Coleção pessoal de PezaodaTimba
NOSSAS SEMPRE VELHAS GUARDAS
Autor: Pezão da Timba
Não são velhas as nossas guardas
De guardiões e guardiãs do samba
Gente do morro que nasceram bambas
E foi lá que ele se fez raiz
Nossas sempre velhas guardas
Das batucadas nas favelas
Onde, entre becos e vielas
O puro samba caminhou feliz
Genialidade na mais nobre arte
Com pavilhões e estandartes
Ganhava as ruas com um samba novo
Escolhidos pela alma das pastoras
Com as notáveis rouxinóis cantoras
Sendo emanados pela voz do povo
Foram felizes madrugadas
Sambistas, pastoras, velhas guardas
Que se reuniam nos terreiros
E cantavam pelas ruas
Do por-do-sol à luz da lua
Mostrando ao mundo o samba verdadeiro
Não são velhas as nossas guardas
Velhas são as mentes
Que comumente é sem memória
Nada sabem das histórias
De quem iniciou o caminho
E quem vê uma escola passar
Mal sabem que estão lá
E que jamais estiveram sozinhos
Em vida e em memórias
Protagonistas dessa história
Que pelo samba deram a vida
Que construíram essa estrada
E simplesmente do nada
São esquecidos na avenida
E com honras, eu me curvo e me encanto
Aos heróis e heroínas de cabelos brancos
Dos terreiros, escolas de samba e quadras
Salve o nosso patrimônio humano
A vida toda em todos os anos
Salve sempre...
Nossas sempre Velhas-Guardas
“ISSO É SER TIJUQUEIRO”
Autor: Pezão da Timba
Ser Tijuqueiro é ser guerreiro
É ter um exército de irmãos na mesma guerra
Plantar e colher da mesma terra
Doar e se doar sem olhar a quem
É ter no semblante humildade
E nas marcas da tão cansada idade
Ter hombridade pra ajudar alguém
Ser Tijuqueiro é um alento
É ter amor, bons sentimentos
Pelas “crias” que criaram o lugar
É ser raiz e ajudar a ser feliz
Quem ainda não conhece o verbo amar
Ser Tijuqueiro não é ser Tijucano
É um termo em outro plano
Mesmo sendo da Tijuca
É se unir de verdade
Em amor, calor e amizade
E em prol da comunidade
Desconstruir a muvuca
Ser Tijuqueiro é ter de tarde, de noite e de dia
A calma, o amor e a empatia
De não ter vergonha dem pedir socorro
Por que bem sabem que nos morros
Lá todos são irmãos
São todos por um e em uma só voz
A gratidão por todos e Deus por nós
Ser Tijuqueiro é ser Tijuqueiro
De mente, alma e coração
E como a fé de um guerreiro
Na reza, na prece, na oração
É ser do Rio de Janeiro... ser Tijuqueiro é ser campeão
Zuzuca do Salgueiro
Autor: Pezão da Timba
O tempo passou...
A voz do poeta ecoou
Em versos vermelho e branco
O vermelho sangue deu vida
E no branco da paz tão contida
Deitou a poesia no chão do terreiro
Sim... O tempo passou!
Mas o poeta ecoa
Sua voz no tempo que voa
Acorda a história
E a docê viva memória
Ressurge em raiz num Salgueiro
(2021, 19/outubro)
O QUE TANTO TE INCOMODA
Autor: Pezão da Timba
Caio,
por todos aqueles que caíram, mas jamais se renderam ao opressor.
Me levanto,
por todos aqueles que tombaram e se tornaram mártires de nós, e por todos os que bravamente resistem e prosseguem na luta.
Luto,
contra todas as desigualdades e injustiças sociais que sofremos, e por todos os direitos que nos tomaram e nos negaram através dos séculos.
Resisto,
por que sempre fui forte e jamais me calarei ou me curvarei diante daqueles que se acovardaram e se acovardam apunhalando a razão.
Sofro,
como sofreram meus irmãos, por que jamais foram escravos e que desumanamente foram escravizados por aqueles que se achavavam superiores, pois, foi dos grilhões e das correntes, das chibatas e dos açoites, das noites em prantos nos troncos e nas senzalas, da pele marcada pelas feridas causadas pelas pontas dos chicotes, que cicatrizavam no corpo, mas a dor mais forte sempre foi na alma
SIM!
