Coleção pessoal de malko

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EU FIZ DO MEU JEITO - 01/03/2015
(Fábio André Malko)

Que no fechar das cortinas,
olhando fundo nos olhos
de todos que amamos e
dos poucos que desprezamos.

Que nesse momento finito
de confronto, carregando toda
a arrogância do final do
espetáculo.

Que nesse ínterim final,
num último suspiro de
rebeldia e lucidez.

Possa, pelo menos,
satisfeito e saciado dizer:
"eu fiz do meu jeito".

O Vazio
(Fábio André Malko - 29/06/2014)

Uma vida vivida no vazio
De pensamentos recorrentes
Traz os sentidos para o limiar
Do agora, presente, consciente

Sabores não experimentados
As novas bruxas da atualidade
Que, sussurrando, sugam vitalidade
Embaralhando a mente ausente,
Doente

O vazio de paz apavorante
Não descrito nem sussurrado,
Nem mesmo pensado,
traz calma e agrado à mente
delirante.

Vazio uivante, afiado e cortante
Fere a bruxa que insiste em
Trazer à vida os pensamentos
De toda existência em segundos
De liberdade.

Será liberdade?
O vazio é o oposto da prisão

O Caminho é o vazio, sem traçado,
Sem explicação,
Que liberta a mente vagueante
Liberta a alma que clama
Insana, delirante e impotente.

O Caminho é o vazio...

O Vazio
(Fábio André Malko)

Uma vida vivida no vazio
De pensamentos recorrentes
Traz os sentidos para o limiar
Do agora, presente, consciente

Sabores não experimentados
As novas bruxas da atualidade
Que, sussurrando, sugam vitalidade
Embaralhando a mente ausente,
Doente

O vazio de paz apavorante
Não descrito nem sussurrado,
Nem mesmo pensado,
traz calma e agrado à mente
delirante.

Vazio uivante, afiado e cortante
Fere a bruxa que insiste em
Trazer à vida os pensamentos
De toda existência em segundos
De liberdade.

Será liberdade?
O vazio é o oposto da prisão

O Caminho é o vazio, sem traçado,
Sem explicação,
Que liberta a mente vagueante
Liberta a alma que clama
Insana, delirante e impotente.

O Caminho é o vazio...

QUEM SABE UM DIA
(Fábio André Malko)

Quem sabe um dia
Depois de tantas estradas e laboriosas batalhas
Consigamos por um fim nas lutas vãs
E descansar nossas surradas sandalhas

Quem sabe um dia
Através dos ensinamentos da Arte Real
Possamos enfim entender, pelo menos um pouco
As figuras controversas que somos, afinal

Quem sabe um dia
Depois de dominar a arrogância e as paixões
Entendamos que nada adianta viver
Envoltos nessa nuvem de vãs emoções

Quem sabe um dia
Possamos olhar o GADU de frente
Pedir perdão como um velho penitente
E, enfim, descansar eternamente

BATALHA ÉPICA
(Fábio André Malko)

Eros, louco e obsceno,
mais uma vez levanta suas tropas para a
batalha. Avalia seus soldados dementes
e sedentos pela falta. Cerca, assedia
e tenta dominar a todo custo
o terreno tantas vezes cobiçado e
ainda mais perdido.

Mas lá vem, despontando
no horizonte, a Vontade soberana,
soberba e garbosa, avaliando o terreno e
dispondo suas tropas. Avalia as
forças inimigas. Avalia também sua tropa e,
num sorriso contido, decide concentrar sua força
nos flancos mais frágeis do adversário.

A batalha já está ganha. Porém, como de outras vezes,
com tristeza percebe que o adversário está mais forte.
Em cada batalha, em cada levante dos loucos,
eles vêm mais forte, mais sedentos
e mais dispostos. Parece que a falta os
alimenta.

Mais uma vez emissários são enviados. A conversa,
como em tantas vezes, rejeitada. Não pode haver diálogo
entre esses dois inimigos imortais.

