Coleção pessoal de Pepynhasilva

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Inocente Donzela

Quando se deu conta
Estava sozinha amarrada
Olhando para o vazio da sala

Ela sempre sonhou
Cresceu profetizando
Que seria arrebatada
Levada sem destino

Sua mãe aconselhara
Para ter cuidado redobrado
Estava determinada
Que se entregaria, até sua alma

Era de pouca conversa,
Aqueles meninos não a seduzia
Achava seus papos caretas
Procurava algo bem diferente

Tinha em mente uma entrega
Que ia rabiscado no papel
Seu príncipe um dominador
Ela submissa Rapunzel

Foram dias e noites de espera
Nem mesmo se mastubava
Amadurecera inocente virgem

Numa nuvem de tempestade
Como se fosse feiticeiro
Sem avisar o príncipe apareceu

Numa enigmática rede social
Dentro da super tela virtual
Bem fluente e bem dotado

Mesmo avisada ele a embriagou
Com gentileza e palavras doces
Decifrou-a inteira
Dominando a mente dela

Num gesto rápido e preciso
A tomou de surpresa de relance
Em silêncio a levou para longe
Num desconhecido lugar

Fez com ela tudo que sonhava
Com uma alta dose de exagero
A feriu no seu íntimo

Ela gritou, tentou fugir
Não conseguiu, dopada
Enquanto ele ria, dançava

Ela lembrou dos conselhos
De sua mãe amiga
Agora de nada adiantaria
Estava amarrada e sozinha

Leopardo Dom

Mirella

Quem vai desconfiar
Dessa sua submissão
Quem vai descortinar
Seus mistérios menina
Seus amores e tremores

Nem mesmo saberia
Que a meiga e dama gentil
Tem alma de escrava
Feita para servir ao senhor
O dono que beijas os pés

Nas ruas desfilas
Oh, bela madame
Com seus saltos pretos
No quanto é a cadela
Escrava Mirella

Leopardo Dom

Dominador Solitário

Ela tão viciante, sentir
Tudo em mim implorava, pensei
Aguardei por dias não ligou
A companhia da sala muda
Nunca mais tocou, silêncio

Nada disso queria, angustiava
Quanta impotência, medo
Tão linda sem mim, perfeita
Era o que escreveu num papel
Onde embrulhou sua indiferença

Quando acordei, atordoado
Apenas o chicote me esperava
Relatou da minha insensatez
Descreveu com exatidão

Disse-me que ela implorou
Gritou a safe, não foi respeitada
Amarrada não pôde se defender
Que gemia não pela dor

Pelo desprezo sem explicação
Pela falta de segurança
Nem mesmo era humilhação
Não era uma punição

Ela na última chicotada sorriu
Que depois de desamarrada partiu
Calçando seu salto Chanel
Desfilando sua bolsa sexy Prada

Dizendo que nunca voltaria
Recompondo sua liberdade
O largou prostrado no piso
Altiva escrava foi embora

Agora ele era o escravo
Da vergonha que passou
Como um filme de cinema
Viu o chicote sorrir
Apesar de ser dia, acordou na escuridão

Leopardo Dom

Cicuta

Vejo na taça cicuta
Por precaução não bebo
Ela esperou com esmero
Paciência de ferro
Para me envenenar

Lia Kafka por admiração
Não gostava de coincidência
De uma prudência delicada
Seu riso comedido
Verdadeira faca amolada

Recitava Homero de improviso
Usava livros como correntes
Declamava sonetos gregorianos
Assim gozava infinitamente Encharcada de prazeres

Eu era a contramao, sem desejo
De todo farto conhecimento
Negava-me a curiosidade
Sem pretensão fugia
Receava chama da luz

Foram várias tentativas
Ela queria me curar
Da minha extravagante estupidez
Desesperada implorou
Antes de desistir

Fez de mim cobaia em tudo
De submisso à dominador
Ao se sentir fracassada
No plano kafkiano
Resolveu acabar comigo

Leopardo Dom

Paciência

Tô velejando por aí
Passeio transcendental
Para olhar dentro de mim

Andei perguntando
Sobre a ventania ao vento
Colhei tempestades

Fiquei desabrigado
Revolto numa solidão
Olhando para o infinito

Me vi tão vazio na multidão
Um grito de loucura me deu a mão
Quero sair desse lugar distante

Ainda lembro da vontade de nadar
Das brincadeiras na estante da sala
Agora crescido já perdir o tempo?

É tão estranho está sozinho
Mas, nunca é tão tarde para ser feliz
O tempo não está perdido?

Palavras não são respostas
Para as perguntas atravessadas
Num mundo veloz quem quer saber?

Hoje amanheci sem culpa
Não vou arquitetar desculpas
Quero mim recomeçar, não fujo

Não vou descartar o sofrimento
Nem zombar da esperança
O fogo do meu coração está vivo

Leopardo Dom