Coleção pessoal de Niehues

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O ATO DE PLANEJAR


* Jacinta Niehues Schlickmann


O ato de planejar é uma preocupação que envolve toda a possível ação ou qualquer empreendimento da pessoa. Sonhar com algo de forma objetiva e clara é uma situação que requer um ato de planejar. O planejar foi uma realidade que acompanhou a trajetória histórica da humanidade. O homem sempre sonhou, pensou e imaginou como poderia agir para vencer os obstáculos que se interpunham na vida diária. Pensava nas estratégias de como poderia caçar, pescar, catar frutas, e de como deveria atacar os seus inimigos.
A história do homem é um reflexo do seu pensar sobre o presente, passado e futuro. O homem pensa sobre o que fez; o que deixou de fazer; sobre o que está fazendo e o que pretende fazer. O homem no uso da sua razão sempre pensa e imagina o seu “o quê fazer”, isto é, as suas ações, e até mesmo, as suas ações cotidianas e mais rudimentares.
O ato de pensar não deixa de ser um verdadeiro ato de planejar. A mais simples das pessoas diz: quero isto ou aquilo, como devo agir, que meios tenho para alcançar o desejado, qual o melhor caminho a seguir, quem pode me ajudar, quando devo fazer? Toda pessoa, ao se levantar, pensa no seu dia, no que vai acontecer. O seu dia é um constante “devir”. E este constante “devir” obriga a pessoa a pensar, prever, imaginar, sonhar e tomar, a todo o momento, decisões; porém, ela sempre quer tomar as melhores e mais acertadas decisões para a sua ação, para o alcance dos seus objetivos.
A pessoa que pensa sobre o seu dia está planejando o seu dia. Esta é uma tarefa de pessoa, simples e da analfabeta, ou do letrado, do sábio, do cientista, do técnico, do especialista; enfim, todos pensam e planejam o seu dia. Pensar o dia-a-dia é planejar a nossa ação para atingir os nossos desejos. Algumas pessoas planejam de forma sofisticada e altamente cientifica, obedecendo aos mais rígidos princípios teóricos, e em nada se afastando dos esquemas sistemáticos que orientam o processo de planejar, executar e avaliar. Outros, que nem sabem de existência das teorias sobre o planejamento, fazem seus planejamentos, sem muitos esquemas e dominações técnicas; contudo são planejamentos que podem ser agilizados de forma simples, mas com bons e ótimos resultados. Disto pode, isto sim, se evadirem do ato de executar, mas não do ato de planejar. Portanto, justificar a necessidade de planejar parece não ser tão necessária; pois, o homem hoje e sempre fez e faz planejamentos das suas ações. Cabe ressaltar, que tudo é pensado e planejado na vida humana.
A indústria, o comércio, a agricultura, a política, os grupos sociais, a família e os indivíduos fazem os seus planejamentos altamente técnicos e sofisticados como os de uma usina atômica; ótimos como de uma pequena indústria, razoáveis como um time de futebol da várzea, simples como de uma atividade corriqueira; contudo são planejamentos. Muitos estruturam planos sérios, válidos, úteis e viáveis; outros elaboram planos sem validade, sem utilidade, isto é, planejam até as inutilidades para ver se elas conseguem se tornarem úteis.
Nessa linha de entendimento, todos fazem seus planejamentos. Tudo é pensado: vou fazer isto ou aquilo; faço isto desta ou daquela forma; posso fazer ou não posso fazer; posso fazer com isto ou com aquilo. Isto tudo acontece porque a pessoa quer alcançar alguma coisa para ela ou para os outros.
Por isso, planejar é uma exigência do ser humano; é um ato de pensar sobre um possível e viável fazer. Como o homem pensa o seu “o quê fazer”, o planejamento se justifica por si mesmo. A sua necessidade é a sua própria evidência e justificativa. A educação, a escola e o ensino são grandes meios que o homem busca para poder realizar o seu projeto de vida. Portanto, cabe à escola e aos professores, o dever de planejar a sua ação educativa para construir o seu bem viver.

*Mestre em Educação. Professora da UNISUL. (Universidade do Sul de Santa Catarina)

Não é possível formar professores sem fazer escolhas ideológicas. Conforme o modelo de sociedade e de ser humano que defendemos, não atribuiremos as mesmas finalidades à escola e, portanto não definiremos da mesma maneira o papel dos professores. Eventualmente, podemos formar químicos, contadores ou técnicos em informática abstraindo as finalidades das empresas que os contratarão. Podemos dizer, um pouco cinicamente, que um bom químico vai continuar sendo um bom químico tanto no caso de fabricar medicamentos ou drogas. Que um bom contador vai saber lavar dinheiro ou aumentar o capital de uma organização comunitária. Que um bom técnico em informática poderá servir tão eficazmente à máfia quanto à justiça. As finalidades do sistema educacional e as competências dos professores não podem ser dissociadas tão facilmente. Não privilegiamos a mesma figura do professor se desejamos uma escola que desenvolva a AUTONOMIA ou o conformismo, a ABERTURA DO MUNDO ou o nacionalismo, A TOLERÂNCIA ou o desprezo por outras culturas, o GOSTO PELO RISCO INTELECTUAL ou a busca de certezas, o ESPÍRITO DE PESQUISA ou o dogmatismo, o SENSO DE COOPERAÇÃO ou a competição, a SOLIDARIEDADE ou o individualismo.

A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.