.
Tá na hora de virar gente grande.

#EuPrecisavaDizerIsto

Amores que doem e passam.
O amor não existe. É uma definição ontológica. Um nome chique pra explicar essa palavrinha cafona que eu adoro. Pra gente poder entender que, na verdade, o que existe é uma soma de afetos, ou melhor, um bando de sentimentos amorosos, todos amontoados no coração da gente.
Ternura, atração, desejo e paixão, em maior ou menor grau se confundindo no peito de quem ama, e que muitas vezes vêm temperados com ciúmes, insegurança e possessividade. É difícil administrar essa salada amorosa sem descambar pra um ou outro lado.
Fico me perguntando por que diabos eu gosto tanto de amar, se o amor vem sempre acompanhado de tanto sofrimento.
Amar é difícil. Amores doem. Perder um amor dói mais ainda, mas alguns amores um dia passam.
Eu sofri de amor muitas vezes. Eu gosto de amar. Gosto de sentir o coração quente. Mas confesso que sou difícil de amar. Me doo demais e não exijo menos. Demando muita atenção, muito cuidado e muita presença.
Alguns desses amores me tiraram muito. Muitas noites de sono e muitas lágrimas. Muitos dias chafurdando em ausência e dor. Me entupindo de álcool, cigarros e qualquer coisa que pudesse me fazer bem mal.
Mas outros foram embora me deixando muito também. Me deixaram bons momentos, dias felizes e boas lembranças.
Um dia eles se foram, doeu mas passou. E meus sentimentos amorosos foram aos poucos se transmutando, em raiva, aversão ou frieza, outros em saudade ou carinho, até, finalmente, se transformarem em indiferença.
É nesse ponto que aquele amor original se apaga.
Amores sem fim doem, mas também acabam.

#EuPrecisavaDizerIsto

Passarinhos
Durante o concerto de piano ontem, dois pensamentos não me saiam da cabeça...
Que o terno do pianista estava puído e que ele precisava urgente de um corte de cabelo.
Enquanto a música envolvia o teatro meu estômago doía. Lembrei que não havia almoçado ou jantado, e temi que um ronco acabasse com o silêncio da sala.
Havia um outro pensamento insistente me azucrinando e que eu tentava a qualquer custo evitar. Mas pensamentos são como passarinhos soltos. Eles pousam e voam em singela liberdade.
Era a lembrança de um outro concerto, numa outra noite, em outra cidade e outro país, talvez, numa outra vida.
Durante o espetáculo você segurava a minha mão. A cada novo movimento sinfônico você apertava mais forte.
Ao sairmos do teatro, um grupo de músicos se apresentava na rua. Você estava lindo, num terno marinho e me tirou pra dançar. Meu vestido vermelho de saia rodada dançava ao som da mesma melodia e nos abraçava a cada rodopio.
Nos beijamos na frente dos outros casais. Estávamos felizes. Era verão, a noite ainda estava começado, éramos jovens, apaixonados e tínhamos toda a vida pela frente.
Um movimento rápido do piano me traz de volta ao teatro.
Preciso comer quando sair daqui mas não tem nada em casa.
Esse moço precisa cortar o cabelo...
E rodopiávamos livres pela noite em Paris.

#euprecisavadizeristo

Coisa de menina
Desde pequena ensinei minha filha certas coisas femininas.
Um dia, quando ela ainda era bem pequena, comprei um presente importantissimo: uma pinça.
Expliquei que com aquela ferramenta ela teria o poder de cuidar das proprias sobrancelhas. Que deveria zelar pela pinça com carinho, não perder nem emprestar pra ninguém.
Mais tarde comprei um kit manicure e expliquei que uma menina tem que ter sempre as unhas bem lixadas e pintadas. Que ela guardasse aquele material com muito carinho.
Depois foi a vez dos batons, maquiagens e etc.
A lista de cuidados femininos é interminável e as vezes penso que é impossível ter tudo em dia. Se os cabelos estão escovados a sobrancelha está por fazer. Se consigo a depilação não sobra tempo de fazer as unhas...
A escravidão é total.
Minha filha agora tem vinte anos e se tornou uma mulher vaidosa. Faz quase tudo sozinha em casa e hoje tivemos uma tarde de meninas fazendo as nossas próprias unhas.
Descobri que ela roubou meu alicate e o resgatei de volta. Descobri também que ela deve ter uns trezentos esmaltes que ficam organizados por cores claras e escuras na sua caixinha de plástico colorida.
Sentadas essa tarde, com nossos respectivos materiais de manicure, jogamos conversa fora, botamos o papo em dia, rimos, brigamos, trocamos confidencias.
Coisa de mãe e filha.
Ela me deu algumas dicas novas e me emprestou um de seus esmaltes. Discutimos sobre as melhores combinações de cores, se o dourado novo é cafona ou chique, sobre como manter a acetona sem derramar e em que angulo é melhor lixar as unhas para não quebrarem. Coisas femininas.
Foi uma momento que vai ficar pra sempre nas minhas recordações. Uma tarde de amor e cumplicidade.
Coisa de família, onde as melhores lembranças se criam nos momentos simples do dia a dia.

