Coleção pessoal de Superjujar

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⁠<Sambista Considerado>
O sambista considerado entrou no pedaço já lotado
Na cadência do surdo, lentamente caminhando
Sorridente, cheio de marra, a todos saudando
Sacou logo aquela morena faceira, garbosa, se exibindo.

Sem vacilar, encarou e foi desafiar, vem comigo sambar
Linda, atrevida, a Morena sorriu, logo aceitou,
No sapatinho, cheia de graça, foi se aproximando
O casal, enlaçado, no ritmo adequado, foi causando.

Roda formada, aplausos, incentivos e eles rodando
Alegres, felizes, seguros, o samba solto rolando
Na pista o casal se superando, igual Mestre Sala e Porta Bandeiras
Empolgados, todos caem no samba sincopado, bem balanceado.

Alegria geral na comunidade da Vila Sacadura Cabral...

(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
Juares de Marcos Jardim – Santo André / São Paulo - SP

⁠A centelha que nos mantém vivos é tão tênue quanto a fagulha que nos leva a morte. Efêmeros somos, simples poeira cósmica, lapso orbital, existência acidental.
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo)

⁠Era uma vez uma Fada que vivia à beira de uma nascente, cujo riacho percorria a densa Floresta Encantada, até despencar na ribanceira e desaguar no mar, no Mar dos Meus Sonhos, na Praia dos Enamorados, nas areias multicoloridas e caleidoscópicas da Praia dos Prazeres..."

⁠Mentes inquietas,
corações acelerados,
espíritos dispersos,
almas penadas.

Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo – SP.
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

⁠O sambista e o Covid 19
O sambista diletante, já aposentado, depois de contribuir ao INSS por uns 47 anos, começou a frequentar as Rodas de Samba nos Bares temáticos da sua cidade natal. O que era uma aspiração juvenil se transformou em paixão passageira e depois se tornou amor eterno. Resultou no casamento perfeito (tipo a fome e a vontade de comer). Bem assim. Desde a infância (anos 50), o dito “Sambista Diletante” tinha aprendido através das “ondas sonoras” das emissoras de rádio AM, a apreciar o Sertanejo Raiz, o Samba e o Choro, com destaque para os compositores e intérpretes dos anos 20 a 50. Nas Rodas de Samba reencontrou muitos “amigos de infância e juventude”, além de colegas de estudo e trabalho. A cada reencontro era uma festa. E também granjeou novas amizades. Os canais de comunicações Facebook, Whats e E-mail se tornaram a ligação quase que diária com alguns, uma vez por semana com outros, mas o importante mesmo era aquela agradável sensação do reencontro e da troca de energias. A música é linguagem universal, enleva, alegra, aproxima as pessoas. Até que a pandemia 2020 surgiu e foi necessário confinar as pessoas, isolar socialmente os mais vulneráveis (grupo de risco), a obrigar a população a usar máscaras faciais protetivas e seguir rígidos protocolos de segurança. Desde o início de março o Sambista Diletante se recolheu, juntamente com centenas de músicos e amantes da MPB, entrando no esquema de hibernação. E somente pelas redes sociais se comunicam com familiares e amigos. Alguns mais afoitos (e imprudentes) continuaram a frequentar os botecos preferidos, a se reunir com os amigos nas Rodas de Sambas, à revelia das orientações dos médicos e gestores públicos. Muitos contraíram o Covid 19 e alguns já partiram antes do combinado. Até quando assim será?
Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo – SP.
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

⁠"Distantes, não podemos nos tocar, mas, podemos tocar nossos corações, nossas almas podem se abraçar, em sonhos podemos dançar, devanear..."
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

⁠Certa vez uma pessoa me disse: "Você jamais me esquecerá".
Gente, não consigo me lembrar quando foi e nem quem disse isso.

⁠Ela é fogo, é paixão, sorrindo, enfeitiçando e incendiando corações, despertando intensas emoções, brindando ao amor, à felicidade, ela paira soberana sobre a cidade, buscando a plena felicidade, sem pretenções, sem veleidade, ela é beleza pura de verdade. Seu nome é...