O resultado, previsto. Eros enjaulado, babando de
vontade, começa a traçar novos planos.

COMO SOMOS IMPORTANTES
(Fábio André Malko)

Há na vida quem viva sempre
buscando prazer nos momentos mais difíceis.
E vivem assim, entre a lágrima e o lamento
tentando dar sentido a sua farsa pessoal.

Todos vivemos na falsidade.
Escravos da vontade e cativos das paixões
mostrando ao mundo inerte e cruel
o quão importante são nossos sonhos
e nossos projetos.

E uma parcela de culpa sempre a cutucar
a mente rebelde que tudo quer.
É a sensação de estar desperdiçando os dias
pensando sempre no amanhã ou no ontem
e esquecendo-se de viver o presente.

O que somos, afinal? Nada que valha a pena
escrever. Somos poeira de estrelas, átomos agrupados
que pensam ter consciência, mas não vêem nada
além de suas próprias vontades. Esse escravo da crueldade
que perde toda a sanidade quando pronuncia uma simples
palavra: Eu.

E assim vamos vivendo a vida. Até ser novamente dispersos
e jogados ao vento, sendo lembrado apenas por
alguns pares de anos até que o esquecimento
tome seu rumo.

Novos atores e novas dores se projetam na peça
da vida e os antigos não mais importam.

Será mesmo que existimos?

UM ANJO TORTO
(Fábio André Malko)

Um anjo torto e safado um dia me falou
Que se aceitasse nascer, sairia vencedor
Uma vida só de alegrias pra mim reservou
E que em momento algum enfrentaria dor

Ah! Anjo maldito, me enganou direitinho.
Onde estão as alegrias que me prometeu?
Não as encontrei trilhando esse caminho
E o matuto atrapalhado agora se perdeu

Esse anjo torto, só podia estar bêbado
E com certeza agora da desgraça sorri
Pois raros são os momentos de aconchego
E muito dura tem sido a lida por aqui

E agora, o que faço se de lá já parti?
Esse anjo safado me enganou e eu deixei
Mas o livro da vida, pelo pouco que li
Já me encantou, por ele me apaixonei

FUTURO
(Fábio André Malko)

Que a eterna mansidão
Do amanhã não vivido
Repouse em nosso coração
A certeza de não ser esquecido

Que as flores que desabrocham na alma
Tragam paz e serenidade pro espírito
Nossas lutas tornem-se mais calmas
E essas flores nos tragam alívio

E se não der certo todos os planos
Que pelo menos possamos dizer
Olhando pra trás, confiantes e sem engano:

“Fiz meu melhor, sem me envolver
Com as traições desse mundo tirano
Foi o melhor que consegui fazer”

PORQUE BRINDAR AOS CAÍDOS?
(Fábio André Malko)

Ei poeta, porque brindar aos caídos?
Se até a vida deles se esqueceu
Sem valor algum, foram esquecidos
Choras por uma chance que perdeu?

Ora, amigo, não sejas inocente
Pois a vida parece uma roda
Quem hoje chora amargamente
Amanhã vê a taça que transborda

Jamais esqueça que os caídos
De hoje podem se levantar
Pois vitória sem sonhos perdidos
Não dá gosto de saborear

Portanto jamais zombe um perdido
Pois a vida malvada dá e tira
Hoje aquele que é preterido
Amanhã estará na frente da fila

FAZER POESIA
(Fábio André Malko)

Ao compor um poema somos livres
Pra reclamar da vida e do sofrimento
Esconder as angústias mais críveis
Embaixo da máscara do talento

O poeta cria, dá vida às insatisfações
Não se preocupa nem com o perigo
Dá cor as suas musas e emoções
Enfrenta suas dores sem sentido

Pode até mesmo ser outra pessoa
Fingir que sente o que não sente
Apaixonar-se assim, bem à toa
Ascender numa chama reluzente

