Coleção pessoal de PietroKallef

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O seu jeito amargo e a paciência momentânea não me convencem, porque te conheço do modo mais insano, nos desejos mais ocultos e na verdade absoluta de quase tudo. A sua covardia assombra e me faz perceber o quanto perdi da minha essência, e somente agora noto que não cumpri com as minhas expectativas e me perco naquilo que dizia querer ser, ou transformar, ou até mesmo mutilar uma parte de algo bom. Enquanto continuar negando pra si mesmo a vontade de viver o que escolheu e não o que decidiram pra você, caminhar será pesado, mas seus olhos continuarão erguidos e a cabeça alta para me ignorar. Não te quero somente nas horas de desespero, no descontrole do que pretende controlar e na dúvida da coerência do que senti, pois, o arrependimento sempre vem depois te conquistar. Quis adormecer ao seu lado, mas os olhos enxergam mais à luz do sol e sair pela porta dos fundos já não é tão natural e excitante, confesso que o que me excita é a verdade pura e simples dos fatos. Aprendi que não estas preparado para receber os sentimentos que relutei que aceitasse, isso não é uma questão de maturidade, e sim, uma decisão sobre o futuro. O padrão te enquadrou e não esperes uma prova de amor maior do que esta: desistir de nós. Amanhã posso não estar neste mesmo plano cósmico, mas sinceramente, iria com a consciência tranquila, pois, esgotei todas as possibilidades e tentativas de ficar ao seu lado e principalmente por eu me perdoar por ter escondido a felicidade durante todos esses anos.

Final

O final não é de comum acordo, aliás ele acaba e ponto. Não existem argumentos que o convença, ou o faça mudar de ideia, é teimoso em demasia. Já vi muitos finais e eu estive presente em alguns deles, e é tão doloroso ter que aceitar essa imposição, essa vontade de continuar a história. O final é de atitude, diz palavras que não amenizam, promete que iremos nos ver ou continuaremos a nos falar nas noites de desespero, mas é tudo utopia. Senti que muitos finais parecem não acabar, não pela vontade do outro, mas pela nossa própria insistência em ter o que não é mais nosso. Chorei no final de certos filmes, e afirmo: eles não eram felizes. Tentei construir uma frase que partisse do ponto final, simplesmente, por não notar que aquilo não era uma reticências e sim um ponto final. Agora me resta encontrar um ponto, que não seja o final, mas o meu ponto de partida, o meu ponto de equilíbrio e a razão para acreditar em diferentes finais, nem tão felizes, mas possíveis.

Porque é tão difícil entender que eu não queria a minha ou a sua verdade, desejei apenas o nosso equilíbrio, o ponto convergente desta metástase cruel.

Eu poderia revelar o seu nome que grita nestas entrelinhas.
Eu poderia escrever sobre qualquer outra coisa, mas você foi a coisa mais importante que eu já tive.
Eu poderia te esquecer, mas a única lembrança que me faz fechar os olhos e sorrir sem motivos é você.
Eu poderia encontrar um novo amor, mas sinceramente eu não me encontraria nesse relacionamento.
Eu poderia rasgar suas cartas mentirosas, mas ninguém me escreve nada.
Eu poderia mudar os móveis de lugar, mas detesto reconhecer que tens um bom gosto.
Eu poderia tirar suas roupas do armário, mas creio que um dia em que sentirá saudades, as usará como desculpa para me ver denovo.
Eu poderia ouvir um disco diferente do seu predileto, mas é que sinto seu corpo junto ao meu dançando sobre o tapete persa da sala.
Eu poderia aceitar o convite dos meus amigos para sair hoje a noite, mas não teria graça e nem brigas no final.
Eu poderia tentar atrapalhar o seu namoro, mas de nada adiantaria, você não acharia isso uma prova de amor.
Eu poderia tanta coisa, mas sou impotente diante deste sentimento, ou doença se assim preferir.
Porém, eu poderia estar mentindo e fingir de que nada disso existe, mas não consigo e te confesso: eu nunca quis que um ponto final, terminasse este texto, pois, poderiam ser reticências, mas não é.

Uma coisa de cada vez: primeiro acordar, depois sobreviver. Tudo vai tomando o rumo certo, voltando às suas posições indigestas e insatisfeitas, e isso não vem me cortando os pulsos mais, porque, quando a verdade se expõe o desejo de se livrar dos sentimentos ruins torna-se a única razão para manter a respiração ofegante. Caí sim, e me levantei sem suas mãos ou um olhar condescendente, sua crueldade não é perceptível ou palpável, mas a reflexão em algum momento se fará necessária. A chuva desce, a terra se encharca de fé e colherei os frutos de uma simplicidade essencial. Talvez eu não seja mais o mesmo, e certamente o amor me mostrou seu lado negro, sua face límpida e indecente. Quero a distância do passado, mudar de cidade, ler novos livros, comer diferentes doces, assistir filmes tristes e trabalhar em algo que faça sorrir. Sigo à procura do "eu" que ficou perdido no chão da sala de jantar, quando você disse a melhor coisa que eu pudesse ouvir: adeus!

