Coleção pessoal de Nmilk

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Eu te amei muito. Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.

Tenho fugido de papel e caneta. Escrever torna tudo real.

No fundo eu sou de mentira, assim como você. E não é uma identidade que nos tornará real. Falta em você algum brilho, alguma individualidade, algo que te faça especial. Em mim esse brilho sobra e eu saio por aí espalhando, como se fosse bonito se perder em todo mundo só porque meu corpo não é suficiente pra me abrigar. E nós seguimos sendo nada, sendo só rosto marcante e nome fictício, enquanto você não descobre que eu leio sua insegurança e me disponho a curá-la e eu tenho preguiça de dizer.

Meu suicídio diário não é uma forma de morrer. É uma tentativa desesperada de encontrar essa vida, testar minha capacidade de quase ir e voltar, descobrir se eu mereço estar aqui e se existe mesmo um deus. Afinal, ele concorda ou não com a minha maneira de encarar as coisas? Por que não me castiga por ser tão estupidamente desapegada? É minha necessidade de viver que me mata.

É preciso ser coerente pra ser aceito, mas como não me contradizer tentando achar um equilíbrio? Como não ser um pouco louca nesse mundo tão absurdo?

A gente não aprende a viver sentado numa carteira de colégio. Não é a fórmula de Pitágoras ou a definição de pronome oblíquo que vai fazer com que eu seja mais ou menos inteligente. Saber organizar informações burocráticas em série e ser programado roboticamente não faz de ninguém um ser humano repleto. Isso tudo só rende uma possível colocação relevante numa prova de vestibular, um êxtase momentâneo. A vida se aprende nas perdas.

Então eu deixo algumas coisas passarem incompletas porque tenho consciência de que certas palavras ainda não têm tradução.

Tem sempre alguma coisa faltando
Quando eu paro pra pensar
Sobra só essa dor, que não é dor
Dormência de sentidos, procura de explicação

Me compra, me leva pra casa com tudo o que tem direito. Com medo, com mania, com falar demais e sentir de menos.

Todo dia uma nova direção ou a falta de direção. Vou conquistando coisas que nem sei se quero, gastando a coragem que depois me falta pra correr atrás do que eu realmento procuro.

Cada fase de mim é como perder o chip do celular e ter que refazer toda a agenda telefônica, aproveitando pra deixar alguns números de fora que você já sabia que nunca ia ligar mas não tinha coragem de apagar. É como reformatar o computador antes de fazer backup e deixar pra trás as fotos do ex que insistia em manter entre documentos e textos. É andar dois passos, voltar meio, sofrer um pouquinho por ser apegada ao antigo e ao mesmo tempo desesperada pelo novo.

Sou como aquela gaveta do armário onde se joga tudo o que não tem lugar certo ou não se quer pensar no momento, a bagunça que se ignora e deixa pra depois, o que é complicado de pôr em ordem, então apenas se convive e acha que deve arrumar um dia. De tempos em tempos alguém insiste em jogar tudo fora sem autorização, mas nem dá tempo de sentir falta do que não se prestou devida atenção quando aconteceu. Vida nova, gaveta vazia, seguir em frente.

As palavras somente singularizam um plural de sentimentos

As palavras não são suficientes para dizer, o que sente dois corações...

As palavras singularizam a bleza de um plural de sentimentos

Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa.

Eu não sei ser mais eu, eu não sei ser eu mesma. Não é motivo de orgulho pra mim dizer isto.Eu não sou assim, eu não quero ser assim!!!
Eu meio de tantos personagens que eu tive que inventar para passar pelos testes, eu esqueci de mim, eu esqueci quem eu sou.
Será que eu sou boa? será que eu sou má? será que sou divertida? Será que eu sou rude? será...
E percebo que as perguntas vão me sufocando cada vez mais e acabo perdendo o ar...
Eu não sou assim...eu não quero ser assim!!!

