Coleção pessoal de OswaldoWendell

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Talvez fosse melhor não falar dos teólogos, tão delicada é essa matéria e tão grande é o perigo de tocar em semelhante corda. Esses intérpretes das coisas divinas estão sempre prontos a acender-se como a pólvora, têm um olhar terrivelmente severo e, numa palavra, são inimigos muito perigosos. Se acasos incorreis na sua indignação, lançam-se contra vós como ursos furibundos, mordem-vos e não vos largam senão depois de vos terem obrigado a fazer a vossa palinódia com uma série infinita de conclusões; mas, se recusais retratar-vos, condenam-vos logo como hereges. E, mostrando essa cólera, chamando de herege, de ateu, conseguem fazer tremer os que não concordam com eles. Embora não haja ninguém que, tanto como eles, dissimule os meus favores, não é menos verdadeiro que me devem muito. Eis porque impus ao meu amor-próprio favorecê-los mais do que a todos os outros mortais, e de fato são eles os meus maiores prediletos.”
(Elogio da Loucura)

Saber quando ser evasivo
É como os cautelosos evitam as dificuldades. Com uma brincadeira elegante, conseguem escapar do labirinto mais complicado. Um sorriso e se esquivam do obstáculo.

Uma maneira cordial de dizer não consiste em mudar de assunto, e nenhuma manobra é mais brilhante que se fazer de desentendido.

[Enquanto alguns homens são incapazes de decidir e apresentam falta de iniciativa],
outros homens não se abatem por nada e têm grandes poderes de crítica e decisão. Nascidos para buscas elevadas, sua compreensão clara lhes conquista o sucesso com facilidade. Descobrem tudo na hora, e ainda lhes sobra tempo. Certos de que estão com sorte, aventuram-se com confiança ainda maior.

Identificar dificuldades pode ser uma habilidade, mas descobrir uma maneira de evitá-las revela uma habilidade ainda maior.

A execução falha prejudica menos que a falta de decisão. Os materiais se estragam com mais frequência em repouso do que em movimento. Alguns homens são incapazes de decidir e precisam que os empurrem.

Aquele que tem luz a conceda, e os que não a têm a mendiguem, o primeiro com cautela, os últimos com discrição apenas insinuando.
Convém mostrar o desejo e ser explícito só quando a insinuação não basta. Tendo já obtido um não, vá buscar habilmente um sim.

Um dos maiores privilégios da mente consiste em avaliar rapidamente o que importa. Na falta deste, muitos sucessos não se realizam.

Alguns deixam de fazer o que é oportuno simplesmente porque a iniciativa nunca lhes ocorreu. Que o conselho amigável destaque as vantagens.

Fazer os outros entender é melhor do que fazê-los recordar, pois a inteligência é mais importante do que a memória.

A estima é para a perfeição o que o zéfiro é para as flores: alento e vida.

Um bom final transforma tudo em ouro, por mais inadequados que tenham sido os meios. É uma arte deixar a arte de lado para promover um final feliz.

Quem vence não precisa dar satisfações. Os demais prestam mais atenção ao sucesso ou fracasso do que as circunstâncias, e nossa reputação jamais sofre quando conquistamos o desejado.

A desgraça do fracasso excede a perseverança demonstrada.

A indecisão cansa e é fator de estagnação. Importa ser decidido. Melhor falhar na decisão do que passar a vida na indecisão.

Importa não ser contraditório, nem por temperamento, nem por afetação.

O homem prudente é coerente em tudo o que diz respeito à perfeição, o que justifica a sua fama. Muda apenas quando mudam as causas e os méritos.

Nunca negue nada por completo: os outros deixariam de depender de você.
Deve haver sempre algumas sobras de esperança para adoçar o amargor da negativa.

Muitos têm sempre o não nos lábios, e azedam tudo. O não é o que primeiro lhes ocorre. Podem ceder depois, mas não são bem considerados, porque já de início foram desagradáveis.

O não de alguns é mais apreciado do que o sim de outros: um não enfeitado agrada mais que um sim lacônico.