(Juares Sasso Jardim - o Sacy Pererê do Grande ABC - Santo André - São Paulo)

⁠Eu semeio... Tu florescesses... Nós germinamos... Elas nascem, crescem, multiplicam. Assim o Ciclo da Vida. Inseminar, germinar, florescer, polinizar...

(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

Outono - Noite fria - Madrugada sombria
Brilha a Lua de Outono, noite quase fria, madrugada sombria, assombros da planetária pandemia, que nos atingiu ao romper do dia, quando o povo ainda amanhecia. Implacável, cruel, tornou-se fiel companhia àqueles que com alguma doença incurável convivia, ao infortunado que com baixa imunidade sobrevivia, na esperança que de alguma forma a cura viria. Insone, eu prometia que resistiria, que escreveria e aos quatro ventos postaria, que amplamente compartilharia meus temores, presa fácil da sutil armadilha, da oceânica quinquilharia, da orbital pancadaria. Uma morte inglória assim, é tudo o que eu não pretenderia... Jamais sonhei que assim quedaria, inerte, sem a esperança de um novo e abençoado dia.
(Juares Sasso Jardim / Sacy Pererê do Grande ABC - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

MOMENTOS IDEAIS PARA ORAÇÕES, MEDITAÇÃO: Às 06:00hs e às 18:00hs.
Poucos aplaudem o grande espetáculo, a dádiva da vida. A "civilização" nos treinou para sobreviver, recuar, avançar, guerrear, trabalhar em equipe, vencer a qualquer custo, defender espaços, transpor diariamente obstáculos, para podermos prover nossas famílias e auxiliar os amigos queridos. Paradoxalmente, essa entrega total compromete a própria existência. O que fazer? Como "equilibrar" trabalho, família, escola, saúde, religião, convívio social, esportes, entretenimento?
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

Sob a poeira do tempo, jaz imóvel tudo que outrora reluzia, imponente. Lembranças esparsas ao vento, epopeias submersas na lama do esquecimento. Quantas batalhas, derrotas e vitórias, espargidas ao vento. Agora, sozinho no obrigatório isolamento social e familiar, meu lamento é por tudo que deixei de fazer. Imperdoável adiamento. A locomotiva ficará imóvel, os vagões permanecerão estacionados, mas os trilhos continuarão por muitas décadas.
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