Sonha muito quem faz poesia
Mas ele cria, jamais mente
Vive em dobro sua nostalgia
E toca o coração da gente

UM BRINDE AOS CAÍDOS
(Fábio André Malko)

A vida bate com a cadência
De martelos firmes e rígidos
Dobra a alma e rouba a inocência
E afoga os sonhos dos caídos

Um brinde aos caídos da vida
Que apanham e mantém a coragem
No desespero das almas feridas
Choram mas apreciam a paisagem

Um brinde aos derrotados e perdidos
A todos os que erraram e se perderam
Seus erros não deram troféus polidos
Parece que deles todos se esqueceram

Porque ninguém lembra do derrotado?
Só porque a boa sorte não lhe sorriu?
Mas o poeta não deixa de lado
Essas biografias que a vida comeu

A VIDA É UMA RODA
(Fábio André Malko)

A vida é uma imensa roda
Onde quem foi ferido jamais esquece
Mas quem feriu nem mesmo recorda
O mal que não se apaga com prece

De repente, faceiro, está por cima
Logo depois, assustado, está por baixo
E vai em frente, seguindo a triste sina
Vivendo os dias e contando os pecados

Mas mesmo assim devemos continuar
Certos somente da fatalidade da vida
Pois amadurecemos ao de frente encarar
Mesmo com nossa alma rasgada, sofrida

Mas um novo amanhã vai surgir
Pois o tempo vai curar a ferida
E ela vai servir para refletir
Sobre a instabilidade da vida

NOVA SEMANA
(Fábio André Malko)

No limiar da nova semana que se estende faceira,
sorrindo zombeteira e antecipando o regozijo
pelos sonos perdidos, sofrimentos, paixões ardentes
ou verdades descrentes.

Semana nova, irascível, não se surpreende
com a estupidez humana que sofre por
antecipação, por loucuras e devaneios que jamais
existirão. Esse sofrimento é tudo menos belo, pois dá vida e forma
o elo entre o que não existe e nossa condição
onde o sofrimento é real.

Se não fosse essa condição humana de sofrer
por algo que não existe, o irreal
não teria onde se expressar. Não teria como incomodar
nem mesmo pré-ocupar e assim, não existiria de
vez. O não real existe através da pré-ocupação
das mentes que lhes dão vida.

A fatalidade de uma nova semana vem como o crivo
da flecha que disparada, exclama, “sou livre, sou livre”.
Tola insensata, estás com a trajetória marcada pelo
atirador e não lhe compete escolher
se tombará sem vida o inimigo ou se crivarás
seu destino no solo antes estéril e agora
coberto de sangue.

Semana nova que sempre vem é terreno fértil
para cultivar as farsas pessoais, os sofrimentos débeis,
onde a pré-ocupação vem com seu papel
principal, e não como mera coadjuvante na
cena das insatisfações.

Semana nova, vida nova, paixões antigas
e o ser humano mais uma vez sendo o que é:
tudo menos humano.

FIM DO DIA
(Fábio André Malko)

Um eu estraçalhado das batalhas
Se joga no sofá ao fim da tarde
Na TV, os insultos dos canalhas
Um cálice de vinho vai acalmar-te

As lutas do dia foram intensas
E pensar que nesse mundo lá fora
Pessoas viveram amáveis ou violentas
Lutando pelo sustento a toda hora

Só hoje, quantas pessoas nasceram?
E morreram? Talvez injustamente
Quantos pais em vão pereceram
Buscando o pão da prole falante

Esse mundo é mesmo muito ingrato
Cobra em suor e preocupações
O olhos, às vezes, refletem o retrato
De quem ficou seco, sem paixões

O dia encerra-se com nostalgia
Renovando pra amanhã as esperanças
Pois quem delas não sente a magia
Não terá forças nas novas andanças

FELICIDADE
(Fábio André Malko)

Vai filho, vai pra vida,
sejas feliz.

Feliz? Penso um momento, antes da angústia
do lamento, esperar felicidade nesse mundo
cheio de perigos e de falsidade?

