Coleção pessoal de MucioBruck

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Amor de vó...


Em minha meninice ouvia Vó Maria
Contar dos perigos que rondavam a estrada
Dizia que tinha lobo e até uma Fada Malvada

Em quase sussurro, afirmava que toda noite
Tinha festa do outro lado, onde nascia a floresta
Que tinha boto, saci, corrupião e até besta danada

Ouvia e via Vó Maria, atenta, quase heroína
Mas, quando a noite rondava meu dia
Corria eu, cego pro colo de minha covardia

Olho aqueles dias com o encanto de Lobato
Com um olho no Sítio e outro em mim
Mas ambos tomados de magia e alegria

Cresci e a estrada que passa ali já é outra
Não nego, os medos ficaram, só são outros
A covardia me corteja, mas não sou mais cego

Crescer é bom por isso
Os mistérios vão se desfazendo
E a realidade aproxima a razão

Penso que pra Vó Maria
A festa na floresta ainda aconteça
Mas já fia, não há lobo ou fada que me vença

Amada Gi...


Meu amor
Me tire pra dançar
Me leve em seus braços
Vem findar meus ais

Me conte do luar
Alegre meus porões
Embarque em meu navio
Vem conhecer meu mar

Não sei dançar um tango
Sem perder o chão
Não sei ouvir um fado
Sem sangrar paixão

Nas tramas do destino
Fiz planos de amor
Teci em desatino
Mil rendas de ilusão

Ah, a noite
Não tardou
Guardar suas estrelas
A lua retirou

Colhi de meu cabelo
A rosa que sonhei
Te dar ao fim da dança
Jurando eterno amor

Almas tantas...


Não são todas as minhas almas que conheço
Algumas, às vezes, me escapam ao peito
Outras, saem à brisa e voltam perfumadas
Trago em mim almas caseiras, dessas ficam


Vivo em paz com minhas almas e elas entre si
Tenho alma de poeta... alma de cantor
Tenho alma que alegra... tem uma só de dor
Tenho até alma que rir-se da alma que é


As almas que me habitam, me socorrem
Cada uma com sua cautela, com suas quimeras
Tocam meus sonhos como se delas fossem
Atravessam mais luzes por minhas janelas


Minhas almas cantam salmos e mistérios
Me doam da noite, um pouco de orvalho
Das flores que namoram, odor e cor
Se divertem almas nos jardins de meu eu

Arco-íris...


Havia em minha fantasia uma passagem perdida
Iniciada num desvio secreto na rua das Fadas
Passando em meio a terra batida e pedras deitadas
Ladeada por ramos rasteiros e lenda inventada

E foi nela adentrando que vi o céu se escurecer
E já me perdia da trilha de volta e medo sentia
Em não mais encontrar, na mata fechada
A vereda que queria sob o céu que gotejava

Segui em frente e fui encontrar guarida
Às margens de um rio claro, doce e lento
Que passava peixes e folhas de toda cor
E mesmo molhada, distraída me encantei

Me peguei perdida sem conhecer a volta
Que tanto queria e já não me havia
Mas pra minha alegria formou-se no céu
Um arco-íris de cores tão belas e amigas

Que veio dar seu começo aos meus pés
E sendo de luz a ponte nascida em milagre
Me convidara por ela seguir, mesmo sem asa
Numa jornada que findou à porta de minha casa

Alma de mulher...


Tenho alma imensa... gigante
Feita de medo e coragem
De silêncio, amarras e voz
Amarras em laços, não em nós

Colorida, perfumada, bem cuidada
Dessas que sorri por bobagens
Que faz coro até pr'um bom desaforo
Que adora cartões, flores e mensagens

Minha alma caminha, salta, dança
É inquietantemente quieta
Mas só quando a noite parte
De dia, é quente... às vezes fria

É dada aos avessos e aos contras
Mas concorda com o que é certo
Tem hora que sai... vai embora
Mas não passa da porta e corre de volta

Minha alma nada entende
Além de ser só alma
Tá de bom tamanho assim
Porque quando ama, ama em mim

Anjos...


Anjos me existem
Fio que os creio... e eles em mim
Os sei sábios, alados querubins
Milenares guerreiros infantis
Anjos me existem
Mas já houve dias em não sabê-los
Os mesmos que sóis, ventos e luares
Deitavam inglórios em meus jardins
Anjos me existem
Todos sorriem brincalhões
Me deixaram a porta da vida aberta
Me levaram a coragem de partir.

Ó vós que conhece a paixão de nossa história
Íntimo do guerreiro vivente e pulsante em nós
Que bem sabe de nossa coragem nas batalhas
Travadas dignas, entre quatro linhas
Diga a todos por onde passares
Que um dia, vivos, saímos para honrar
Nossa camisa, nossa família, nosso povo
Em solo outro, num campo que nosso não era
E que lá não pudemos chegar à vitória sonhada
Porque tombamos antes do confronto esperado
Mas, mesmo mortos, ali, decididos permanecemos
Porque já não importava se disputa haveria
Nosso destino era outro: repousarmos heróis na eternidade!

