Coleção pessoal de marcosvpsilveira1957

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⁠Náufragos

A ti, sedutora sereia do além
bastara lançar o compulsório olhar
para que tornasse-me vassalo fiel;
aos olhos ofereceras ínsitos narcóticos
verdes alucinógenos, em átimos diários...

A mim, marujo indefeso e desvairado,
sobejara a imposição da masmorra do amor
proclamada em perpétuos éditos sentimentais;
a nós, comparsas, a devassa conivência a dois
singramos sem rumo, aos irrecusáveis últimos fatais!


Encontro marcado

Intento-te, de modo incerto;
ímpio ou carnal? Possivelmente!
No silêncio singular, pressinto:
não seria um ato perverso a dois?
Cúmplice arranjo? Veras por certo ...

Íntimo, atiro-me ao pensar-te,
e me vem a cerce lascívia ilusória,
e o querer se torna um ardor;
os critérios apenas se vão,
doando lugar ao méleo pecado ...

E assim, suspeito o beijo plural
e um obsceno abraço amante,
com sabor de "cocada-real" ;
cobiçado no segredo latente
atrevido de amor sem igual!

⁠Alucinação

Apiedei-me solitário
enraizado em limo e pecado;
até mesmo a fé distraiu-se de mim
e os sonhos não mais se exibiram.

Abatido, acastelei-me aflito
entregue à cruz do tétrico legado.
Porém, ocupei-me apenas de amor
e devaneio não mais me faltou...

A noite ofereceu-me às estrelas e à lua
e o vento drogou-me com teu beijo suave;
eu, alucinado, doei-me todo a ti,
e o amar proclamou-se no ar!

⁠Passageiro talvez! Porém a alucinação que me toma é como suportar o nada do conceito ardiloso, e viver a ilusão torturante de acatar o delírio algoz...


Pois é ...

Quando do tempo cuidares
e dos detalhes recordares
atingirás a noção do eterno ...

Os passos dados a dois,
o trato com todo cuidado;
o tão particular do depois...

O destino ao vento lançado,
as lágrimas de um plural singular;
vida de um querer isolado
restos de um amor solitário !

Namorada

De olhos fechados,
em rimas íntimas declamo:
amor!

O silêncio escuta e,
em leves calafrios, indaga-me:
por quem?
O sorriso, petulante, por mim replica:
pelo ato de saber amar...

E, naquele mágico instante,
o suspiro amoriscado delata-me...

Tudo que em mim se expressa,
relata tão somente você:
minha menina-mulher!


Lumes sentimentais

Bastaste o único olhar lançado
para que a mim tomaste como súdito ...

Oferecestes átimos diários
nos cordiais ínsitos atirados
aos deslumbrados olhos meus.

Os guapos olhos teus
em feições multicolores
aclamaram-me éditos do amar,
irrecusáveis últimos fatais!

⁠A realização é o júbilo de um ideal. Para alcançá-lo é necessário haurir as necessidades e resignar-se das insignificâncias...

⁠O Bacharel

Eu e tantos outros ao recinto adentraram,
um ambiente novo e doutrinário se formara...
Jamais pensara ser um dia o tal feito iniciado
na academia do Direito, um aprendiz extasiado.

Dera-se o primeiro dia, por ato forte antecedente
um porvir a ser escrito pelas letras do pretérito...
Na alva lousa o docente: a verdade era o presente,
Do anseio de menino à coragem intensa do emérito.

Tenaz, enlevado pelo espírito, despercebera o tempo
e na razão das normas, o dedicado aprendizado...
Outrora, indouto súdito da legislação complexa,
ora eminente, novato altivo do bacharelado!

⁠Aquele beijo

No encontro casual
nos teus lábios oferecidos
percebera as intenções
e devolvera meu recado:
desfechara o meu sorriso
e praticara meu pecado...

Oh beijo!
"Prazer-deleite" cobiçado;
foras gáudio e gozo desejado
enfeite puro e profícuo
ato cúmplice delicado
do amor por nós trocado!

⁠Anuência

Permitas-me cortejar-te
com poesias e momentos
caso não, com lembranças;
pois as rimas me levam a imaginar
aconchegado nos teus braços.

Consintas-me sem suspicácias
aquele beijo ardente e alucinado
que instiga devaneios desvairados
se não, contentamentos imaginários
furtados dos teus lábios adocicados!


Saudade

Haveríamos, talvez, de sentirmos melhor
sem as consternadas chagas suscitadas
pelos quantos sentimentos nostálgicos
que tão são permanentes na saudade ?

Quiçá, quando formos bagageiros
do atroz infortúnio da insensibilidade
ou enquanto meramente desprovidos
do banal condão da constatação...

Oh saudade, imperativa saudade!
Por que de tantas formas se disfarça,
por que de tantos trajes me reveste
se tão em paz me faz a realidade?


Vital necessidade

Distancio-me ao calcorrear nas ruas
percorrendo trilhas vagas e inexatas...
Disperso-me no ativo de cada dia,
doando-me aos devaneios das noites
assim estarei seguro aos teus aportes.

Amparo-me no saber de meus pais
e recosto-me no sorrir dos filhos...
Quando, no aluviar das lágrimas,
rogo que me brilhem os olhos teus
assim o amor haverei nos meus!

⁠O BANCO

O céu era claro, nem nuvens mostrava
o infinito chamava os idos passados
o vento frio soprava, o outono findava ...


O olhar alheado assistia o tudo e o nada
o bem-te-vi pipiava seus cantos rimados
e no leque das asas alçou seu voo rasteiro.


Meu olhar deliu-se no distante horizonte
o silêncio soturno expressou a cruel solidão
restou-me a saudade, folhas secas ao chão!

⁠Justiça

Um propósito que me finda conquistado
Dos livros e leis, provisionei o meu saber
Do esforço ao estudo por inteiro dedicado
Ora apto e notório, posto ao certo defender.

Já não bastam as leituras silenciosas
Subsistem preceitos necessários a fazer
Praticar justiça e paz às vidas ansiosas
Derrotar os pravos sortilégios do poder.

São tão fortes as ambições que me tomam
Quão são grandes as forças que me regem:
Jamais render aos que imponham a desistência...

Dedico assim às causas que me clamam
Justo, estável e implacável; bravo Homem
Frente aos inimigos que aventem resistência!


A Luz

O momento me faz nítido,
atesta-me pleno e versado;
porém um ser desvairado,
ao insólito lançado...

Como posso explicar,
se tanto doei-me ao saber
e ora me sinto inerme,
inculto no centro do nada?

São incertezas danosas,
prescindíveis percalços.
peças todas as veras,
passos de um póstero triunfo!

⁠Indisponho-me ao limite do amor, não me é sentido insistir-me incrédulo aos dizeres do coração, apenas acolho-os ...


Procurando respostas

Na minha íntima alma, há um alguém residente!
A sós, no inóspito silêncio de momentos,
ao confidenciarmos assuntos dos idos da vida,
ele se vai;
para o não sei dos lugares...

⁠Parece-me tempo...

O sorriso me dado,
o último beijo,
o derradeiro carinho ...

Mas vieras em mim,
no gostoso abraço,
no inesquecível sorriso!

Lascívia

A alma em chamas
Faz o olhar ardente;
é o delito insano
que o corpo trama ...

O pecado convida
e a volúpia ordena
é o desejo indócil
do amor que me toma!