Coleção pessoal de luverlymenezes

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VERDADE MÁGICA
Meu primeiro texto, maio de 1996.

Abrigar-se num mundo definido por pessoas
cenários e sentimentos
Que só a emoção traz como presente.
Ao redor de uma vida, muitas buscas e um só sentido
Além dela, uma tal felicidade se mostra radiante.

Se existe um mundo perfeito
É lá onde tudo acontece
O encanto jamais se quebra
Por que a magia não é frágil
O afeto se afirma como majestade das expressões
E o amor, como limite de uma alma sempre serena

Lá, a vida aponta sempre os melhores caminhos
Àqueles com arco-íris e pote de ouro no final
Nada foge a certos detalhes e a grandes momentos
É como abrir um livro no melhor da história
E de repente se sentir parte dela
Nesse mundo, os olhos admiram tudo que vêem
E o coração ama tudo o que sente

Querer encontrar algo ou alguém que faça diferença
É se achar num ciclo de pensamentos suaves e sonhos perfeitos
Que buscam sempre felicidade com final de história
É subir no telhado e buscar o que já não é mais
Possível aos olhos alcançarem através da janela

Fazer parte de um mundo assim
É se encantar por estrelas que podem ser vistas e até amadas
Mas só quando se tenta tocá-las
É que se percebe o quanto estão distantes
São todas estrelas cadentes entre estrelas comuns
Raras, rápidas e especiais
Cada uma com um jeito único de brilhar

Mas se a realidade pura e simples teima
Em não perdoar quem tenta negá-la
Agarrando-se a sonhos e sentimentos
É só pensar que pode
E a tão banalizada ilusão chega como a única
Capaz de preencher espaços e suavizar lembranças

Aqui, acredita-se numa verdade mágica
A de que na vida de todo mundo existe um anjo
Pra fazer a gente viver, sentir e acreditar
No que não vê.

Eu poderia segurar uma estrela cadente em cada uma das mãos, ter o aroma de rosas brancas em minha boca cada vez que eu falasse, se eu transfigurasse em meus olhos o mais fulgente do sol, ainda assim, não conseguiria suavizar em minhas palavras a hostilidade dos fatos se a emoção de quem as ouve permanece, surda. Deixo-as, então, perderem-se temporariamente de mim entre a cadência alegre de uma ciranda e o silêncio triste de um relicário, antecipando que, em algum tempo, nas curvas de um atalho qualquer serão, por certo, encontro.

Quando percebo chegar meu sono acendo as luzes e abro as janelas para dormir. Preciso de luz e de brisa quando regresso. A luz me acumina olhos sem prece... e o açoite do vento que se esgueira pela janela me é cura agora. Permito ao sono de quem segue serena os vagalumes carregar-me ao longe por certo. Só que neste hoje, mais lúcida de mim.

Chega um tempo em que é preciso aceitar que as verdades que nunca quisemos são, definitivamente, as únicas respostas que temos. Aí, a crença nas cores apenas cansa.

Pelas esquinas de tempo por onde passo, deixo um tanto de mim, Um tanto do que inevitavelmente fui, um tanto do que, de abraços com a ilusão, quis ser. O que fica no linear paralelo de um novo caminho é o que neste hoje sou. Um “sou” mais rico da lucidez que preciso, mais empobrecido em limites, mais prudente em perceber que alguns passados, apenas passam, jamais se superam em nós. Assim são os amores, as saudades, os sonhos e os quereres que, sem perceber, por essas muitas e inconfessas esquinas, deixei. Pelos caminhos desse presente, vou reinventando cenários e neles acomodo novos castelos, às vezes de mármore, às vezes de areia branca, bem leve ao vento.