Ali, sempre existiu o desejo de ter o que agora é impossível possuir. Ali, meus olhos brilhavam como a estrela mais audaciosa existente no céu. Ali, meu corpo não sabia o que era o toque, mas, ele te queria por perto. Ali, minhas mãos insistiam em ter a suas entrelaçadas como ímã de geladeira. Ali, sorrir era natural e espontâneo, sem disfarces. Ali, acordar, era a grande oportunidade de te ver por mais um dia. Ali, contar as piadas mais sem graça era o que fazíamos nos domingos quentes. Ali, construir a casa na árvore, era o nosso projeto mais concreto sobre o futuro. Ali, chegar até a última fase do videogame era o maior sucesso de todos os tempos. Ali, comer batata frita não havia culpa. Ali, nossas festas de aniversário era divertido de verdade. Ali, brincar na chuva era uma aventura que nos custava um castigo. Ali, cantar sem saber a letra era como se deixássemos uma onda nos carregar para longe do politicamente correto e coerente, pois, não haviam rimas. Ali, esperar as férias de julho era uma ansiedade que atrapalhava até o sono. Ali, ficaram as marcas de giz na calçada enfrente da minha casa. Ali, o pé de manga floriu e deixou que os frutos apodrecessem e germinassem novas formas de sobreviver ao esquecimento de ficar com as mãos amarelas e os dentes cheios de fiapos. Ali, gritar desesperadamente o seu nome no portão será em vão, porque você não vem. Ali, entregar cartas e bilhetes, foi uma atitude imbecil e inútil. Ali, a sua opinião já estava formada e lamento que nos seus planos eu não esteja mais. Ali, seu caminho foi definido pela preocupação do que os outros pensariam e o limite de suas decisões estavam as arestas mais cruéis. Ali, insisti e criei milhares de situações que tapassem a minha visão sobre o que estava acontecendo diante da minha vida toda, porque não é tão fácil se dividir em um antes incrível e um agora sem sentido. Ali, desisti de lutar por uma batalha vencida e continuar a história deste ponto final é algo confuso. Ali, ficou o meu passado, que não renego, porém, me arrependo, não por perder um grande amor, mas por perder a minha essência e a capacidade de me encontrar no tempo certo das coisas. Ali, ficou não só a minha juventude, mas tudo o que acreditei ser você.

A gravidade das coisas tomaram um peso maior quando completei vinte e cinco anos. Estou talvez na metade do tempo, se ainda tiver sorte, e meu metabolismo brinca de ser adolescente, as pessoas começam a sentir mais minhas palavras e não justificam a tal fase como desculpa para ignorar o que realmente penso. Acordar se tornou algo insuportável, e já sinto a minha coluna e a responsabilidade do meu futuro incerto. Flertar se transformou em algo patético, o meu olhar cansado já começa a demonstrar interesse em um relacionamento mais consistente, pois, as festas perderam o sentido e conversar sem a percepção de horário é a melhor coisa que descobri. Meus amigos tomaram rumos complicados e não me esforço para entender, afinal, há atitudes imaturas em nós que começam a incomodar, mas os visito nos feriados para a seção nostalgia. O desconhecido é tão atraente e revigorante. Decidi mudar de cidade e ficar mais comigo mesmo e percebi o quanto sou chato, cheio de manias e ideias confusas sobre a vida, assim, começo o processo de mudança e o meu terapeuta diz: "Você não é louco, o que lhe falta é uma dose de loucura pra ser feliz". Já saio sozinho ao cinema e bebo cerveja nas quartas e sextas-feiras para esquecer os problemas do trabalho e não mais para me divertir. Bom, pode parecer que estou exagerando, mas cada dia é um mesmo dia. No jornal violência, corrupção, na vida monotonia, amores iguais e falta de entusiasmo, afinal, não é fácil chegar aos vinte e cinco e notar que o "tudo" se resumi "nisso" ou "naquilo", entretanto, tenho a oportunidade de concluir hoje, não tudo o que deveria, mas ao menos este relato.

Desejo tempestades. Chega de chuvas calmas, que não me molham, que não cobrem minha pele e que não fazem com que o medo seja silenciado pelos raios e trovões.

