Coleção pessoal de MARQUESBUENO

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“Aquela velha amiga, minha solidão”

Nunca escreveu, mas era minha companhia, nunca ganhei um beijo seu, acho que por minha covardia.

Foi embora não disse adeus, deixou história e me esqueceu.

Por que partiu quando não te vi, porque aquela noite me mentiu.

Sempre tentei te esconder, mas sua presença contagia.

A música que faço pra te esquecer repete o som de todo dia.

Aquela velha companheira fazia-me mal, eu de fato a ti sempre me entregava e a nada temia.

Aquela garotinha que corria nas minhas ruas, agora é mulher e me sorria.

Aquela inútil solidão era meu café da manhã, o leite da noite enquanto dormia, mas eu sei que posso mais.

Adeus velha amiga, aquela garota de dias atrás é a mulher que eu queria.

Agora ela já não corre mais e eu; à solidão não digo nem bom dia.

“O ano não terminou”




O ano terminou e pressinto que falhei ; não aquelas falhas claras , mas acho que não alcancei as metas que sonhei.

Não fui um bom rapaz , entretanto não tirei a vida de ninguém.

Não fiz minha caridade , mas é certo que não roubei o sustento de ninguém.

Esperei um ano repleto de sonhos , motivos e batalhas ; só que não me aprontei.

Esperei carinho , afeto e mais nada ; isto eu tive e ganhei , só não recordo se fiz minha parte da lição de casa.

Ironizei aquilo , aquele e toda falha ; quando falavam de mim , fechei a cara e não dei mais risadas.

Ironizei os dias de espera na estrada , só que aos meus pés de nada reclamei.

Sorte minha que o ano se findava , sorte minha tudo é fácil esquecer.

Sorte minha ter noção da minha falha , sorte minha ver um ano novo nascer.

Tenho certeza que para mim este ano não escapa ; espero poder ter a sorte de preencher as lacunas da minha vida que nos anos velhos eu deixava.

“Experiências vividas, perdidas”


Meus pensamentos não são impuros,

Enquanto eu chego, eu perco o mundo,

Um passo pequeno me faz ter tudo,

Perdi o ensejo, teimei com receio, sou fraco inteiro,

Avistei um mar de devaneios, tentei ter mais,

Sorrir para quem eu vejo e odiar seus pensamentos,

Senti o ar de como é o céu, mas o inferno é quem me aqueceu,

Amei tudo que busquei,chorei,sangrei; enfim, tudo que almejei,

Deus me fez um dia visita-lo; não sei por que voltei,

Ontem deitei feliz, hoje acordei sem lei,

Mexi bem mais que um alguém; esperei demais para ir além,

Esperei ter paz, o coração enganei; um beijo decerto será pedir demais,

Confesso que a vergonha para tudo que já fiz não me atrai,

Outro dia encontrei uma mágoa do passado, por mais que tentasse disfarçar; hesitei,

Ninguém é dono de meus erros, mas de fato minhas experiências ninguém tem,

Desperto interesse só aos fracos, aos olhos dos fortes e dos sábios; um ninguém,

Escrevo pelo meu vazio, um poeta acredito nunca ser,

Não sou ingrato com a vida, nem raivoso como crêem,

Agradeço o minuto passado, pois a ele recitei.

“A arte de ser alguém”


Procuro a sombra em meio ao sol,escondo-me atrás das pontes daquele atol.

Vasculho um horizonte sem sair do chão,anseio por uma fonte de ingratidão.

Sou impaciente,não insolente,sou um louco consciente da loucura que acossa minha mente intransigente.

Sou apenas um,não ausente,não um objeto obsoleto,apenas alguém custoso que pensa um pouco diferente.

Tenho pensamentos corriqueiros,sonhos e desejos prisioneiros,mente vigiada e com censura,trazendo a inútil paz em minha clausura.

Tento ser capaz,deixar de lado idéias quiméricas,ter a fala afável,atravessar um mar a nado sem pensar no outro dia.

Procuro ser alguém ou um ninguém,ir mais além ou não ter vez,sentar e esperar um trem que decerto;nunca vem...

“Andarilho”


Não tenho casa, não tenho graça, mas tenho o mundo...

Não tenho pressa, não tenho estudo, mas não sou imundo...

Não tenho fé, não tenho juízo, mas tenho apenas um amigo...

Não quero nada de graça, não quero um sorriso forçado, mas quero viver sem perigo...

Não digo que a vida é sem graça, não digo que o mundo é vazio, mas peço um dia tranqüilo...



Sou algo além, sou vai e vem, sou o impossível...

Sou uma pessoa de bem,sou pedra que ninguém tem,sou imprevisível...