Eu queria por um instante definitivo qualquer, ser a soberana artesã do desenhar de uma vida. Queria que esse hoje a àquele futuro mais distante, tivessem as cores, as formas e os cheiros dos meus sonhos.
Seria bom se por uma noite apenas, os fantasmas se fantasiassem de palhaço e sorrissem de si mesmos, experimentando o avesso do susto e rendendo-se à luz de um sorriso.
Quem dera mesmo se o fim existisse apenas para os medos e jamais para as nossas tão breves e raras vertigens de felicidade. O outono perderia a hora no manso sossego do sono e a primavera seria senhora do tempo que regala os olhos e suaviza a alma.
Eu queria que os afetos fossem livres e eternos como penso serem as borboletas. Morrer para em outra forma nascer, faz eterna uma existência. E não há nada mais legítimo à liberdade do que a promessa de um recomeço.
Se eu tivesse que pintar com tinta fresca as mais sublimes emoções, estariam lá estrelas que embalam redes, sereias que durante nossas viagens de sono, nos levam a passear pelos mares de Netuno, lá onde se é possível ver e sentir tudo aquilo que não podemos tocar, a emoção não vista que nos tira o ar. Eu pintaria ninfas que nos guardam em cama de folhas no alto das árvores, onde nada mais nos alcança a não ser as brechas de sol por entre os nimbos. Estariam lá, conchinhas misteriosas, ainda fechadas, com cheiro de algas, trazidas até meus pés pela espuma do mar fiel e cansado.
Eu pintaria com a mais fulgente das cores, um colo de afeto chamado minha mamãe. Braços com o alcance do céu, ternos e fiéis, acalanto de toda uma vida em cada abismo meu. Nem sei se todas as cores, dariam conta de tanta ternura, de tanto zelo, da soberania de um amor valente e incondicional, desses que só se tem um a cada vida.
Estariam lá também os meus sorrisos, os sorrisos de quem amo e de cada um que numa inesquecível passagem por minha vida, me fez sorrir. Os abraços, os mimos, minhas pérolas e afagos de afeto, estariam lá, por certo. E o que diriam todos.... Jamais conheci alguém que gostasse tanto de sorrisos e de abraços. E num cantinho à direita do quadro, com traços tímidos e quase imperceptíveis ao correr dos olhos, eu pintaria o que mais sou. Uma emoção desajeitada, um sonho não prometido, uma crença não corrompida, um sempre, um nunca. Um outono cinza que enevoa as flores, breve e clandestino em muitos, eterno e raro em poucos.
As decepções, os sofreres, as flechas DE TÃO PERTO em meu peito, essas eu não pintaria. Seria tornar-lhes perenes, epitáfio confesso de mim. Em meus traços não haverá pandora. As marcas feitas a ferro em brasa, devem ser vistas e traduzidas apenas por quem as tem em sua carne. A vida se já se encarrega de fazê-las retrato inexorável de nós. Ventanias infames ao amor mais puro, desertos de princípios que chocam, assim como as folhas tortas após a tempestade, é luz apagada dentro da gente, é esperança corrompida que, por fim, te embrutece e te esvazia a alma.
Pelos caminhos de um universo paralelo que tem os contornos de minhas buscas e de meus sonhos, encontro-me e, por vezes, perco-me. Talvez porque eu não seria uma boa artesã, talvez porque a ponte que deixa para trás o que só a ilusão permite viver e sentir, jamais me será possível atravessar.

Que as borboletas jamais descuidem do cristal de outono que escondo em minhas costas. É minha clareza além dos olhos. Escudo obsequioso de lucidez que nunca dorme. Os gigantes e as feras por tras de mim, jamais terão a seu favor a prerrogativa da surpresa, antes do golpe, já os conheço e os antecipo. Quem disse que anjos também não se disfarçam de borboletas?

Arrancando as cascas das coisas e dando a alma um grito e uma voz...
Que as palavras sejam borboletas e não pedras em nós.
Que os dias fortaleçam os sonhos e jamais aprisionem os fios dourados das ilusões que temos.
Que as noites sejam sempre de abraços, àqueles que nos acalantam e nos orvalham a alma cansada e vagante.
Que nossos mais íntimos e tímidos quereres de felicidade caminhem de mãos dadas com nossa mais resiliente coragem.
Que o frio da solidão que mora dentro de nós se aqueça de ternura e que as lágrimas forjadas de um palhaço, seja a única ironia possível em nós.
Que apesar do tempo e de toda sua pressa desleal, que sigam sendo teimosos e indomáveis nossos sorrisos.
E que a fé e o amor sem nada dizer, nos salvem e nos reescreva como infinitos inacabados todos os dias.