-Divirta-se, disse Amélia com os olhos cheios d'água, escorrendo uma lágrima apenas no lado esquerdo da face e com uma boca silenciosa. Ela não estava sofrendo por Pedro, ela estava se libertando de uma vida sem felicidade e prazer, realmente daqui pra frente serão dias alegres e muito divertidos querida Amélia, pena que a ação lhe foi tolhida. Porque Senhor tempo, tanto cinismo e sarcasmo? Assim partiu a moça montada em um cavalo preto rumo ao desconhecido, porém, longe de tudo, talvez era essa a plenitude que tanta falava. Hoje vi Pedro sentado sentindo falta. Infelizmente aprendemos apenas quando perdemos certas coisas, objeto ela era. Afinal quem era Amélia? Eu? Você? Nossa, quantas "Amélias"? O destino é esse meu caro, aceitar tudo que não faz sentido em nome da felicidade inventada, imposta e inatingível, quero ir Amélia, com você, me espere.

Observei tudo que estava fora de mim e chorei lágrimas de desespero, nunca foi tão cruel ver o tempo brincar de corrida. Confesso que amei, acreditando que o "pra sempre" fosse certo e não foi. Dói ver você e suas convicções se distanciando do passado que insiste em ser meu presente. Queria entrar dentro da sua cabeça e poder arrancar verdades antes nunca ditas, sentimentos ocultos e fazer a sua opinião sobre "nós" mudar. Não te culpo, nem quero vingança, mas você foi omisso, porque deixou que certas coisas tomassem meu coração e sei que definitivamente isso não importa mais, afinal nunca importou. Fui estúpido o suficiente para fechar meus olhos enquanto te beijava, pois, os teus estavam bem abertos e lúcidos. A aventura singular que decretou, construiu uma barreira pro novo e inesperado, agora vivo dentro de estações de rádio, minha voz é dispersa a um turbilhão de chiados e encontrar aquilo que me faz sorrir é uma dificuldade só. Já me humilhei bastante para entender que o desejo é um prisioneiro que jamais verá a luz do sol e que não adianta fazer promessas de que "essa vai ser a última vez" porque não vai ser, ainda estou tentando. Podem me chamar de louco, falar que gosto de sofrer e que não me amo, pois, é tudo verdade, não escondo, aliás, chega de me esconder. Lembrar o gosto do seu doce predileto, sentar à mesa na cadeira que chamava de sua, sentir o cheiro mórbido das margaridas de manhã, tomar a marca do leite que bebia, torrar pão com manteiga e mel e ouvir John Mayer foi tudo que me deixou de concreto. Ante o exposto me exponho perante eu mesmo, sem medo de carregar o que de bom tive de você e assim levo adiante uma esperança de viver um restinho do tempo que me foi dado, sem grandes expectativas, porque, não sei o que quero, mas aprendi a saber o que eu não quero e então decidi: não quero mais você.

Ficar sozinho é poder manipular tudo aquilo que incomoda, é criar um mundo próprio e sentir-se deslocado ao lado de outro ser sozinho. Como é triste ver tanta gente, que busca o complemento de uma parte que nós mesmos fomos capazes de destruir, mas ainda resta a outra parte que padece. Corre, Daniel, você ainda tem salvação. E eu? Vá e não olhe pra trás, o que ficará é a sombra, a sentença, a frase inacabada e o recomeço. Lá existirá plantas com raízes, vozes serenas e uma canção de ninar. Procure a paz meu amigo e não a venda por preço algum, guarde consigo até um fim, se ele existir, porque não acredito que as pessoas de bom coração desapareçam, elas eternizam nas nuvens, elas desafiam a gravidade e flutuam sobre nossas cabeças pesadas. Hoje vi a chuva e uma gota se formou sobre meu pé, era você me pedindo para caminhar até a goiabeira e roubar a verdade de um coró que habitava o fruto, ele Daniel, me disse com uma cara branca, assim: - Sou feito da sua matéria, me tire a abundância das coisas que eu lhe mostrarei a simplicidade de se conseguir a realização pessoal. Ouvi aquilo, e retirei aquele bicho do meio da goiaba, ele caiu na tristeza e morreu, pobre ser. Será que vai ser assim comigo? Morto por aquilo que gerei, da base que constituí? Se houver injustiça essa é uma das bem grandes. Vou voltar para a varanda e ver a chuva e certas coisas passar, até a árvore secar e o "Dani" voltar.

Desejaria que você saísse dessas entre linhas e viesse dormir comigo essa noite. Desejaria que lesse tudo o que eu escrevo e entenda de uma vez por toda o que eu quero que lute. Desejaria que você formasse as frases dos meus manuscritos e me contasse que sente o mesmo. Desejaria que eu estivesse na capa do livro de sua biografia e que vivesse dentro dele também. Desejaria uma nota de agradecimento por ter me conhecido e te trazido esperança. Desejaria poder estar dizendo tudo isso em verdade, em um fato consumado, mas a sua imagem é mais importante que a sua essência, então, recito em presente: desejo esquecer, tudo.

