Coleção pessoal de MaxileandoLima

Encontrados 19 pensamentos na coleção de MaxileandoLima

⁠Discurso de Professor e Amigo, meados dos anos 2000.

Cumprimento a todos os presentes.
Queremos convidá-los a pensar conosco questões novas e complexas, e buscar caminhos para um processo de formação capaz de permitir aos futuros professores a compreensão de que somos diferentes e, na diferença, nos constituímos sujeitos. Nossa relação com o mundo e com os outros precisa ser pensada a partir daí.
A escola que temos, ainda se pauta em um modelo que valoriza práticas ritualistas e lineares, que atualmente mostram-se insuficientes para enfrentar os desafios contemporâneos de novas questões sociais, culturais e identitárias. Importa desconstruirmos o olhar que privilegia a homogeneidade, que ignora as individualidades e silencia as histórias de vida de seus educandos.
Na contra corrente dos processos de exclusão social que marcam a falta de oportunidades escolares de crianças, jovens, adultos, indígenas, afro-brasileiros e portadores de necessidades especiais, firmamos a unidade na diferença e na diversidade. Unidade que reorienta as práticas educativas a partir de novos discursos e que propõe o acesso democrático à escola como valor universal.
Com ênfase na Formação de Professores, fazem-se necessários o debate e as ações sobre educação inclusiva, perpassados em todos os níveis pela conquista da cidadania. Mas, as vitórias da inclusão não devem restringir-se apenas no âmbito legal. A inclusão deve ser pensada como lugar onde a teoria e a prática tencionam-se, vividas como história humana para além dos campos de batalha e dos gabinetes presidenciais. A inclusão deve ser defendida em ambientes antes impensados, nos quais está o humano: nos palácios e nas sarjetas, nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbio, nas casas de fogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquina, porque só é justo continuar a viver se a nossa vida arrasta com ela as pessoas e as coisas que não tem voz.
Tendo a inclusão, como horizonte, podemos sinalizar uma prática pedagógica a partir da memória e da história dos alunos, orientação metodológica que remete ao cotidiano de segregação, desigualdade e exclusão de serviram como caldo cultural ao longo da formação social brasileira. E isso basta? Pensamos que não. necessitamos da força vital, da credibilidade de nosso aluno. Ele, mais do que ninguém, como desejante, pode ser solidário e renovar, com sua visão crítica, compromissos com a ética. A inclusão, como ampliação da cidadania e do direito, depende de nossa capacidade de conquistar a fé e a esperança que residem no "coração de estudante".
Ao ouvirmos nossos alunos, professores em formação, talvez nos surpreendamos ao descobrir que eles, seus pais e avós, são doutores em desigualdades de oportunidades, mestres em desescolarização, PHDS em analfabetismo, Livres Docentes, em exclusão. Reconhecer cada aluno como dono de sua voz e das muitas vidas severinas - para quem a escola foi a terra boa nunca cedida - talvez seja um bom caminho.
As linguagens, pelo significado das palavras e pelo sentido dos discursos, concretizam e externalizam o pensamento e permitem que o indivíduo, no campo das relações sociais, constitua-se sujeito. Dessa forma, elas confluem para a realização, no indivíduo, da consciência de si e de ser-com-o-outro, de ser membro da espécie humana, de pertencer a uma nação, expressar uma cultura, de dizer-se brasileiro.
Caros formandos, temos em frente o grande desafio de atualizar a escola como ruptura e continuidade. Ruptura com a tradição de exclusão, de silenciamento das culturas (como a indígena e a afro-brasileira); ruptura com o silenciamento de pessoas com necessidades especiais; ruptura com a exclusão de jovens e adultos cuja vida na escola foi a morte severina. Trabalhar a continuidade na escola, implica recuperar o sentido filosófico do homem como sujeito produtor de seu destino e de sentidos. Somente assim superaremos a contradições que excluem crianças, jovens, adultos, etnias, tornando nossa nossa questão-objeto cidadã, em pertencimento a todos nós.
Finalizando: Sussurrando: Cheguem mais perto, mais perto, ouçam:
"Aproveitem a vida!
Cada momento!
Temos só uma oportunidade para viver e compartilhá-la, torná-la possível aos outros, a quem realmente precisa!
Um grande abraço.
Do professor e amigo:
Maxileandro,

⁠A FANTASIA NAS MARAVILHAS DA CRIAÇÃO

Hoje viveremos o poder da imaginação
Onde o coração palpita a cada passo da ilusão
Pois neste mundo há portas
Que serão abertas pela força do coração.

