Coleção pessoal de rosariobissueque

Encontrados 20 pensamentos na coleção de rosariobissueque

“O maior crime dos poderosos não é roubar dinheiro, é roubar tempo: décadas que nunca mais voltam.”

Muitos não querem saber da tua obra. Querem saber se és casado, pobre, bonito ou religioso.

Irmãos, o que é que um homem aprende vivendo tanto?

"Mas há quem diga que, Deus é infinito, só que ninguém explica se é infinito como o mar. Outros dizem que é amor. Mas o amor que eu conheço, machuca, abandona, mente e até pode matar."

A homilia das oito dizia que a fé salva.
Às nove, o bairro todo ardeu e ninguém ligou. Deus ouviu, riu e depois foi-se embora de boleia num jato da ONU.

Quando alguém pensa que tem sempre a razão, já não consegue ver os próprios erros.
Juntar pessoas na rua é fácil, mas o mais difícil é mostrar o caminho depois da confusão. A rua é força, é voz, é movimento, mas sem direção vira só poeira levantada pelo vento.


Muitas vezes fala-se de esperança, mas acaba em desilusão porque não existe continuação. São muitos gritos e poucas soluções, levantar bandeiras sem saber para onde ir não ajuda.


Sem visão clara, o povo é usado como combustível, queimado só no calor das palavras. E cada vez que isso acontece, a confiança desaparece. Falar sem mostrar saída é armadilha; a rua não pode ser lugar de ensaio. A esperança não cresce com barulho, cresce com planos firmes

"Quando não fores entendido, é sinal de que estás certo."

Neste lugar, as pessoas esquecem-se da vida, da morte… não sei. Mas esquecem-se sempre de alguma. coisa."

"Não participes do sistema que destrói a verdade. Mesmo que fiques sozinho, que te silenciem, morre com integridade. Este é o meu verdadeiro conselho".

E os mártires?
Kkkk... bom! Os mártires... que se acomodem nas valas comuns.

E para terminar, minhas senhoras e meus senhores, sigamos então com um minuto de silêncio por todos, todos os que foram levados à rua e deixados lá. Um minuto de silêncio.

De igual modo, saudemos ainda os que fazem discursos sobre a paz, com o dedos no gatilho e os que prometem liberdade enquanto fecham todas as portas. Que não lhes falte a coragem de rir no funeral.

De seguida, aplaudamos todos os que confundiram privilégio com profecia e ergueram castelos com suor alheio, atingindo assim a Torre de Babel. Porque se forem problemas mentais meus senhores, todos temos, incluindo eu e eles.

"Um aplauso tão caloroso aos que marcharam à frente do povo e voltaram com os bolsos cheios. Não, não falemos dos nomes."

"Cada mandamento é também uma corrente"

"Deus olha por todos nós, se em palácios, ou em desertos, somente sua fé pode limitar a distância entre você e Deus"


Hoje é Dia do Livro. Aquele objecto cheio de letras que muita gente só compra para decorar a estante ou posar para fotos com ar inteligente. É também o Dia dos Direitos Autorais, que serve para lembrar que copiar o trabalho dos outros sem dar crédito não é criatividade, é preguiça. Mas pronto, neste dia todos fingem que amam livros e respeitam autores. Amanhã?
Voltamos às citações mal feitas e aos textos roubados.

Rosário Bissueque
"Que a poesia continue a ser um meio de libertação"

⁠A ORQUESTRA DO INÚTIL

Às vezes, tento querer escrever o que esta sociedade pretende dizer, mas logo descobro que ela mesma já se perdeu na vontade de enunciar-se. Não há verbo que a represente, nem sujeito que se assuma. Há, sim, um murmúrio colectivo, um desejo de parecer pensamento. E escrever o que a sociedade quer dizer é como tentar traduzir o silêncio de um homem que aplaude porque os outros já o fazem. É tentar dar nome ao abismo quando o abismo, educadamente, nos pede um autógrafo. E depois só contamos. Contamos quantas horas restam até o próximo.

Há quem, por ofício ou desvario, destile notas como se o tempo coubesse inteiro numa só melodia. E fá-lo com tamanha urgência que o silêncio. E depois morre afogado na enxurrada de compassos. E assim, entre a batida e o aplauso comprado, ergue-se o trono de um Rei, não por virtude mas por volume, não por arte mas por frequência.

É nobre, sim, o timbre. E há talento disso ninguém duvida, mas até o ouro, quando em demasia, perde o espanto e vira moeda. E a sociedade de ouvidos embotados, aplaude por reflexo. Confunde constância com génio, e quantidade com legado. Ora, família, o excesso também é uma forma de desperdício.

⁠QUEM ME OLHA HOJE

Quem me olha hoje não vê o que Namarroi fez.
Namarroi é um espelho partido. Mas calma aí, estrangeiro — aqui também há progresso. Entendeu?

Uma antena nova;
Mais uma estrada bem cavada;
Uma estação de rádio sem emissão;
Duas selfies ao lado do tribunal;
E um lindo discurso de quem nunca cozinhou numa panela de barro.

E daí?
Daí tive mais ensinamentos: ensinaram-me a ter orgulho da terra.
Só faltou uma coisa — não me avisaram que o orgulho também dói,
e que até o silêncio protesta.

Mas não, meus amigos,
Namarroi não nos deve nada.
Mas devia-se a si mesma.

⁠Livrai-nos de tudo
senhor!
Livrai-nos de ti,
também.
Ame-nos.
Ame!