#EuPrecisavaDizerIsto

O Capitalismo do Amor
Querido diário... Ou melhor, queridos leitores aqui do meu bloguinho.
Aqui estou eu, de novo, elucubrando sobre a obviedade ululante dessa minha vida pequena e besta.
É que eu sou mais uma boba que acreditou nos contos de fada que me contaram. Em todos eles.
Sabe qual é a verdade que ninguém nunca me contou?
A verdade é que, nem eu nem ninguém, está satisfeito com nada. Porque fomos criados numa sociedade capitalista. Fomos educados para desejar. Desejar aquela blusa, aquele carro, aquele não sei quê que todo mundo tem e nós não.
Essa é a base do capitalismo. Manter o desejo sempre insatisfeito pra que a gente continue querendo e comprando, pra depois querer de novo.
Trouxemos isso pra vida.
Queremos ser solteiros novamente, ou casados um dia. Queremos uma vida mais calma e assentada, ou mais agitada e interessante. Queremos ser mais magros, ou mais gordos, mais altos ou baixos, ter o cabelo liso ou cacheado...
O fato é que sempre queremos o que não temos.
E o segredo que ninguém nunca me contou é que ninguém está melhor que eu. Minhas amigas casadas não estão. Minhas amigas solteiras também não.
Aquelas casadas, que estão fartas de ter que chegar cedo em casa pra prepararem o jantar dos filhos. Que vivem correndo feito loucas pra dar conta dos filhos, do marido e do trabalho. Sabe quando foi a última vez que elas entraram num salão pra fazer as unhas? Nunca. Elas mal se lembram quando é que conseguiram lavar o cabelo. E estão se sentindo exaustas, eternamente culpadas e frustradas porque nunca conseguem estar inteiras, nem no trabalho, nem com os filhos ou com o marido.
Lembra daquela minha vizinha de criança? A que casou com o engenheiro belga, e foram morar na Califórnia? Pois é. Ela vive uma vida infernal, os dois quase não se falam e ele vive pulando a cerca.
E quanto às minhas amigas solteiras e baladeiras? Aquelas que vivem brindando em bares e dançando a noite inteira, arrastando um exército de homens toda noite? Pois é. Elas se sentem vazias e sozinhas. De olho em seus relógios biológicos, não encontram sentido na vida e tudo que querem é se acertar com alguém.
E, hoje finalmente é o sábado que eu tanto esperei. E eu vou ao mercado, vou lavar e passar a roupa da semana. Tentar dar uma atenção aos filhos e aos amigos.
E amanhã, domingo, eu vou arrumar a casa e me preparar pra segunda. E na segunda começa tudo de novo.
Estamos todos no mesmo barco. Ninguém está melhor que eu, apesar do facebook me dizer sempre que sim.
Estamos todos na mesma.
A única saída talvez seja encontrar prazer nas coisas do dia a dia. Ficar feliz com o trabalho e com a rotina, mesmo que ela inclua a roupa pra passar, a casa pra arrumar e os filhos pra cuidar.
Não adianta viver procurando aquilo a gente não tem, porque aquilo não existe.

#EuPrecisavaDizerIsto

Todos os Beijos
Beijos enamorados
e beijos esquecidos
Beijos guardados
e beijos perdidos
Beijos roubados
e beijos obedecidos
Beijos assanhados
e beijos escondidos
Beijos quentes
e beijos ardidos
Beijos molhados
e beijos mordidos
Beijos honestos
e outros nem tanto

