Coleção pessoal de marianinguem70

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C I D A D E

O Sol amanheceu a cidade.
A Vida respirou Liberdade.
A noite fria e escura, morreu.

Passo pelas ruas e paços,
buscando um ombro amigo,
um abraço...
em olhares que o horizonte perdeu.

A Vida me empurra pela cidade,
navego neste mar de ansiedade
atrás do tempo...
atrás das horas...

Mãos que se apertam e não se tocam,
olhos que se veem e não se olham,
ombros lado a lado, em solidão!

Não sei quem morreu de verdade...
se a noite, ou o dia-cidade...
Se o ar que respiro é, assaz, Liberdade...
Se o Sol que ilumina estas ruas desertas
de amor, compaixão,
aqueceu, afinal, algum solitário...
coração.

I L U S Ã O

Quero comer tudo o que vai me matar,
Quero beber tudo o que vai me afogar,
Quero ficar na chuva, no sol,
na escuridão da noite fria,
até desbotar!

Quero sair do meu corpo e flutuar,
no mar etéreo de tua visão.
Quero me libertar desta prisão.
Quero ser o outro lado do teu avesso,
Quero ser o começo de tua revolução.

Quero viver sem perdão
e morrer no fogo de tua paixão.
Quero tudo o que for proibido,
o Universo vertido em versos sofridos,
consumidos pelo desamor!

Quero ser a flor amanhecida
no cemitério da dor.
Quero pensar que encontrei teu amor...
o abraço invisível,
o beijo impossível,
a carícia irreal...

Quero ser adorno em teu funeral,
sem corpo, sem alma...
melodia serena, apenas...
som das estrelas...Ilusão final.

L A B O R E S

Cai a noite.
O dia entrega as armas.
Mais uma batalha vencida.
Volto pra casa-refúgio da guerreira,
onde sorvo, na solidão,
eterna companheira,
o néctar das flores
plantadas ao longo do caminho.

Flores que enganam espinhos,
oferecendo, mudas,
o perfume e o humano carinho
que o tempo abduziu.

Ligo o rádio.
Ouço a canção de quem partiu,
falando de lutas inglórias,
de ilusórias vitórias,
num contexto artificial.

Amanhã será mais um dia...
Um dia a menos na insana caminhada...
Um dia a mais em direção
ao fim da jornada...
E o Sol por testemunha
de mais uma empreitada...

Outro dia trazendo em seu bojo,
como um Cavalo de Tróia,
milhões de guerreiros que,
como eu, talvez sobrevivam, por eras,
ao tempo perdido em dolorosas quimeras.

METADE

Sol de meia noite,
meia lua em meio dia.
Vago em meio devaneio,
meia luz em tarde fria.

Vou e volto, volta e meia,
não consigo te encontrar.
Meio triste, meio solta,
busco a luz do teu olhar.

Quantas noites meio calma,
meia volta tento dar,
desta dor que me derrota,
não consigo me livrar.

Vou seguindo meio morta,
meio viva ainda estou,
o meio amor que tu me deste
era pouco e se acabou.