Plateia
Talvez eu nunca entenda o real sentido das borboletas no estômago, da boca seca e joelhos frágeis. Ou talvez nunca seja a palavra mais ridícula do dicionário; e eu sei do poder que as palavras exercem sobre mim.
A verdade é que sempre me esquivei de qualquer pequena possibilidade. Sempre tive medo de gostar e ser deixada. Porque veja bem, de primeiras impressões o mundo está cheio. E logo meu primeiro coraçãozinho na agenda, ficou partido quando menos se esperava. Eu tive todos os motivos pra acreditar num sentimento que logo se foi; e foi sem me levar.
Cansei de ouvir que eu não me deixo levar, que eu não me abro e não dou espaço. Disso eu sei. Eu só queria ter aprendido no colégio como mudar os defeitos que vêm na fabricação. Minha frieza de visão só me faz ver defeitos e faltas. Eu não sinto. Eu não me abalo. Eu sei o que vai acontecer e não me surpreendo. Eu acho graça do esforço e da boa vontade, mas isso é muito triste pra mim. É como se eu me assistisse de fora o tempo todo, tendo consciência de cada passo, cada sorriso, cada palavra. É como se eu fosse plateia da minha própria solidão. Se ao menos eu pudesse ter a certeza de que isso um dia vai mudar...
Sinto falta e medo. Talvez nunca ame, talvez seja nova demais pra dizer isso. Quero o frio na barriga, a emoção de primeiros encontros. Quero escrever mais que palavras de desculpas, textos sobres finais sem final; quero mais que arrumar coragem pra terminar. Quero coragem pra começar.

Eu me importo, e muito. Quero marcar mais quem passa por mim, quero perder esse medo de não agradar, essa preocupação em ser o que todos esperam. Tentando não incomodar ninguém eu fico neutra. Invisível. E todas as minhas experiências de falta de preocupação já me indicaram que seria bem melhor me assumir. Eu não sou tímida. Sou calculista.

Sou de gêmeos. Um signo de ar, mutável. Eu me distraio com tudo e você não imagina a facilidade que eu tenho de viajar sem sair do lugar. Mas nem tudo que nasceu comigo, ficou. Algumas situações amarraram meus pés no chão, fazendo com que eu me agarrasse firmemente à realidade. Paixões platônicas, Lindo, são para crianças. Foi isso que eu repeti silenciosamente, até me convencer. E deu certo. Quando começo a me iludir por alguém, racionalizo tudo: Por que eu me interesso tanto por ele? Por que ele se interessaria por mim? Por que a gente daria certo? E funciona! Esqueço com impressionante rapidez do meu interesse. Ah, as coisas ficam tão mais fáceis desse jeito! Você não sabe, Menino, mas eu machuco as pessoas. Eu faço com que elas se apaixonem por mim como um desafio, como uma criança testando seus limites. Então enjoo do meu jogo e não dou explicações. Destruo corações que se abrem pra mim com tanto esforço, na esperança de terem encontrado alguém legal. Ainda dá pra você fingir que não me viu. Se der tempo, se você tiver o raro dom de controlar seu coração, se o sentimento não estiver suficientemente forte à ponto de você se prender, fuja. Se você nem ao menos me diferencia das outras pessoas que te cercam, como eu imagino, permaneça assim. Não se aproxime, não se apaixone. Não me escolha como a eleita dos seus dias. Escolha uma dessas meninas com perfis de orkut todos iguais, que gostam de msn, que querem ser pedidas em namoro. Essas meninas que choram e sofrem, depois esquecem e ficam submissas. Dessas que conseguem se apaixonar, se apegar, amar. Eu não sou assim. Eu sou fria e jogo com as pessoas - não por maldade, mas porque inconscientemente me envolvo com brincadeiras, que na verdade são vidas de gente que ama e sofre de verdade. É, procure a saída mais próxima e parta de vez para uma relação humana, comum, sólida, eterna na sua duração e cheia de palavras e promessas de carinho. Eu tenho aflição de toque e sou incapaz de jurar amor sem pensar e ter certezas.