Sou castigo em noites claras, sou lampejo de seus desejos, sou sempre um mal querido...

Sou espera do minuto que não para, sou parada do tempo perfeito, sou austero comigo mesmo...

Sou divertimento banido daquela casa, sou risada sem graça correndo, sou mero aprendiz na porta de casa esperando migalhas sofrendo...


Eu ando bem, eu falo muito, não sou ninguém, mas quero tudo...

“Sinto apenas uma dor”


Sou um homem que possui todos os pecados.
Sou vergonha para minha vida,um eterno calado.

Já fui aprendiz de romeiro,olhar certo e ligeiro.
Já fui profano e gostava,lembranças deixadas ao canteiro.

Sou visto com desconfiança,meus passos vigiados o dia inteiro.
Sou ave engaiolada,perdendo espaço,deixando de lado o pequeno poleiro.

Já disse uma vez que não fiz nada,porém o peso da falha é um fardo extremo.
Já tive dias que me achava capaz e sonhava;um dia vazio,jogado ao relento.

O dia em que você me viu com desconfiança,uma tenra lembrança,de que um dia tive certa esperança;errado pensei,apenas achei que era simples pedir confiança........

“Esquecimento...”

Vou te dar um caminho se pegar minha mão.

Não peço muito, não quero abraço, não quero carinho, afeto se for um pouquinho, o que quero apenas é você do meu lado sorrindo.

Não te darei o céu e muito menos todas as riquezas do mundo, não te darei jóias caras, o meu mundo não é demais, o que quero é você sempre vindo.

Não quero ser um poeta póstumo, não preciso disto do mundo, não quero cruzar com minha mente deturpada, não foi assim meu pedido.

Não resisti ao seu sorriso de menina, meu juízo ora vago, entregou-se de fato ao insensato, mas belo retrato, talhado na pedra marcante de meu dia a dia.

Não sou um amante perfeito, sou trapaceiro, tolo, palhaço, homem encarnado em um corpo doentio, dado as fraquezas humanas, incertezas insanas, fracassos bacanas; apenas um homem perdido.

Não procuro a chuva lá fora, não preciso do sol escondido, não quero algazarra irrisória, nem um mergulho em um lago vazio.

Não quero seu perfume indo embora, não quero a folha verde a toa caindo.

Não sei ao certo o que consome, não sei mais ser um vencedor, não preciso mais de um pedido em seu nome, não preciso de um apelido tal qual perdedor.

As palavras citadas não são primaveras arranhadas, nem a liberdade esperada, tampouco a tarde acabada, nem sei o que esperar destas palavras findadas.

As promessas chegaram; as mentiras também, um orvalho abafado, aquele perfume de jasmim.

Um jardim abre-te os braços, não tenha medo entre descalço, alguém espera há muito tempo sentado pelo abraço esquecido.

“Ilusão”

O homem solitário tomou seu caminho repleto de mentiras enterradas sanadas, deixou para trás somente o martírio.

Não era novo, também não usava bengala, era maduro o menino, se quando rapaz tagarelava, com os dias em seu encalço, aprendeu a falar apenas com os ouvidos.

Livre enfim na jornada, a encruzilhada mostrou-se um alívio; um bom dia à estrada.

O homem solitário, por Deus encontrara descanso, paz, um ofício, ganhou de presente uma vida regrada; sua história lhe trai, mostrando que a paz de outrora, não passa de um mero fechar de olhos, içando a tona um homem mimado, cheio de fracassos tentados, vividos.

Livre sem poder se mostrar, escasso é o ar que respiro; preciso apenas de paz.

“O que esperar?”

Estou cansado de perder as horas, noites em claro, sonhos de ilusão; os minutos despejam sobre mim o seu tempo petrificado, congelando o momento, mostrando um espaço incapaz, sem fim.

Estou feliz por enfim ter evitado um conflito infeliz,dono de mim tenho controle do tempo e o que falo,resgatando de forma polida, o brilho outrora ofuscado, manchado, perdido.

Mandei um recado impensado, uma briga contida, diferente do que falo, onde recito murmúrios, apreço e homenagem; um dia querido.

Mandei alguém à porta fechada, batia em vão e não ria; o silêncio enfim imperava, de forma sabia assim sorrindo.

Estou a um passo de conhecer meus domínios, deixar de lado falsos amigos, dar risada da ironia barata, respeitar o errado, ensinar se for preciso de mansinho uma vida pacata.

Estou prestes a cometer uma matança de tudo o que é falso ingrato e altivo, impropérios descalços, uma carta vazia, a lembrança deixada, a velhice no asilo; dias sem nada.

“Um errado sentimento”

Sei o que é o amor, seu presente me fez cicatriz, um sorriso que ás vezes traz dor; um tormento bem simplório, fácil assim de descrever.