A vida é vivida em dias... não em meses ou anos! Cada dia vivido é uma página do livro de nossas próprias vidas que escrevemos e, tenho certeza que chegará o dia em que iremos reler cada uma dessas páginas escritas à pena de acertos e enganos, com tinta do livre arbítrio e saberemos que o enredo de nossa história sempre se tratou de fazer escolhas... mas, não podemos esquecer que cada escolha trás em seu bojo uma consequência!

Não foi o pouco tempo que você permitiu estarmos juntos que fez a magia do amor acontecer, mas sim, a qualidade da entrega de tudo o que vivemos nesses breves eternos instantes em que sua atenção foi minha!

Nenhum dos prazeres advindos da amizade e da entrega confiante carrega em si, sinais de males, mas, corremos o risco de engendrar por prazeres que trazem em si maior números de males que de prazeres.

Bichinho...


Saudade bem que podia ser flor
Mas com voz, perfume e cor
Flor de alegrar minuto e hora
Não dessas que deixam ir embora

Saudade bem que podia ser dia
Nos socorrer com sol e fantasia
Toda vez que a vida, por descuido
Se esquecer de adicionar magia

Saudade bem que podia ser doce
Qual melado ou marmelada
Pra gente se lambuzar inteiro
E se rir menino, farto e mineiro

Mas saudade não é flor
Não tem voz, nem cor, nem alegria
Saudade é só um bichinho
Que de tudo, vai e volta sozinho

Em nome de Deus...


Sou semente de milagre milenar
Brotada criança do ventre de mãe forte
Menino somado de verbo e esperança
Que a sorte desdenha e a dor já não alcança

Sou filho de muitas aldeias
E de todos os mundos
Trago no peito todas crenças
E no sangue frágil, um sonho que teima

Não tomo a fome por inimiga
Nem o sol, por castigo
Das defesas, que me são poucas
A tez é a de mais orgulho e valia

Meu melhor emana de meu olhar
É ele que fere de vida qualquer morte
É ele que leva o perdão que entrego
Aos dias da infância que não visitei

Amada...


Te convido a ficar em minha vida
Mas se quiser, pode deixá-la...
Não existem condições para ambas
Só seu querer, pura escolha...

Se desejar ficar um pouco mais
Te convido a falar de família
Mas pode ser de fé ou fantasia
Assuntar, de futebol a magia

Nas noites que seu sorriso faltar
Te convidarei a admirar estrelas
Se já não for capaz de ouvi-las
A gente canta e inventa poesias

O que diria ao seu coração?


Que jurei nunca deixá-lo em abandono
Nem mais e por nada entristecê-lo
Se preciso fosse, palhaço seria
E da vida, um picadeiro de magia faria

Embrulharia em Serenata
Toda boa alegria... e te daria!
Mas acho que já não posso...
Olha, mesmo distante fio que faria

Te sinto ainda pulsante
E é ai que terás minha companhia
No bater de suas batidas
Nelas estarei sempre presente

Como voce nas minhas...
Jurei também lhe dar poesia
Será ela nosso laço e elo absoluto
Fique então tranquila

Pois mesmo distante... corpo ausente
Darei a ti, por cuidado e carinho
Mesmo que sem rima ou talento
Um verso verdadeiro para seu sentimento

Nem todo passarin
Que encontra em sua gaiola
A porta aberta, alça voo
Às vezes,
Ser cuidado é uma necessidade
Não uma opção

Minha fé...


É dessas raras, que se acende
Que tem tino, honra e esperança
É filha forte com vocação de mãe
Postada atenta à porta de meus dias

Minha fé flutua no mar que me atravessa
Viaja de meus poros ao sangue que me cora
E sempre volta sadia a sorrir de minh'alma
Por ser bem dita, dita todo bem que me quer

Minha fé respira desejos de paz
Nas contas gastas de meu antigo terço
Nas intenções das velas que queimo
Nos passos da procissão que a torna mais bela

Minha fé tem compromisso com o perdão
E o nomeia encanto a cada encontro
Me habita a salvo ao que chamo paixão
E sempre me entrega o céu, sem me tirar o chão

Minha fé tem vida, graça e destino
É meu puro e melhor momento
É meu colo, valia, alimento e luz
É onde converso com Cristo, descido da cruz

Amor de Infante...


Queria-me tanto teu
Que mesmo adormecido, ouvia-te
Verdadeiro, imaculado e ufano
Segredar em versos, a metade que sou

Se em minha utopia castelo havia
Era nela que a magia acontecia
E acontecendo, vivente era e sabia
Que a espera, um amor prestante valia

Queria-te tanto e tanto meu
Que coragem não faltaria
Prá conquistar todo um reino
E salvar da dor qualquer fantasia

Sonhava-me teu e tão desmedido
Vivendo-te em tempo passante
Que ainda infante, não me renderia
E por ti, amor de amar, até tombaria

E ao fim da cruzada, restada sorte errante
Por certo que fosse, salvar em ti a princesa
Por fé e direito ao destino que tinha
Romperia com o mundo e a tomaria rainha!

A Ver Estrelas...

Hoje, cumpro a sina
Deixo falar a poesia
Inspirada em olhos teus
Em céu amante que fascina
Pois era noite e em sua companhia
No terreiro de vó Sinhá
Chamei-a a ver estrelas
A Estrela que adormecida era
Mesmo em face de seu sono
Olvidara ela que era encanto
A magia, o desejo, o acalanto
De estar a sonhar em braços meus