Coleção pessoal de niccicg

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A coisa mais dolorosa é perder-se a si mesmo no processo de amar demais alguém, e esquecer-se que também é especial.

Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte:
o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver.

Não adianta dizer que quer paz, quando seu interior é uma indústria bélica. Pacifica primeiro teu coração.

Era duro admitir...seu silêncio fazia sangrar a minha alma.

Suas palavras saciavam a fome da minha alma.

Os murros do seu silêncio fizeram hematomas na minha alma. De vermelho se coloriu meus olhos e as comportas se abriram. Foi como levar um soco no estômago esmagando as borboletas que voavam por lá.

Não desfrute somente o sol, aprecie também a lua. Não desfrute somente a calmaria, aproveite a tempestade. Tudo isso enriquece a existência. A vida não acontece somente dentro de uma casa, de uma cidade, de um país: ela tem de ser experimentada dentro do universo.

Acredito em saudade, sei o quanto uma ausência pode doer, provocar contração muscular e até náusea.

Nada tenho a ver com não gostar de mim. Me aceito impura, me gosto com pecados e há muito me perdoei.

Não subestime os outros, nem os idolatre demais. Seja educada, mas não certinha. Faça coisas que nunca imaginou antes. Não minta, nem conte toda a verdade. Dance sozinha quando ninguém estiver olhando. Divirta-se enquanto seu lobo não vem.

Não gosto da vida em banho-maria, gosto de fogo, pimenta, alho, ervas. Por um triz não sou uma bruxa.

Gostar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. É tarefa da nossa cabecinha, que aliás é nossa em termos: tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto.

Não fomos feitos para caber numa receita puritana encomendada para domesticar e padronizar o mundo. O discurso do politicamente correto é um crime contra as nossas nações, contra originalidade e a diversidade dos nossos povos.
(na Conferência do Fronteiras do Pensamento 2012)

"Os outros passam a escrita a limpo,
Eu passo a escrita a sujo.
Como os rios que se lavam em encardidas águas.
Os outros tem caligrafia, eu tenho sotaque.
O sotaque da terra."

(Em "O outro pé da sereia". Lisboa: Editorial Caminho, 2006. Fonte: elfikurten.com.br)

"Lembrou as palavras da sua mãe: mulher preta livre é a que sabe o que fazer com o seu próprio cabelo".
(Em "O Perfume" - Do livro "Estórias Abensonhadas)

"Quando as teias da aranha se juntam, elas podem amarrar um leão”.

(Provérbio africano), em "A confissão da leoa", Lisboa: Editorial Caminho, 2012.)

Eu nasci para estar calado. Minha única vocação é o silêncio. Foi meu pai que me explicou: tenho inclinação para não falar,um talento para apurar silêncios. Escrevo bem, silêncios, no plural. Sim, porque não há um único silêncio. E todo o silêncio é música em estado de gravidez. Quando me viam, parado e recatado, no meu invisível recanto, eu não estava pasmado. Estava desempenhado, de alma e corpo ocupados: tecia os delicados fios com que se fabrica a quietude. Eu era um afinador de silêncios.
(Em 'Antes do Nascer do Mundo')

O sonho é o olho da vida.

Sou feliz só por preguiça.
A infelicidade dá uma trabalheira pior que a doença: é preciso entrar e sair dela

O POETA

O poeta não gosta de palavras:
escreve para se ver livre delas.

A palavra
torna o poeta
pequeno e sem invenção.

Quando,
sobre o abismo da morte,
o poeta escreve terra,
na palavra ele se apaga
e suja a página de areia.

Quando escreve sangue
o poeta sangra
e a única veia que lhe dói
é aquela que ele não sente.

Com raiva,
o poeta inicia a escrita
como um rio desflorando o chão.
Cada palavra é um vidro em que se corta.

O poeta não quer escrever.
Apenas ser escrito.

Escrever, talvez,
apenas enquanto dorme.