Coleção pessoal de pensador
São só as coisas mais simples da vida
Que têm o dom de curar
Tudo é de graça e de graça precisa
Pra nunca se acabar
Pensei em tudo que é possível falar
Que sirva apenas para nós dois
Sinais de bem, desejos de cais
Pequenos fragmentos de luz
Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem às vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento, não se cansam de voar
Ela se parece
com todas as suas outras garotas, só que mais loira
Um pouco comigo, só que mais nova
Aposto que ela adora quando te escuta dizer:
“Você é tão madura pra sua idade, querida”
Honra, pátria, bravura. Parecem ideias valiosas e nobres, não é? Ainda assim, homens morrem por elas. De forma nada nobre. De bruços na lama, sufocando-se no próprio sangue, gritando de dor. Homens que eram pais, irmãos ou filhos de alguém. Homens que foram alimentados, cuidados, educados por suas mães, só para morrer num campo de batalha, longe de quem provoca essas tragédias. Esses homens ficam em casa, intocados pelo sangue e pelas baionetas, com a pele intacta e as cobertas quentes e limpas. É assim quando ideias são levadas adiante por tolos.
Honra, pátria, bravura. Parecem ideias valiosas e nobres, não é? Ainda assim, homens morrem por elas. De forma nada nobre.
Na ribeira desse rio
Na ribeira desse rio
Ou na ribeira daquele
Passam meus dias a fio.
Nada me impede, me impele,
Me dá calor ou dá frio.
Vou vendo o que o rio faz
Quando o rio não faz nada.
Vejo os rastros que ele traz,
Numa seqüência arrastada,
Do que ficou para trás.
Vou vendo e vou meditando,
Não bem no rio que passa
Mas só no que estou pensando,
Porque o bem dele é que faça
Eu não ver que vai passando.
Vou na ribeira do rio
Que está aqui ou ali,
E do seu curso me fio,
Porque se o vi ou não vi.
Ele passa e eu confio.