SAUDADES... MUITAS SAUDADES...
Certa vez meu pai falou: “Meu filho, não diga nem faça nada que um dia possam usar contra você. Respeite o próximo, as leis, as regras de convívio social. Cuide da sua vida e de seus familiares e amigos próximos. Tua saúde é o bem mais precioso: Assim poderá sobreviver e ajudar aos mais necessitados. E lembre-se sempre: 1) Quem bate em pequeno é covarde, quem apanha de grande é bobo. 2) “Lute para ter o que é seu de direito, jamais cobice ou tome nada dos outros.” Não assim, literalmente, eu acrescentei outros conselhos dele. Procurei pautar minha vida seguindo os conselhos do meu pai. Depois do décimo tombo sério e ralada geral, deixei de brincar / competir com o Carrinho de rolimãs. Depois de quebrar os óculos de um coleguinha, nunca mais usei o estilingue e a sacolinha com mamonas. Depois de ser atropelado por um caminhão aos 10 anos, nunca mais atravessei as ruas desafiando o trânsito. Fascinado por armas de fogo, após os primeiros tiros decidi manter distância dos gatilhos. E assim fui levando. Sempre preferindo prevenir, para depois não ter que remediar. Mas acidentes acontecem, independente dos seus cuidados. Nem todos os acidentes são provocados por humanos. Os fenômenos naturais provocam cataclismas, tragédias universais. Quem pode evitar os efeitos devastadores das erupções vulcânicas, dos terremotos e tsunamis? Quem poderia prever a mortandade diante da Gripe Espanhola? Agora me recordo dos versos da canção “Quem inventou o amor”, de Dorival Caymmi (Quem inventou o amor / Não fui eu / Não fui eu, não fui eu / Não fui eu, nem ninguém / O amor acontece na vida...). Pois então, quem criou esse terrível Coronavírus / Covidi-19 não fui eu, não sei quem foi, mas essa pandemia está me impedindo de seguir a rotina: Pagar taxas e impostos, comprar alimentos, pagar as contas mensais, abastecer o carro, curtir o samba raiz com amigas e amigos toda semana, paparicar os netos, procurar não dar trabalho para os filhos. Confinado voluntariamente desde o dia 14 deste mês, antecipei as medidas indispensáveis à preservação de todas as pessoas com as quais convivo, muitas das quais nem mesmo sei o nome. Recomendei ao síndico do meu prédio a imediata adoção de medidas, como disponibilização de álcool gel nos acessos (portaria, elevadores), a restrição para entrada de terceiros no prédio, as orientações básicas aos funcionários, a interrupção de quaisquer atividades nas áreas comuns. Repassei minhas preocupações aos familiares e amigos. Continuo seguindo à risca as recomendações das autoridades da área da saúde. Mas a saudade de tudo o que deixei de fazer é o que mais me martiriza, ao lado do pesar pelos adoecidos e pessoas menos afortunadas. Sinto muita saudade dos bailes, dos espetáculos teatrais e musicais que deixei de frequentar, dos cinemas que nunca mais entrei, das peladas domingueiras, das caminhadas diárias nos parques da cidade e até mesmo das missas.
Pois é. Não adianta “chorar o leite derramado”. Agora só nos resta orar e ter esperanças de dias melhores. Nesse meio tempo, é bom ir anotando na agenda tudo aquilo que nós gostaríamos de fazer. Até lá.
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

CAUSOS PÓS CORONAVÍRUS 2020
Uma vizinha do meu condomínio interfonou: “-Alô, é o Dr. Jota? Me desculpe, aqui é a Leda do apartamento 122, a gente nunca se falou antes, mas me disseram que o senhor é uma pessoa muito legal. Preciso falar com alguém. Ouvir vozes, pelo menos, já que não podemos nos abraçar.” Pasmo, quedei mudo, por instantes. “Doutor, o senhor está me ouvindo?” Mesmo sabendo do risco, decidi Compartilhar: “-Sim estou ouvindo sim Dona Leda. Fique à vontade para conversar. No que eu posso ser útil?” Mal falei e me arrependi. Soou igual aos atendentes das lojas. Dona Leda prosseguiu: “Posso te chamar de Jota? É mais íntimo...” Vixe. Agora que ela ouviu minha voz (grave, envolvente), vai ser difícil administrar. Mas vamos lá, a causa é humanitária. A solidão é atroz para muitos idosos. Mesmo tendo familiares não muito distantes, a maioria é ignorada pelos parentes. Não é por maldade, apenas cada um tem suas próprias preocupações e prioridades. Poucas pessoas (Anjos de Luz) dedicam algum tempo àqueles mais frágeis, mais vulneráveis. Interessante notar que muita gente faz doações (em espécie ou em dinheiro) para instituições e causas diversas, mas nunca pensaram em saber como vivem alguns familiares menos afortunados. Duvido que vocês não tenham pessoas próximas que se comportam assim. É rápido e confortável fazer doações pelas redes sociais e ou transferências bancárias, sem necessidade de “encarar a realidade”. Tudo bem, sem críticas, somos imperfeitos e cada um faz o que pode. “-Como o senhor está enfrentando esse confinamento? Eu sempre fui “rueira”, desde que me aposentei na Rede de Ensino Pública passei a sair com as amigas, ir aos shoppings quase diariamente, aos cinemas e teatros pelo menos uma vez por semana...” Pensei bem antes de responder, esse tipo de papo é o ideal para profissionais que cobram “por hora”, com pacientes confortavelmente deitados no divã, o que não é o meu caso. Decidi encurtar a conversa: “Dona Leda, foi prazer conversar com a senhora, mas estou com duas panelas no fogão que exigem minha atenção. Podemos falar em outro horário? Legal. Muito obrigado por ter me ligado. Saúde e boa sorte.” Ela foi compreensiva e se despediu, agradecida. E lá fui eu cuidar dos afazeres domésticos, afinal, há muitos anos moro sozinho e é preciso “se virar”.
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

Vai Verão, vem Outono mais uma vez,
Outras nuvens, nova estação
No ar aquela esperança do talvez
No peito um aperto, uma certa emoção.