#euprecisavadizeristo

Sob a luz do luar
Hoje seremos só nós.
Nós e uma noite inteira pela frente.
Trocaremos confidências, colocaremos o papo da semana em dia, falaremos de amor.
Pensei em recitar Vinicius pra você.
"De tudo ao meu amor serei atento antes, e com tal zelo e sempre e tanto...
Você gosta?
Aceita uma taça de vinho?
Um trago?
Não? Você não fuma?
Meu cigarro te incomoda?
Posso esquentar alguma coisa pra gente na cozinha...
O trabalho anda bem, obrigada.
As crianças estão lindas mesmo! Crescendo rápido né?
Porque você não veio aquela outra noite? Eu te esperei.
É, eu sei que você não pode vir sempre. Além disso o tempo tem andado meio fechado... E você tem essas suas fases... Tudo bem, eu entendo.
Que bom você ter vindo! Eu estava me sentindo só.
Sabe, fico tão à vontade com você. Sei que posso falar sobre qualquer coisa. Você vai ouvir em silêncio, mas vai compreender. Você sempre me entende.
Às vezes me sinto muito só.
Não! Não quero falar sobre aquele rapaz. Você sabe que eu continuo pensando nele, que ele não presta e mesmo assim eu continuo esperando que ele volte. Mas eu não quero falar sobre isso.
Vamos mudar de assunto?
Você está linda hoje.
Esqueci de te contar sobre a vizinha do 47!
Ah, deixa pra lá!
Podemos ficar em silêncio um pouco?
Adoro essa música.
Que bom você ter vindo lua cheia. Estou feliz por você estar aqui, deixando esta noite tão clara e iluminada.
Hoje seremos só nós. Poderei te contar das minhas dores de amores, trocar confidências e recitar poesias.
Com você, esta noite eu não estarei sozinha.

#euprecisavadizeristo

Carma

Essa coisa de dia dos namorados mexe com a cabeça da gente né? É que eu não tenho dado muita sorte ultimamente e a minha vida afetiva anda uma barafunda só.
Estou falando de sorte mesmo. Dos encontros aleatórios e das surpresas que a vida oferece. Eles jamais me acontecem.
Só pode ser carma.
Nunca calhou, por exemplo, eu deixar os livros caírem bem na hora que o menino está passando no corredor do colégio. Aquela cena linda, em que ele se abaixa pra me ajudar a catar a bagunça e nós nos olhamos e nos apaixonamos do nada, à primeira vista. Pois é. Nunca me aconteceu.
Ano passado derrubei por acidente uma garrafa de vinho no mercado, bem perto da perna de um rapaz. Ele ficou tão irritado com o susto e com a calça branca manchada que quase me bateu.
Uma amiga me contou que conheceu seu namorado ao ser atropelada pelo amigo dele. De vez em quando, ao atravessar a Angélica, eu penso em me jogar na frente de algum carro. E como bem lembrou um amigo, é melhor eu escolher bem o carro que pretendo atropelar. Se for um Fiat 147 não vale a pena.
Fui procurar “Carma” na Wikipédia: lei que afirma a sujeição humana à causalidade moral, de tal forma que toda ação (boa ou má) gera uma reação que retorna com a mesma qualidade e intensidade a quem a realizou, nesta ou em encarnação futura.
O que será que eu fiz, nesta ou em outra encarnação?
Quem pensa que o melhor lugar pra paquerar em São Paulo é barzinho ou balada está enganado. O melhor lugar pra paquerar em São Paulo é no trânsito.
Tenho uma amiga que conheceu o atual na 9 de julho. Eles dirigiram lado a lado um tempão conversando e acabaram parando pra tomar um suco na Frutaria.
Mas isso nunca acontece comigo. Ou o vidro do meu carro está fechado, ou o motorista do carrão parado ao meu lado, noventa e nove por cento das vezes, é mulher. O mundo está infestado delas.
Hoje fui almoçar num lugar bem bacana, cheio de executivos esgravatados. Minhas amigas diriam que o lugar era "Super Foco". A minha mesa tinha, de um lado um casal, do outro uma turma de amigas. E isso acontece sempre, seja no barzinho, no teatro, no show ou no cinema.
Diante de tanta má sorte tenho que, eu mesma, garimpar meus namorados. Não adianta deixar o lencinho cair no chão.
Uma vez no colégio eu fingi um desmaio, bem na hora que o menino por quem eu era apaixonada vinha passando. E eu juro que isso é verdade. O nome dele era André. Mas o amigo dele foi mais rápido e me socorreu, me levando pra secretaria. Muito azar! Tenho uma vaga lembrança de acordar (ou, fingir que acordava) e dar de cara com a diretora. Pela mentira fiquei de castigo por dois dias.
Falando em derrubar coisas, lembrei agora de uma amiga que, quando passa um homem interessante, ela joga um brinco na frente do cara. Teve um dia que, na falta de brinco, ela jogou o celular mesmo. Com ela sempre dá certo.
Já ouvi dizer que vale a pena assistir espetáculos de teatro infantil aos domingos, pois estão cheios de pais separados. Quando bater o desespero posso tentar. Mas acho isso meio fim de carreira. Existe também a opção de fazer mercado às sextas-feiras à noite. Mas, honestamente, prefiro ficar de baixo da coberta assistindo seriado atracada ao meu aquecedor.
Pra piorar eu ainda sou muito distraída. Portanto, se você anda me paquerando, por favor me avisa. Se depender de mim não vou perceber! #‎ficadica
Como se anula um carma? Se alguém tiver uma pista, eu agradeço. Assim como agradeço o convite para conhecer um amigo. Bacana, por favor, que de trastes já estou até a tampa!
Eu Precisava Dizer Isto