Sei que errei no pecado que busquei, um pedido de até logo, um momento de tentação, não achei minha imagem naquele espelho d’água,não achei por teimosia,ou na fúria sem razão.

Sei que a trilha foi traçada, pequenos traços de artesão; a minha trilha é inacabada, cheia de riscos, rascunhos, traçados desajeitados, desenhos arcaicos, profundamente entranhados em meu coração.

Sei que seu abraço é a glória inatingível, buscava exacerbado um pequeno lazer, seus braços continuavam dizendo nada; olhei aquela falta de apreço e cedi ao pedido da carne, errei sem ao menos querer.

Sei que em minha morada não há água,tampouco fogo ardendo,erigi uma vida mundana, cheia de cartas jogadas ao vento.

“Um beijo inacabado,porém resgatado”



Andei os mesmos passos que foram seus,freqüentei os espaços em que você se perdeu.

Pude ver em seu rosto um sorriso brotando,enquanto admirava você seguiu seu caminho cantando.

Cresci sabendo que havia te perdido,entretanto era esperado que em algum canto de nossas vidas,enfim te teria.

As andanças foram tantas,os erros incontáveis,o passado não fora branco,sequer lembro sua imagem.

O tempo escorre por entre os dedos trazendo a vergonha também,inconseqüência é uma triste lembrança,esperada a contento por ninguém.

O sol brilha e purga a desesperança,levando o doce à alma de quem espera o amor de alguém,sou feliz e ando com fé e esperança,pois para meus braços enfim meu amor poderá repousar.

“Os dias que passaram”

Quando criança não queria deixar o dia ir embora,enfurecia,esperneava, queria mais do dia.
Acordava encantado, o dia deveria começar e esquecer-se de terminar.
Meus amigos eram eternos, a cobiça não existia, a pureza tinha seu lar, a riqueza da alegria era tudo e havia seu par, nada mais sem nostalgia.
Cresci pedindo ao dia tornar-me homem, ser adulto, ser pai enfim,mas o tempo não me ouvia,dava-me as costas e me esquecia, os dias não eram passos rápidos e ligeiros e sim passos esquecidos e de pedra.
Via os dias se findando, por mais que tentasse não conseguia alcançá-los, queria os dias que passaram, ou poder tê-los em minhas mãos, mas este desejo não conseguia e talvez de verdade nem quisesse e esta ousadia não permitia.
Agora envelheci, o tempo me alcançou e já não tenho mais o que pedir, o desejo de ser pai eu consegui, um amor pra me levar o céu me deu, o pedido para o tempo correr ou parar se perdeu junto dos dias.
O meu tempo vai chegar eu sei...
... só não queria.

A pressa não me têm


Cai a chuva fina na janela da velha casa, a colina se escondeu, o cheiro da terra molhada, o temor emudeceu.
O lampião aceso, a cadeira vaga, a porta bate, o trovão estremeceu, o vento assovia e cantarola, um ninar único e meu.
Lembranças apagadas recheadas de desejos e transpiração, o rangido da cadeira se escondeu.
A noite segue calada, sonolenta também, erudita em sua fala, tímida e amistosa naquilo que convêm.
Nada mais, nada passado, apenas inocente e puro, desprendido de andanças desastrosas que maculam a fala e deixam os pés doendo também.
A beleza está guardada, não na fala, não na casa, não na chuva que escondeu, não na noite iluminada pela lua no apogeu, está sim em seu olhar, no que seus olhos buscam ver, a beleza alcançada não é apenas o que se vê, mas sim no esperar acontecer
Procure sem ver, ache sem procurar, encontre sem perceber,seja feliz na caminhada,sua companhia é encontrada, só não busque de forma agoniada, pois a água vem mansinha e clara, peça apenas que ela toque você.

“Minha vida não é clara”

Em meus repetitivos erros, pude ver de forma clara que não deixei nenhuma canção, recitei a frase clara, poemas, falas, pedidos de perdão.

Em busca de uma vida clara, tive amparo, inveja, momentos de compaixão, alegrias passageiras, indolores emoções, até a luz que já foi clara transformou-se em escuridão.

Em sintonia com os que amam, tive o amargo gosto do ódio, não vi de forma clara quando alguém me disse não, sempre alerta perdi o embate que não trouxe campeão.

A mesmice irrita um texto, algo inacabado também, a beleza não é clara, como esperar e lutar enquanto do outro lado daquela sala, um aceno pedido de graça não vem.

A agonia desvairada é vista em tempos de televisão, sugestões inconseqüentes, sorrisos baratos, nada têm conotação clara apenas cremos em alguém que fala e sequer temos atenção.