Céu encoberto, respingos de melancolia
Sons, imagens, tanta recordação
Há pouco euforia, agora calmaria
Na sintonia fina do coração.

Ligeira, vem e vai a tempestade,
Voltando o radiante sol a brilhar
Em instantes se esvai a efêmera felicidade
A saudade é eterna, veio para ficar.

Aquelas sementes em breve germinarão
Muitas perfumadas flores no jardim
Há de florescer nova paixão
Nessa busca sem fim.

(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

ELA VOLTOU... A GAROA VOLTOU NOVAMENTE...
Hoje o sol surgiu na Capital paulista, meio tímido, mas ao menos apareceu, porém, não ficou muito tempo e se escafedeu, encoberto pelas nuvens ameaçadoras. A senhora que aguardava o ônibus desdenhou: " - Quem tem medo de nuvens? Eu temo trombadinhas motorizados." Ergueu o queixo, cruzou os braços e me deu as costas. Respirei fundo, resisti alguns segundos, contando até 10. E respondi: "Quem não tem guarda-chuva tem medo de chuva. Quem tem celular tem medo de trombadinha. Assim caminha a humanidade, nesta cidade. Sem dó nem piedade, pro marginal tua vida vale a metade." Ela se voltou, soltando chispas pelo olhar. Felizmente o ônibus chegou e ela se foi. E eu fiquei a relembrar os anos 50, 60, quando no outono e inverno a névoa úmida dominava as madrugadas. O sol só aparecia depois das 9 horas. E pontualmente às 15 horas a garoa se apresentava, por vezes seguida de densa neblina. Bons tempos. Mas este ano São Pedro nos pregou uma peça: o verão veio fantasiado de outono-inverno. Será a nova moda?
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

"Os pingos da chuva, ao abraçar vidraças, se tornam caleidoscópicos traços translúcidos..."
(Juares de Marcos Jardim / Santo André Sacy - São Paulo-SP - © J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

"Quando a vida fenece
o espaço da memória cresce.
A gente nunca se esquece.
Ao relembrar, o coração se aquece
e aos Céus elevamos aquela prece..."

(Autoria: Juares de Marcos Jardim / Santo André Sacy - São Paulo-SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

ONTEM, HOJE, AMANHÃ...
Você já deu o seu, hoje?
Não adie. Um beijo adiado é um beijo perdido, assim como um abraço amigo. Ouça o que digo: O melhor da vida é o carinho repetido, o beijo molhado, o afago retribuido, o abraço apertado, o arrepio sentido, o tesão compartilhado, o instante gozado...
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo-SP)

Luz e escuridão. O bem e o mal. Otimismo e pessimismo. Paz e guerra. Amor e ódio. Fartura e miséria. Anjos e demônios. Progresso e estagnação. Verdades e mentiras. Ética e canalhice. Moral e imoral. A dualidade permeia a humanidade, que se agita diante do incerto futuro. O cristianismo se desenvolveu na tradição dualística de Israel. Incorporou a cultura greco-romana, que também era dualista e influenciou outras culturas e religiões. O islamismo não foi diferente. A meditação é um dos caminhos para se ir além do dualismo. Quando a mente cessa, podemos superar resquícios da memória atávica e descobrir um princípio unificador que nos leva a compreensão do todo, da unidade e diversidade cósmica. (D. Juan de Marco - filósofo espanhol Sec. XVIII incorporado por J. Jardim - Sacy Pererê).