Para enxergar claramente as minhas verdades, amá-las, rejeitá-las ou refutá-las, carrego junto a meus passos, uma porção mágica preparada por ninfas e duendes na qual misturam se em sintonia, a lucidez e a ilusão. Apenas assim, trago em meu regresso, numa sacola de pano tecida com pó de estrelas, minha vida clara e lavada, fulgente e honesto espelho MEU, minha mais fiel e sagrada identidade. Sem peso, sem medo, sem credo, reconheço-me renascida de uma viagem da qual poucos regressam, e nessa viagem, todo avesso à emoção e à coragem, se faz alma indômita em mim. E a cada novo nascer, certezas rasgadas, ainda profanas, refazem caminhos, desvendam mistérios, reafirmam desejos e sonhos, outrora calados pelas surras da alma, aquietados pelas altas e soberbas vozes de um tempo, mas ainda assim, minhas crenças e minhas verdades, permanecem imáculas em mim. Sob o véu da noite e sob as asas do silêncio, trago sem disfarces, a certeza dos meus quereres, as surpresas por de trás das novas portas que espalmei, trago fortalecidos os meus sonhos, reinventadas as minhas crenças para que, de algum modo, elas sobrevivam e se afirmem em mim. Trago, sobretudo, o mapa sempre inacabado das trilhas e dos caminhos em direção ao “encontro marcado” que por toda minha existência, busquei.
E se há de chegar o dia em que eu já não mais estenda minhas mãos à emoção, que meu coração deixe de ser minha voz mais aguda e firme, que eu recue do penhasco de onde tantas vezes me atirei ao vento sem medo e sem pressa, ou que eu adie o tempo por medo de enfrentar minhas próprias verdades, se hei de banalizar as cenas que fiz sob o céu de setembro que jamais chegarei a ver... Neste dia, a metade fria e plácida de todo ser, será meu “eu” e, por certo, todas as crenças de felicidade, todos os sonhos e verdades que tenho, já deslizaram, em luto, por entre os guetos de outono pelos quais ainda não andei.
Luverly Menezes.

Ainda que o mundo seja um tanto torto e a vida um tanto imprecisa, a gente entende o tempo, refaz o caminho e salta.

"Há dois tipos de pessoas no mundo: os realistas e os sonhadores. Os realistas sempre sabem onde estão indo. Os sonhadores, já estiveram lá."
O barco da segurança nunca vai além da margem. Arrisque-se por uma simples vontade, arrisque-se por um grande sonho. Tenha por prudência apenas o respeito ao outro, a certeza 'de que quer ir' e... vá. Simplesmente, vá.

A vida finaliza e recomeça novos ciclos a cada instante. E sabes o que faz diferença no novo desenho? O exercício incansável da coragem e da resiliência. Somos os contornos de cada linha de nossa história.

Vez ou outra, fazer-se um pouco surdo para a rudez do mundo não é tão mau assim.
Eu me permito.
Quem disse que todo grito é canção de aquarela?

Sou inexorável para muitas coisas, mas, vez ou outra, a vertigem néscia de uma emoção supera minhas próprias molduras. Aqui, entre os limites do que bem conheço e o inevitável do que nem imagino alcançar, sigo em sintonia secreta com o púrpuro das asas de uma borboleta.

Se eu tiver que encontrar as respostas certas entre as feras mais íntimas de mim; sairei da guerra com as lágrimas de um palhaço, o sorriso de um monge, mas ainda e sempre... valente, reerguida pela ironia perfeita de um golpe que fere, revela e salva.

A decepção mora no limite mais tênue entre a ilusão e a verdade. Neste hoje, meus pés descansam sobre a verdade.

Sou a suavidade e a ponderância por escolha e por princípio. No entanto, vez ou outra, a vertigem incontida de uma emoção supera minhas próprias molduras. Como não me perder entre o etéreo e o insano das minhas próprias emoções? Ensine-me, quem o conhece, o caminho mais previsível e linear de um viver e de um sentir sem esses abismos de razão, sem esses tão intemperantes quereres. Aqui, entre os limites do que bem conheço e o inevitável do de nem imagino alcançar, sigo em sintonia secreta com a majestade livre e indomável de um unicórnio ainda pálido pelos sustos e pela desconfiança de seu aparente regaço.

Prefiro pensar que recomeços não se fazem possíveis sem as ferrugens pálidas de uma difícil escolha. Que este hoje, não me imponha o abrigo passivo de uma dúvida. Que me diga o tempo no mais breve ou distante amanhã da lúcida e refulgida coragem que tive.

Os ecos dolentes que dormem em minha alma são hoje um querer de amor quase sem nomes, sem as formas e sem todas as cores que há muito conheci. Mais do que agonizar-me em perdas, quero seguir em sintonia secreta com meus palácios de sombras e de sonhos. Posso escrever ainda sobre as luzes da noite tão minhas, sobre os ventos que cantam pra mim. Minha alma não se contentará sem os versos da paz que preciso. As pedras das ruas pelas quais não andei, a espuma do mar que não cheguei a vestir perderam-se hoje de mim. Todas as dádivas do outono cinza que eu não conheci serão palavras mudas e errantes também. Os passos na areia que não deixei, as muitas conchinhas que não cheguei a juntar, permanecerão lá, à espera de um novo milagre de amor.