Coleção pessoal de marcialimalivrosecia

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-Para todos aqueles que amei e aos que não amei-
Quanta são os caminhos que tomamos quando somos jovens? Caminhos esse que nos levam a lugares bons e ruins por isso somos feitos de erros e acertos e assim temos grandes aprendizados. Se tem algo que não dá é você ficar em cima do muro sem saber o que irá fazer , viva nem que seja para mostrar aqueles que desacreditaram de você que venceu, apesar de todos os tropeços você conseguiu vencer.
Aos vinte anos conheci uma pessoa que na época era bem popular e o sonho de todas as garotas, mas ele veio em um momento errado. Momento este que para ser bem sincera eu estava em outra vibe sem querer compromisso com ninguém, tive então que ser bem sincera, eu o magoei claro sem dúvidas porque afinal deixei crescer um sentimento que eu não pude corresponder, mas se tivesse continuado com ele teria sido bem pior.
O que quero dizer com isso? Seja honesto com você mesmo e com aqueles que te amam, honestidade vale ouro.
E quem nunca teve um relacionamento assim, que você só assume para não ficar só, não é falta de caráter cada pessoa tem um tempo certo para amadurecer outrora para esquecer uma paixão.
E por falar nele, paixão esta que nos faz mal e bem ao mesmo tempo, mas como é bom sentir concordam?!
Quem nunca se deixou levar por uma paixão que depois que acabou ficaram as boas lembranças?!
Uma amiga me disse uma vez que sabia que se entregando iria sofrer, mas ainda assim não perdia a esperança porque era melhor viver mesmo sabendo que um dia teria fim, acredite meu amigo estamos fadados a nos magoarmos.
Eu não posso superar suas expectativas se elas forem altas demais a ponto de ninguém consegui alcançar então pense qual a mensagem você está mandando ao universo?
É chegada a hora de fazer as pazes com seu passado com você e com tudo aquilo que você acha que fez de errado, se liberte, se valorize e dê a volta por cima.
A todos aqueles que um dia amei mesmo tendo me frustrado em algum momento ( porque como já disse nem sempre conseguimos suprir todas as expectativas nossa de cada dia), muito obrigada por ter feito parte de vida, e aqueles que eu não consegui amar porque estávamos em sintonia completamente diferente, obrigada por me ensinar a ver a vida como ela deve ser, ou pelo menos como ela deve ser.
E você o que tem que agradecer?
Vamos começar hoje o ano está acabando e eu vou deixar ir com ele tudo que não deu certo todas as experiências negativas apenas levarei os aprendizados, faça você também combinado?!

De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!

A última crônica

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.

O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.