A palavra é antiga; amar, desejo, ódio, entrega, sofrimento, perdão, o que foi escrito não diz nada, quando não temos o sentido da palavra ou a vida deixa de ser clara quando se quer viver o dia a dia e um futuro não teremos não.

“A minha ou tua consciência”

A consciência é uma segunda mãe, é nociva e não faz mal, é sagaz e altruísta,é esperta e muito sabia,é covarde ao meio dia.

A consciência não quer conselho, não quer viver de heresia, ela é despedaçada, incapaz traz alegria, ciumenta, bem melhor, é um mar de águas límpidas.

A consciência é veloz, tem a força e magia, traz certeza e nada mais, enche a gente de agonia, num lampejo traz a paz, vislumbra mais que a casa vazia.

A consciência de dias atrás trouxe a fome, guerra, morte, falácia, tudo pela teimosia, também pode ser capaz de mudar um marco e trazer a vida, para àqueles lá atrás que sequer viviam um dia.

A consciência não é produto, não a compro em promoção, uns a têm de forma clara, outros não conseguem olhar o chão; a mente humana não é rara, é seu teor que está constrito, tenho receio desta fala, pois pensar pode deixar de ser amigo.

“Da vida ganhei o caráter”

Aprendi em certos tempos escutar sem muito falar, também ganhei de contrapeso o momento de esperar.

A ausência e alguns defeitos deixaram cegos e desamparados meus momentos de razão, ademais sentiram desprezo, certo estou na minha canção.

Ontem cedo topei o espelho, vi uma criança pestanejar, a noitinha tive receio, mas cuidadoso peguei-me às turras a lhe olhar;um espanto pois não era o mesmo fagueiro,vi um homem a me encarar.

O castigo não mais tenho, vejo-me agora a ensinar,antes imaturo em devaneio,tento agora equilibrar,meus momentos de anseio podem de fato esperar.

A virtude sei que tenho, não aquelas cardeais, temperança, justiça, fortaleça e prudência um grãozinho vão me dar;tenho a força e sou sereno,valentia sei que há,fé em um dia de esperança a caridade vou ganhar.

Tenho orgulho do que vejo, sou o único a me inspirar, senti na pele um olhar faceiro, os dias passam sorrateiros, a vida bateu sem dó e a contento deixando ao chão no atoleiro alguém incerto e não guerreiro; fazendo-me homem ao levantar.

“Minha perdição”

Busquei um dia me encontrar com as estrelas, alcei vôo até o mais alto do céu, mas não as alcancei.

Perdi meus passos em seus caminhos, chorei em seus braços, senti seus carinhos.

Refresquei-me no lago, repousei à sombra, comi de seu fruto, recitei um poema, escrevi na areia, brindei com a brisa da manhã.

A lua enalteceu o que o sol deixou passar, suspiros eu ganhei, um amor que é pra guardar.

Perdido em seus lábios, um abraço eu lhe ensinei; seus cabelos eu peguei, um beijo com ardor foi algo da qual não pensei.

Do sol ganhei o seu nascer, da lua o brilho a cintilar, de ti foi algo mais a paz, que faz amar alguém, da qual sequer um dia sonhei.

“A sorte de ter você”

Sua beleza é uma flor, linda como um esplendor,
sua beleza é um recital, linda quão pedra colossal.

A dádiva de ter você é um presente não igual,
esperando o sol nascer, pois sua beleza é como o tal.

A tristeza foi dizer até logo, adeus, um tchau,
MINHA VIDA vou dizer, amo você um beijo tchau.

“Certa manhã”



Certa manhã cheguei quietinho de mansinho sem te assustar,
Devagar lhe fiz carinho, seu suspiro veio me inspirar.

Acordou e me deu um sorriso, tão belo que não é fácil explicar,
Um beijo com carinho traz lampejos a me excitar.

O seu rosto e seus trejeitos, sua pele a me tocar,
Minha alma é toda sua sequer tento recitar.

Seu perfume inebria, faz meu sonho delirar,
Teu suor me contagia, não pretendo mais parar.

O seu toque tem magia destas que não sei ditar,
A manhã faz-se alegria para a noite enfim sonhar.

“Eu vou”

" Eu vou vivendo minha vida sem tracejo e até assim quanto durar,
vivo apenas um dia inteiro,se é que o fim hei de chegar,
não planejo com tropeços,para não me machucar,
tento ser muito matreiro,mas a vida sempre hei de ensinar.

não consiguo um grão direito,pois não sei o que plantar,
na falácia de minha vida posso ate representar,
consigo em torno de mim mesmo,vejo o dia iluminar,
aguardando um bom sorteio para a prosa desmanchar.“