Escravizados pelas mãos daqueles que se diziam seres humanos, e hoje, pelas mãos dos que nunca foram humanizados.
E SABEM O PORQUE?
Por que a minha beleza é rara, as minhas habilidades são soberanas e a minha cultura é suprema.
E CONTUDO,
O QUE TANTO TE INCOMODA, É A COR DA MINHA PELE QUE É PRETA!
Que a luz do teu olhar,
pela janela que se vê
e pela leitura que assim faço, possa eternizar os passos
de uma alma que escreve aquilo que o coração canta... Canta o amor, canta a flor, canta a vida mas sem dor
Por que o canto em cada canto
Não cabe o triste, mas no entanto
Cabe a vida, cabe o pranto
De alegria e de amor
(Pezão da Timba)
CORAÇÃO VADIO
Autores: Pezão da Timba
Coração Vadio que me deixa sofrer
Traz no peito a dor de uma paixão
Essa fúria tão louca
Que só fez em mim se arrepender
Amei você em vão
Me deixa
Fui querer brincar com um coracão
Mergulhei sem querer na
solidão
Hoje pago pelo meu penar
Sei...
Que na vida quem brinca com amor se cansa
E recebe de volta aquilo que planta
Senti o que é perder e se condenar
Bem sei, amei demais
Mas fui tão incapaz de ter você
Sempre comigo ao meu lado
Em meu peito um vazio
Coração vadio, me deixou apaixonado
(Bem sei, amei demais... REFRÃO)
SALVE OS NOSSOS PROFESSORES
Autor: Pezão da Timba
Aos mestres com carinho
Que por todos os caminhos
Ensinaram com amor
Assim, todas as gerações
Aprenderam profissões
Pelas mãos de um professor
Triste e dramático
Ver políticos asnáticos
Que não dão real valor
Àqueles que um dia
Com muita galhardia
Os ensinaram com amor
E com amor e educação
A nossa nação tem saída
Olhai ó Pai
Por esses grandes doutores
Salve os nossos professores
Todos mestres em nossas vidas
A M I G O
Autor: Pezão da Timba
Me bastaria um abraço...
Aquele que me acalentasse, que me protegesse e que me fizesse esquecer do mundo enquanto eu ali ficasse!...
Me bastaria alguém ...
Aquele que me ouvisse e no silêncio da minha lamentação
me olhasse, e tão apenas com os olhos me dissesse: Fique tranquila! Está tudo bem, eu estou aqui!
Me bastaria uma voz...
Aquela que me dissesse com todas as letras, as verdades que eu precisasse ouvir, mas que não me humilhasse e nem me ferisse como um punhal de palavras sangrentas de incompreensão e agressividade.
Me bastaria uma mão estendida...
Aquela que me acolhesse e segurasse e pegasse firme nas minhas, me tirando do precipício e não me empurrasse pro abismo...
E já não me bastasse mais nada...
Nem um abraço...
Nem alguém que me ouvisse...
Nem alguém que me falasse...
Muito menos quem me estendesse a mão...
Se eu tivesse de fato tudo aquilo que se pode chamar verdadeiramente de AMIGO...
SEJA...
Autor: Pezão da Timba
Seja luz onde há escuridão
Seja amor onde não existe bondade
Por vezes seja sim emoção
Por que nem sempre razão é humildade
Se do jeito que tiver de ser
Seja o que for e o que voce quiser
Só não seja o que te faz perder
Por tudo de lindo que tens de mulher
Seja linda, seja doce, seja amarga até quando precisar ser, pois, é no fel de tudo que se aprende a lição do que é saber ser... Ser humano!
NA ESTRADA QUE CAMINHAS
Nesta estrada que caminhas
Já não vista como antes
Onde tantas andorinhas
Que cantavam ao verdejante
Já agora, tão sozinhas
Voam ao longe bem distante
Restam lá as doces vidas
Mesmo sendo assim contidas
De esperanças num instante
Tão distante de um tempo
Em que o homem desatento
Com sua algóz destreza
Sucubiu a natureza
Com a mente tão errante
Mas Deus reconstrói
Tudo o que homem destrói
E o amor como um herói
Torna vivo e fascinante
E na estrada em que caminhas
Retornaram as andorinhas
E hoje são vista como antes
Pezão da Timba