Coleção pessoal de suzanneleal

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Eu devia creer
nas possibilidades
nos sonhos
na saudade
nas verdades.
Eu devia creer
no amor
no calor
no coração a saltitar
e nas pernas a bambolear.
Eu devia creer
nas esquinas a revelar
nos desejos a mostrar
nos momentos a guardar.
Eu devia creer
no sorriso
na surpresa
na certeza
de um momento desejado
de um beijo roubado.
Eu devia creer
na vida
na paixão
na solidão
e tudo mais
que fizer bater o coração.
Eu devia creer
no desejo
na esperança
e nos meus sonhos de infância.
Eu devia creer
e somente creer
ter credulidades
e fazer de tudo realidade.

Aguarda o momento. Dorme e não se preocupa, porque qualquer sentimento mesquinho é pequeno demais diante da vida.

Quando o sol chegou, todas as minhas horas tornaram-se escuras...
A noite me mostrou o caminho!

Aluga-se um amor!
Que capricha,
afaga,
respeita,
envolvida por alguma
discussão boba,
seguida de beijos quentes
e desejos ardentes.
Aluga-se um coração!
Sonhador,
pulsante,
vibrante,
que aquece em
noite fria,
faz charme,
abraça forte
e nada mais...

Me falta calor,
sabor,
corpo presente,
nesse momento ausente.
Horas a sós,
a dois,
respiradas num abraço,
num sopro,
num descompasso.
E uma dança,
sem música,
dança de amor,
de paixão
e não de solidão.
Carinho ao tocar,
mãos a acalentar,
gosto a despertar,
arrepio a sentir,
quando o cabelo esvoaçar.
O chão a estar presente
o relógio a observar
o íntimo e tocante
o segredo ardente
de um desejo ausente.

Não quero mais esse disfarce,
de estar atrás das lentes,
da roupa,
da cor pintada à força,
da imagem moldada...
Quero um sorriso desbocado,
mãos avulsas
e olhar desconsertado,
deixar as migalhas
e não mais voltar para pegá-las.

Como descrever você? Eu a descrevo como 'eu'. Soa estranho, mas é assim que a
descrevo, porque ela se encaixa em mim, ou seria o contrário, eu que me encaixo nela?
Quanto a isso não me preocupo em saber, pois basta sentir que eu sou ela e assim nos
entendemos...
Deixe-me tentar senti-la e então poderei explicá-la melhor...
É algo imenso, intenso, confuso. Quando menos espero, suas letras estão eufóricas,
agitadas, mexem-se, dançam, pulam, gritam...
Fiquem quietas um pouco! Comportem-se! Que agitação mais ansiosa! Essa ansiedade às
vezes me adoece, porque o meu corpo acaba se concentrando somente nela.
Já estou vendo uma letra balançar a perna e olhar para os lados impacientemente... o
que estaria procurando? Talvez só esteja esperando as duras palavras irem embora,
porque elas não gostam que suas letras a amarrem, nem ameacem, elas gostam mesmo
é de liberdade...
Às vezes ela me parece cansada, mas só podia estar, depois de tanta energia à solta...
Lembra-me também algo um pouco escuro, mas também um pouco claro, com tons e
contrastes avermelhados. Seria então o pôr-do-sol com a noite prevalecendo? Não,
com certeza não, porque o pôr-do-sol é calmo, a Inquietude é inquieta...
Eu tenho apenas uma coisa pra dizer à você:
Não Inquietude, não estou pedindo que pare, é da sua natureza ser assim, parar seria
angustiante, você é um tanto avassaladora e não comportada. Também não estou
dizendo que não posso tê-la comigo...
Só te peço pra gastarmos essa energia de outra forma, pois o modo como vem sendo
feito está me desgastando, me sufocando, porque senão Inquietude, como poderei
levá-la aos mais intensos e vívidos momentos, se na metade do caminho já tivesse me
desconstruído toda?
Eu a ajudo e você me ajuda... e assim vamos seguindo...

Gostaria de contar algo ao mundo, algo que tivesse tamanha grandiosidade, algo que
(talvez nem precisasse ser importante) fosse intenso, algo que fizesse com que as
pessoas percebessem algo de si... mas não consigo inventar, um trechinho sequer,
algum tipo de sensação ou algo parecido...
Talvez um sonho. É! Um Sonho nítido, daqueles que a gente acorda no meio da
madrugada com sentimentos e vibrações intensas, que parece mesmo ter sido real...
daquele que a gente diz "droga, foi só um sonho" ou então "ainda bem que foi só um
sonho".
Quem sabe eu só precise escrever o "tim lim tar" dos meus dias. Mas ao mesmo tempo
eu penso, o que teria de interessante em descrever as expressões dos meus dias?
Seria chato, enfadonho...
Ops! Tenho vivido uma chatice então?
Deve ser por isso que me sinto tão cansada. Sentir-se enfadonho o tempo todo deve
ser muito cansativo, suga a alma a um ponto de deixá-la sem entusiasmo, melancolia...
O estado de melancolia também é muito cansativo. Contaram-me uma vez que ninguém
gosta disso. É... devem não gostar mesmo...
Também me disseram uma vez que tudo é questão de opção, mesmo que eu escolha
fazer nada... ainda assim está sendo opção minha não fazer nada...
Só que o nada leva a nada, a lugar nenhum...
Esse tal de lugar nenhum deve ser entediante. Imagino até como possa ser, um pouco
rústico, velho, desconfortável e de cor marrom. Opa, eu não gosto de marrom, é opaco,
fechado, não combina com coisa alguma, é sem graça... deve ser por isso que o marrom
me lembra o nada...
Espera!
Eu voltei ao mesmo ciclo, voltei ao nada.
Então, está na hora de fazer um caminho diferente.