E nesta estrada, quantas coisas vamos ver
Junto com Monteiro Lobato, a Cuca e o Pererê
Vamos numa corrente, vamos juntos torcer
Que o amor seja grande, e a vida um prazer.

E nos planetas como sonhos recheados
Que são sempre avermelhados
Um palhaço marciano vamos encontrar
E o Pão de Açúcar com ele saborear.

E na viajem, que beleza!
Os feiticeiros e a magia da natureza
Farão a nossa imaginação
Se refletir nas maravilhas da Criação.

Voltando nas asas da borboleta
Recordaremos com emoção e alegria
Que abrimos as portas de um planeta
E passeamos no mundo da fantasia.

3º Técnico.

⁠APELO DE PAZ

Homem!
Eu preciso lhe falar.
Saia do seu eu.
Venha, eu lhe peço.
Me dê a sua mão.
Não chores!
Você é a minha imagem.
Eu o amo por isso.
Não me negues em seu irmão.
Eu lhe dou a paz.
E ela é dele também.
Juntos poderão caminhar.
Construir um mundo novo.
De amor, confraternização.
Guardem as armas.
Acabem com as guerras.
Se humanizem!
Se perdoem!
Se amem!
Para que não se percam
No eco da solidão,
E só possam ver a paz
Num retrato amarelado,
Num vão.

⁠LEBERTEM A PAZ

A paz,
Toda paz,
É sempre paz,
Quando mãos se unem,
E num apelo de amor
Trabalham em comunhão,
Em favor daquele irmão
Que não sorri.
O sorriso,
Todo sorriso,
Que vem da paz.
Toda paz,
Que um dia o homem
Trancou em seu coração,
E se esqueceu de dizer:
'EU TE AMO"
Para quem precisa.
Para aquele que sofre.

1986.

⁠O que eu quero falar?
Muitas coisas.
Coisas que eu não encontro.
Perdidas.
São amores, sentimentos...
São passado.
Há, o passado!
Um barco que passou,
Um navio que singrou,
Uma represa que se rompeu.
Hoje vivo procurando
Algo que não encontro.
Mas está aqui na consciência.
Tudo me diz que mudei.
Não tenho mais barcos, nem represas.
Tenho sonhos e armas.
Procuro a realidade através dos sonhos.
E a consigo através das armas.

1986.

⁠CANTEIROS DE PAZ

Brotou uma rosa no lixo.
Seu aroma perfumou a podridão.
E no coração de homens cansados,
Nasceu a paz de uma nova canção.

Brotaram espinhos na rosa
Para que o mundo não sofra tanto
Quando ver a triste visão
De irmão odiando irmão.

Brotou esperança nos espinhos,
Pois a dor purifica o coração.
E as dores que sangram nosso peito,
Dão vida a esta nova canção.

Brotou paz na falta de paz.
E todos sorriram sem se conter.
Pois o lixo que havia no mundo
Hoje é um buquê de paz e prazer.


1986.

⁠O VENTO

O vento é majestoso.
Seus comandos insondáveis.
Ele quer, ele manda, ele toca.

Meus cabelos estão soltos.
A brisa em minha face queima.
O vento em meu corpo acalma.

Meus pensamentos vão ao vento.
Procuro saídas, não encontro.
Me perco em meio a turbulência.

Se ao menos eu tivesse asas...
Voaria bem mais longe
e bem mais rápido que o vento.

15 de junho de 1987.

⁠UMA ROSA SOLITÁRIA

Uma rosa bela.
Solitária, porém.
Se és vermelha, roxa ou amarela,
Isso não convém a ninguém.

Apenas uma rosa.
Justa posta em seu altar verde
Que a beleza reluzente transporta
Toda a alegria que talvez vai causar.

É tristeza, solidão, amargura?
Se és tão bela, porque em um canto se restringe?
Será a maldade de uma mão que a prende?
Ou a doçura dos olhos que as resguarda?

Não! Mas sim, a ambição tamanha
De no centro do jardim se colocar,
A Transmitir a todos que passam,
Todo o seu orgulho de bela conservar.

Mas quando o tempo passou,
Todos que a viam em seu altar,
Lamentavam sempre que viam
Aquele negrume de folhas secas no ar.

2º FP nº 23.

⁠O LADO OPOSTO

A chuva molha a terra,
A paz, o coração.
Da terra brotam flores,
Do coração, um mundo irmão.

Mãos amigas doam flores,
Inimigas, destruição.
A paz vem das flores,
O ódio talvez de um não.

O mel é um doce desejo
De paz, vida e união.
Só colhe mel quem é abelha;
Escorpião, a própria destruição.

