Coleção pessoal de MiriamLeal
Te vi correr em outras direções,
te vi ferido pelas tuas escolhas,
e mesmo assim, com compaixão nos olhos,
abri as asas, te esperei, te encobrir, escondi.
Mas rejeitaste o meu abraço quente,
o meu cuidado, o meu abrigo fiel.
Trocaste a graça por tua própria força,
trocaste a rocha por castelos de papel.
Mesmo assim... eu continuo chamando.
Meu amor não cansa, minha voz não some.
Sou o Deus que acolhe os rejeitados,
sou o Pai que conhece o teu nome.
Jesus chorou sobre a cidade dura,
Que rejeitou a visita da cura.
Disse: “Quantas vezes quis te ajuntar…”
Mas o coração do homem quis se afastar.
Jesus veio com os pés no pó,
Com o coração cheio de céu,
Com palavras que curam,
E um toque mais doce que o mel.
Ele amou os que o desprezavam,
Perdoou os que o feriram,
Lavou os pés dos que o negariam,
E abraçou os que o traíram.
Mas o Senhor observa com olhos de amor,
E diz: “Eu vejo cada julgador.
Mas também vejo os que Me buscam com dor,
E a esses, Eu dou Meu favor.”
Se o mundo te apontou, Ele te acolheu,
Se a igreja te rejeitou, Ele não se esqueceu.
Pois o amor de Jesus não é de fachada,
É aliança eterna, graça derramada.
Aos olhos humanos, podes parecer falho,
Mas ao olhar de Cristo, és raro, és trabalho.
Obra em processo, barro nas mãos,
Joia lapidada por Suas próprias mãos.
Jesus não apenas perdoa o caído,
Ele senta à mesa com o arrependido.
E o que o mundo tentou descartar,
Ele chama de filho, e começa a restaurar.
Ele não espera que venhas perfeito,
Mas que venhas com um coração aberto.
Não exige beleza, nem aparência de santo,
Só quer a verdade que vem com o pranto.
Ele não olha como os homens veem,
Não mede com olhos frios de alguém.
Jesus vê o choro que ninguém percebe,
O coração que, em silêncio, se arrepende.
O amor de Jesus é ponte, não muro,
É colo no presente, cura para o futuro.
Ele não diz “tarde demais”,
Ele diz: “Vem, e não peques mais.”
Mas o homem… ah, o homem se esquece,
Fala de amor, mas pouco oferece.
Aponta dedos com tanta razão,
E guarda pedras dentro do coração.
Ele ama o leproso, o perdido, o cego,
Mas o homem ama apenas o que é espelho.
Ama quem se encaixa no seu molde,
E exclui quem a graça de Deus envolve.
O coração do homem endurece fácil,
Fecha portas com trancas de orgulho.
Mas o coração de Cristo se abre todo,
Mesmo sabendo que será ferido de novo.
Ele é o Amor que não calcula,
Que não exige, só chama.
Mas muitos escolhem a lei sem compaixão,
Enquanto Jesus oferece… a cruz e o pão.
Mas o publicano, sem levantar o rosto,
Batia no peito com sincero desgosto.
“Tem misericórdia de mim, Senhor,
Sou pecador… não sou digno do Teu amor.”
Subiram dois ao templo santo,
Um com orgulho, outro com pranto.
Um olhava ao céu com soberba no olhar,
O outro ao chão, com temor no falar.
O fariseu erguia voz segura:
“Jejuo, dizimo, guardo a escritura!
Não sou como os outros, injustos, perdidos,
Muito menos como este, aqui, caído.”
O céu se calou para ouvir o clamor,
E o Pai sorriu ao ver o temor.
Pois aquele que se achava sem erro e razão,
Foi embora com vaidade… e condenação.
Mas o que se humilhou, quebrado, ferido,
Foi justificado, foi acolhido.
Pois Deus não busca os que se exaltam em vão,
Mas os que se prostram com o coração.
Na casa de Deus, não há trono de orgulho,
Nem espaço para máscara ou barulho.
A voz que agrada ao Senhor é singela,
É a do arrependido que entra… e sai com a alma bela.
Há muitos que sabem o caminho certo,
A trilha estreita, o passo mais perto.
Mas ao verem a cruz, recuam devagar,
Pois seguir Jesus é morrer pra reinar.
Não é falta de luz, nem de direção,
É medo da poda, do quebrantamento, da renúncia em ação.
Pois o caminho certo esmaga o orgulho,
E o ego não gosta de perder seu murro.
Ah, como dói negar-se a si mesmo,
Rasgar vontades, crucificar o ego preso.
Mas é só assim que a vida floresce,
No solo da humilhação que o céu enriquece.