Quantos desencontros já tive
becos sem saída
sentada sozinha em uma
mesa de café.
No bar, um só drink.
No baile, uma dança separada
um anel solitário
e pulseira sem par.
Uma estadia do encontro
de uma única pessoa.
O olhar estático.
O pensamento solto.
O rosto estagnado em
uma só expressão.
Sombras e corpos separados
vida de momento.
De dia, um abraço ao vento.
À noite, ao travesseiro.
Copos quebrados.
Papéis rabiscados.
Sonhos e retratos espalhados
pela casa.
Espaços nunca preenchidos
perdidos no tempo do nada
no véu do mundo
em eterno desencontro
que sempre me leva a outro.

A felicidade é tão breve
que por vezes brinco de amar.
Invento um amor, um
nome, um sorriso...
Invento uma paixão, um
olhar, um afago...
Invento um beijo ao luar
ao embalo de uma música...
E assim, quem sabe,
nesse brincar de amar
eu chegue até o dia
que não precisarei mais
inventar um amor.

Não me poupe da vida
nem da alegria
nem da solidão.
Não me poupe do sono
do calor
e da paixão.
Não me poupe de sofrer
levantar
e ser guerreira.
Não me poupe de sonhar
nem do amor
nem de sentar
à beira da fogueira.
Deixe que o momento silencie
toque a mim
e me desperte para o mundo.

Me deixe só
por um instante!
Apague a luz
desligue o som
deixe o vento entrar
deixa meu corpo
respirar...
e meus olhos
descansarem...!!!

Faz um pouco de silêncio!
O quarto está escuro,
a cidade está dormindo,
mas essas vozes não param...
Faz um pouco de silêncio,
por favor!
Deixe-me dormir!
Saia um pouco de perto de mim,
vá dar uma volta
e por um instante
me esqueça!
Deixe o silêncio aqui,
por um momento,
cuidando do meu sono
e tocando minha mão.

Repare como os rostos nas ruas estão sempre longe de si mesmos.
Repare como o caminho percorrido tem algo a mais do que somente imagens vagas
passando.
Repare que o seu olhar não está focado em nada.
Repare que o botão do automático está ligado.
Repare que a energia está se consumindo de forma errada e inadequada.
Repare naquele ponto que sempre ignorou.
Repare no lixo das gavetas e na poeira dos sótãos.
Repare no que se aproxima e vai embora sem nada causar.
Repare nos sinais pelo caminho.
Repare no cachecol apertado e no peso que sustentas.
Simplesmente, repare!

Exagerada
(em tudo, ou quase tudo),
mas acima de tudo,
intensa.
Por vezes,
é na solidão que eu me encontro.
E é na noite
que as sensações
(imaginadas ou reais)
brotam livremente.

Quando dizes que me amas
invade meu coração
sem pudor, nem calma
com um bem querer
que me faz renascer
uma jura que me devora
no acordar da aurora
e depois me deixas sozinha
a desejar sonhos distantes
sofrendo a cada instante.

_ Me peguei pensando...
(E milhões de estrelas escapuliram fugazmente do meu pensamento. Upsss... Esperem!
Não fujam! Voltem para os seus acordeões, para os campos mais belos do espaço,
ocupem cada uma seu cantinho e encaixem-se como cada planeta e brilhem em direção
ao lugar certo).
_ Ops, um awarennes!

Quando durmo os fantasmas aparecem
se apresentam em imagens opacas,
tons e cores sem forma...
São eles que povoam
o mais profundo da minha mente
que apresentam o que está submerso
o que está supostamente perdido
revive tudo que está em aberto
que está ferido.
São eles, que tiram o meu sono,
minha alegria, meu viver
e me prendem a uma invenção
a um 'eu' de mistérios
e portas fechadas.
São eles, a quem
preciso derrotar!

Ouça,
há tanto silêncio no medo.
Ouça,
a noite se calou e se recusa a soprar o vento.
Ouça,
a alma que saltitava emudeceu-se em suas trevas.
Ouça,
não há pessoas, não há pássaros, é só uma cidade morta.
Ouça,
a inexpressividade do rosto que não sabe mais brilhar.
Ouça,
não escuto nada, nem em mim, nem no mundo.

A ansiedade causa 'nós'
e 'entrenós' na garganta,
um mar de reboliço
no estômago,
como se estivesse sempre a velejar.
O enjôo é constante
e a terra nunca está à vista.