Feliz? Como ser feliz
se no átimo da necessidade,
temos que vender a alma pro diabo
do dinheiro no ganho do pão?

Feliz? Que conceito vazio é esse
que não está nos olhos dos semelhantes e nem na
intimidade dos amantes?

Feliz? Se na noite, antes do dormindo e depois
do acordado no silêncio do quarto, encontramos o eu
contando as insatisfações, no balanço da
vida pensando: Não sou feliz.

Feliz?

Sim, feliz. Só viva a vida como pode,
com seus pequenos momentos de felicidade,
vai encontra-los entre suas angústias e temores.
Pois o que importa, no final, é ser essa a tua vontade.

A vida é uma contabilidade, entre débitos e créditos,
entradas e saídas de felicidade, no final
o saldo só precisa ser positivo.

SONHAR
(Fábio André Malko)

A vida insana de quem escolheu sonhar
Marca fundo n’alma com a brasa da realidade
Não verás compaixão, se pelos sonhos lutar
Mas vá! Extrapole todos os limites da sanidade

Não deixe a mente casta, sem a mácula do sonhar
Pois os medíocres que esse podre ideal almejam
Vivem vidas vazias, ocas, e jamais vão acreditar
Nesse mundo mágico onde sonhos relampejam

Pra que resistir ao sonhar se tão curta é a vida?
Pra que se esconder na casca, sem cutucar a ferida?
E dizer através dos olhos mortos: não senti e nem vivi

Se uma vida de sonhos é mais bela e querida
Pra que viver sem sonhar, vida vazia e sofrida?
Se amanhã mesmo já partimos daqui

ONDE ESTÁ A JUSTIÇA

Onde está a justiça?
foge de nossas mãos
quem sabe na suiça
pois aqui não tem não

Trabalho, sou assaltado
não trabalho, fico devendo
sozinho e sem aparo
assim mesmo vou sofrendo

Levaram tudo o que suei
pra ganhar com honestidade
me vi ser lesado e chorei
impotente, perdi a vontade

Sem vontade de trabalhar
mesmo assim vamos levando
pra, quem sabe, alguém terminar
mais um dia me roubando

VIVEMOS NUMA ÉPOCA

Vivemos numa época
Que a política é controlada
Pela expectativa de reeleição

Vivemos numa época
Onde o projeto de poder
Vale mais que fazer a coisa certa

Vivemos numa época
Onde nada mais importa
Não importa se o país quebrar

Vivemos numa época
Onde ladrões nos governam
Banqueiros vivem a nos comandar
E trabalhamos apenas para consumir

Vivemos numa época
Onde os bandidos se reelegem
Pois por mais que o povo se inflame
No final, nas urnas, onde importa, tudo é perdoado

O EU DE ONTEM

Se um dia
Olhar pra trás e perceber
Chorando de tristeza
O eu de ontem
Entre tantos problemas padecer

Se um dia
Olhar pra trás e perceber
Brigando como um leão
O eu de ontem
A nenhum problema ceder

Se um dia
Olhar pra trás e perceber
Rangendo os dentes de esforço
O eu de ontem
Lutando mesmo sem entender

Se um dia
Olhar pra trás e perceber
A luta, o esforço e a vitória
O eu de ontem
Com alegria vou compreender

Que tudo terá valido a pena
Pois olhando, vou entender
Que devido às cicatrizes
Do eu de ontem
Jamais vou perecer

ANIMAL HUMANO

Que dizer do ser humano
Animal mais repugnante
Sem piedade e sem engano
Vivendo o ódio pulsante?

Que dizer da humanidade
Que caminha para o abismo
Ombro a ombro e sem piedade
No áugie do snobismo?

Que dizer das pessoas
Que sem piedade se maltratam
Da moral são desertoras
E nossa dignidade arrebatam?

Teremos um fim perverso
Ou esperaremos sentados
O fim do nosso universo
Sem, contra isso, termos lutado?