1986.

⁠Sinto que estou vivo
Quando sinto meu coração bater
Por felicidade ou força de vontade
Pra dizer que te amo

Sinto que te amo
Quando minhas mãos te encontram
Pra te sentir e te proteger

Espero que sintas o mesmo
Pois sou seu para raios
Pra todo amor que me dedicas
De mim, recebes felicidade

Talvez seja vaidade.

⁠Vivo perdendo tempo em procurar algo.
Talvez vontade ou não, de querer preencher o tempo.
Querer me fazer alguém.

29/08/1980.

Falar em alguma coisa é fácil como fazer intrigas quando escolhemos as palavras certas.⁠

⁠Não sei mais escrever.
Talvez não seja poeta.
Mas tenho uma força incerta que se declara independente da hora.
Tenho muitas coisas a fazer.
Sou desmazelado e desafobado.
Talvez eu esqueça de morrer lembrando de viver o passado.
29/08/1980.

⁠FELICIDADE

É uma coisa singela
Tem perfume, tem prazer
É um caminho a percorrer.

São as flores, são os pássaros.
É o meu cão engraçado
Que eu nunca vou esquecer.

É esta escola,
São estes colegas
E os professores também.

É eu poder estar aqui
Ao lado de todos vocês,
Sem nunca me sentir só.

Meus pais, minha irmã
E os outros que me cercam,
Meu coração não se esquece não.

Todos e tudo de belo
Me ajudam e me levam a dizer
O guardado só meu coração:

"Sou feliz e não estou só."

⁠AQUELE AMOR, AQUELA PAIXÃO.

Sob um céu de estrelas,
Sobre uma grama rente,
Só eu estou com ela,
Só ela está a me ouvir.

Só o coração revela
O que a música não diz,
O amor que eu sinto por ela,
O amor que a faz tão feliz

Quando a noite se esconde,
E o dia vem brilhando,
Vai derretendo a felicidade
Que o frio da noite uniu com o luar.

Quem és tu donzela,
Que com teu olhar de sonhos,
E sua voz singela,
Me fez apaixonar?

A noite já se foi,
O dia vai findar,
E sua despedida
Me fez chorar.

Saudades, saudades!
Amargura no coração,
De um dia ter possuído
Aquele amor, aquela paixão.

⁠GERAÇÃO À BEIRA...

A verdadeira consciência do jovem,
É não ter consciência,
Ser jovem é ser anarquista,
É lutar pelos seus direitos,
E procurar caminhos.
Dar um basta, pô!

⁠Quem és?

És a dor que transpira na noite pálida,
Com saudade de um dia ter visto
O amor, o sonho, a felicidade.

És o desvendar da virgem mata
És o horror, o choro, a verdade,
Do mundo erguido em casa máquina.

És lágrimas químicas do homem viciado,
O ganir dos animais torturados,
O morrer das plantas maltratadas.

És moléculas, átomos latejantes,
A ciência, a loucura, o medo.
És o crânio do progresso absurdo.

És a caneta do escritor esquecido,
Transcrevendo os amores e os risos
De uma vida entre homens amantes.

És triste e amarga realidade
De um ser nascendo espremido
Da boca de um tubo de ensaio.

Quem és?

_ Sou eu, crescendo e lamentando:
A fome, as guerras, a necessidade, mas,
Comandando o mundo mecanizado.

⁠Meu Brasil de Orixás

Levanta poeira
Gira roda gira,
Gira roda baiana
Verde e branco na avenida.

Vem meu amor,
Esse enredo é todo presente.
Os deuses ficam contentes
Com esse luau de esplendor.

Todos os diabos estão soltos,
Loucura é sinônimo de paixão,
Nanã é deusa da chuva,
Xangô é deus do trovão.

Omulu, o rei dos cemitérios
É a força da transformação,
Dono da vida e da morte
Me dê paz nesta vida de ilusão.

Quero ter o seu amor,
A magia começou.
No terreiro sou a gira,
Sou a raça multicor.

A caça é o vício de Oxossi,
É deus dos caçadores,
Protege a natureza generosa,
Aumenta a fartura de amores.

E por falar em amores,
Iansã se apaixonou por Xangô.
Sensualíssima e fogosa,
É tormento na avenida, Vem Quem Quer!

Vem quem quer meu pai Obá,
Vem girar ô mãe Nagô,
Quero ver você suar
Esse corpo de Oxalá.

Cada vez mais percebo que a humanidade caminha a passos largos em direção ao caos da própria humanidade.