Coleção pessoal de RaqueldeJesus

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Não tenho mais nenhum compromisso com aqueles monstros chamados seres humanos. Eu mesma me desprezo por fazer parte deles.

Meu nome é Katniss Everdeen. Por que não estou morta? Eu devia estar morta. Seria melhor para todo mundo seu eu estivesse morta...

A ponta da minha flecha move-se para cima. Solto a corda. E a presidenta Coin desaba na lateral da varanda, mergulhando no chão. Morta

Ah, minha querida srta. Everdeen. Pensei que nós havíamos acordado não mentir um para o outro.

O fogo queima mais intensamente na escuridão.

Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho dezessete anos. Meu lar é o Distrito 12. Não existe mais Distrito 12. Eu sou o Tordo. Eu derrubei a Capital. O presidente Snow me odeia. Ele matou a minha irmã. Agora eu vou matá-lo. E então os Jogos Vorazes acabarão.

Gradativamente, sou forçada a aceitar quem sou. Uma menina gravemente queimada e sem asas. Sem fogo. E sem irmã.

Morta, mas sem permissão para morrer. Viva, mas totalmente morta.

Sou o pássaro de Cinna, inflamado, voando freneticamente para escapar de algo inescapável. As penas flamejantes que crescem de meu corpo. O bater das asas apenas faz com que as chamas se movam. Estou me consumindo, porém indefinidamente.

Um bestante do fogo conhece apenas uma única sensação: agonia

-Fique comigo.
  – Sempre – murmura ele.

Lentamente, como eu faria com um a animal ferido, estico a mão e acaricio alguns fios de cabelo em sua testa. Ele fica paralisado diante de meu toque, mas não o rechaça. Então continuo acariciando delicadamente os cabelos dele. É a primeira vez que o toco voluntariamente desde a última arena.
  – Você ainda está tentando me proteger. Verdadeiro ou falso? – sussurra ele.
  – Verdadeiro – respondo. A resposta parece requerer mais explicações. – Porque isso é o que você e eu fazemos. Protegemos um ao outro.

Mas, para o bem ou para o mal, não sou motivada pela gentileza.

Você é pintor. Você é padeiro. Gosta de dormir com a janela aberta. Nunca põe açúcar no chá. E sempre dá dois nós nos cadarços.

Finalmente, ele está conseguindo me ver como eu realmente sou. Violenta. Não confiável. Manipuladora. Mortífera.E eu o odeio por isso.

Não apenas ele me odeia e quer me matar, como também deixou de acreditar que sou humana. Ser estrangulada foi menos doloroso.

Acho que não existe um código de regras do que poderia ser inaceitável um ser humano fazer com outro ser humano.

Veneno. A arma perfeita para uma cobra.

É dez vezes mais demorado se recuperar da crise do que entrar nela.

Qualquer pessoa? Na visita de Snow antes da Turnê da Vitória, ele me desafiou a apagar quaisquer dúvidas de meu amor por Peeta. “Convença a mim”, disse Snow. Ao que parece, sob aquele céu quente e cor-de-rosa com a vida de Peeta no limbo, eu finalmente o convenci. E ao fazê-lo, dei a ele a arma de que precisava para me quebrar.