Coleção pessoal de paulo_keno

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Flores

De um pequeno degrau dourado -, entre os cordões
de seda, os cinzentos véus de gaze, os veludos verdes
e os discos de cristal que enegrecem como bronze
ao sol -, vejo a digital abrir-se sobre um tapete de filigranas
de prata, de olhos e de cabeleiras.

Peças de ouro amarelo espalhadas sobre a ágata, pilastras
de mogno sustentando uma cúpula de esmeraldas,
buquês de cetim branco e de finas varas de rubis
rodeiam a rosa d'água.

Como um deus de enormes olhos azuis e de formas
de neve, o mar e o céu atraem aos terraços de mármore
a multidão das rosas fortes e jovens.

Farto de ver. A visão que se reecontra em toda parte.
Farto de ter. O ruído das cidades, à noite, e ao sol, e sempre.
Farto de saber. As paradas da vida. - Ó Ruídos e Visões!
Partir para afetos e rumores novos.

O poeta faz-se vidente através de um longo, imenso e sensato desregramento de todos os sentidos.

A poesia não voltará a ritmar a ação; ela passará a antecipá-la.

⁠Substituições são necessárias

Substituir o bom por um melhor também é um movimento para frente. Somente o desapego justificado e equilibrado predispõe de fato algum caminho para a evolução e para o futuro.

⁠Incentivo certo

Quando a pessoa certa incentiva, até a errada acerta.

⁠Sobre o fanatismo

A auto-sabotagem passa necessariamente pelo apego exacerbado em coisas cujas fragilidades funcionais nós negligenciamos, esquecemos ou ignoramos.

⁠Qualidade de gostos

O gosto que não descobre o bom, empodera o mediano.

⁠Obrigações discretas

Quando a coisa discreta se torna uma obrigação, as obrigações se tornam apenas uma coisa discreta.

⁠Mais reflexões sobre meios e fins

Ideias simples produzem medidas simples. Resultados avançados de medidas simples são poderosos, mas embora o poder seja sempre referência, o valor do compromisso se atrela sempre além no processo e não na entrega.

⁠A grama verde do céu

Fiquei olhando as flores que brotavam nas nuvens, enquanto sem perceber, pisoteava as margaridas do meu próprio jardim.

⁠Apologia da dor menos recente

Na indecisão clássica de suas responsabilidades e desprovido também de memória auto-valorativa, o sujeito faz apologia à dor menos recente, com o pressuposto de que ela está parando de latejar. O homem sobre o qual se faz apologia aponta para si o simulacro de uma vontade gigante de não transformar.