#‎euprecisavadizeristo

Ao me prenderes numa gaiola
Forjada da mais fina joia
Coberta dos mais ricos diamantes
Vais pensar que me tens
Mas eu não estarei lá
Ao me deixares liberta
Solta em meus mais belos voos
Plena de meus mais lindos sonhos
Assim me terás
Pois o amor que molda, que castra, que censura
Não é amor, mas vaidade
O amor que prende, que modifica, que impõe
Ganha um prisioneiro
Mas perde o ser amado

‪#‎euprecisavadizeristo‬

O Exageramento dos Sentidos

O mais curioso de tudo isso foi eu ter pensado o tempo todo que estava no comando se na verdade estava sob seu domínio.
E é engraçado como eu, desde sempre, supus poder manter você num mundo só meu e a vida foi dando um jeito de te tornar realidade.
E é espantoso eu me pegar aqui fazendo planos e tentando desenhar o impossível.
E querendo encontrar um modo de te encaixar nos meus dias, mesmo sabendo que você não estará neles, que nunca foi ou será parte do que eu vivo e que a única coisa que sempre nos uniu foi a exata inexistência de laços.
E monto cálculos aritméticos complexos que resolvam a equação dessa nossa união, mesmo sabendo que nenhuma matemática jamais vai compreender a tangência entre as nossas vidas, e nós nunca seremos nós, mas, você e eu.
Como aceitar essa ardilosa trama do viver se sabemos que não afinamos juntos além daquelas poucas horas dos encontros eventuais onde fomos concebidos para nos tornarmos existência e permanência, um do outro, um no outro.
Como permitir que sejamos condenados a nunca existir se inventamos juntos todas as formas de amar. E se ao nos unirmos somos tão singulares, indivisíveis e únicos como nunca antes houve e nunca depois haverá.
Pois juntos somos a explicação para todas as teorias do afeto e a real possibilidade da imortalidade. Somos o encontro entre Eros, carne e desejo, Filia, virtude e irmandade, e Ágape, doação e divindade.
Juntos damos corda no relógio do tempo, somos o sentido do mundo e a natureza em completude. E tornamos todo excesso possível, pois somos a nebulosa em expansão, o Átomo Primordial e a explosão estelar.
E o mais curioso foi eu ter imaginado que te manteria sob meu controle, como meu segredo, minha fantasia e meu carnaval, se em nosso encontro somos o alvorecer dos dias, o vociferar dos deuses, o exageramento dos sentidos.
Como eu pude pensar que nossas vidas não se tocariam se, juntos, somos a abundância dos prazeres, a profusão dos afetos, o perfeito equilíbrio, a razão e a coerência.
E somos capazes de tornar todos os sonhos possíveis, toda matemática simples, toda condenação liberta, pois juntos somos amor, em estado puro.
#EuPrecisavaDizerIsto

E eu preciso pedir que você se vá, mas, ainda não consigo.
Esta tudo muito confuso agora e eu estou aqui falando sozinha e sufocando com as palavras que eu preciso te dizer mas você não me ouve.
E eu sou sempre ouvidos, carinhos, conselhos e você nunca está disponível pro que eu tenho que falar e eu fico aqui, repetindo, e repetindo e repetindo pra mim mesma o que eu preciso dizer sem ter a quem. E eu vou sufocar com essas palavras que estão presas na minha garganta e que eu preciso gritar.
Então me ocorre que talvez tudo tenha sido alguma brincadeira de mau gosto, mas aí eu lembro que é de você que estou falando, e que você não brincaria, e eu começo a pensar que, talvez, eu não te conheça, e que a pessoa que eu conheci talvez não seja exatamente você, mas outra. E penso que agora nem mesmo você sabe quem é, e que nós talvez não tenhamos sido nós, ou talvez nem mesmo tenhamos sido.
Esta tudo muito confuso agora e eu não aguento mais gritar em silêncio palavras que ficam se jogando de um lado pro outro da minha cabeça sem eu poder dizer nada porque você não me ouve. E no seu silencio você vai me dizendo sem palavras aquilo que eu não quero ouvir, e a sua mudez vai me negando as respostas que eu preciso escutar.
Você vai precisar me deixar agora. E enquanto você não souber quem é, enquanto não quiser ouvir o que eu preciso te dizer, e enquanto não tiver as respostas que eu preciso escutar, não volte.
Por favor, não volte.