Tive a sensação de que não está sendo feliz, mas você me escancara um sorriso na boca, um brilho nos cabelos, uma postura de aproveitador das coisas boas da vida e uma segurança ao andar, porque seus passos ecoam dentro da minha cabeça, noto a sua chegada a metros de distância. O tempo está sendo cruel com as minhas expectativas, são tantos planos, tantos sonhos, tantos desejos ocultos e te digo com uma consistência pálida: estou cansado de te esperar. Na verdade a sua alegria é tão superficial que consigo decifrar cada nota desafinada da sua gargalhada. E a cidade dorme e acorda e nem se dá conta que você ou eu existe, porém, a sua preocupação se mantém engessada e ríspida consigo mesmo e isso me destrói. Quero que se sente em outra mesa, que não me fale sobre o vácuo existente entre hoje e o final de semana passado, a história é sempre igual e nada muda. Peço que não apareça na minha casa nas madrugadas invadindo a minha promessa de te esquecer. Dessa vez não haverá recaídas, nem surtos de melancolia, muito menos culpa por ter sentido o que não poderia ser conhecido. Desejo sorte e um grande amor que possa ser amado e não tente me convencer da mudança ou do relapso, troque o olhar, pois, ele ainda me diz certas coisas.

O melhor é aquilo que escolhemos para nós e não o que os outros escolheram para si.

Não tenho nada pra contar, apenas para sentir, mas sozinho.

Se eu já tiver vivido tudo, quero morrer. Tudo é muito abrangente e completo, mas tem gente que jura conhecer tudo, então pra quê continuar a ver tudo denovo? Odeio o ócio, deja vu e monotonia. Não confundas tudo com quase tudo. Tudo é tudo, tudo é intocável e intangível. Sempre há o que se surpreender, conhecer, sentir, desejar e experimentar. Eu quero tudo, mesmo sabendo que não é real, pois, o "tudo" consiste na busca, no auto-conhecimento e na razão em atrito com a emoção. Morrerei sem querer, mas almejando ter vivido tudo - tudo o que for possível.

Através de você fui além do que poderia ir. Entreguei simples gestos de carinho, beijei lábios ao mesmo tempo em que sentia vontade de viver mais, toquei um corpo diferente do meu, abri a janela e não me importei com a chuva ou o sol ardente, cantei músicas que falavam de amor, pensei em alguém mais do que no trabalho, dediquei sorrisos soltos e sinceros, abraçei a monotonia e a tornei utopia, dançei sozinho à sua espera no anoitecer dos sábados com uma taça de vinho tinto, dormia, pois, havia a certeza de que sonharia contigo e chorei de tanto achar engraçado o seu jeito de passar as mãos nos meus cabelos para evidenciar meus ouvidos e soprar palavras impróprias. Foi um incidente, alguns acreditam ser acidente, mas encarei como uma passagem. Você se foi e tudo ficou sem tom, sem dom e felicidade. Não quero que passe a nostalgia, porque é dela que firmo meus pés no chão e caminho até o dia em que te reencontrarei debaixo da mangueira que costumávamos nos encontrar. Desejo que no final tenha reticências e continuemos do êxtase em que foi interrompido. Rezo, vou ao supermercado, compro coisas que nunca usarei, descubro novas pessoas, faço cursos de verão, viajo nas férias, perco o foco visual pensando em antes, desabafo para velhos amigos e sento na varanda calçado seus chinelos, mas, não passa - dói e dilacera. Todos dizem que o tempo está passando e estou ficando velho, mas sempre esperei por isso ou até antes disso para ouvir novamente sua voz. Escrevo o que não posso te dizer olhando nos olhos, mas imagino que esteja aqui e com quem ler esta carta de amor, dor, saudade ou o que for, pois, é desespero o que digo e sinto. Até logo meu único amor, saibas que fui feliz até onde me foi permitido.

Assinado: Um amor assassinado.

Que eu tenha apenas um minuto de felicidade por dia, porque mais que isso é demasia, exagero, enfim, não é felicidade.

Desejo que você ligue.
Desejo que você ligue.
Desejo que você ligue.
Desejo que você ligue pra ela e diga que a ama mais do que a mim e por isso a escolheu pra viver o resto de sua existência.
E eu?
Desejo que eu te esqueça e não te ligue.
Desejo que eu te esqueça e não te ligue.
Desejo que eu te esqueça e não te ligue.

A mudança dói, ainda mais quando acontece dentro de você.