Coleção pessoal de Luizalberto

Encontrados 12 pensamentos na coleção de Luizalberto

HOMEM DO CAMPO

Suas mãos calejadas
Sua pele ardida
É no cabo da enxada
Que leva a vida.

Começa de madrugada
Joga uma água no rosto
Sai no meio da invernada
De bem com a vida, sem desgosto.

Cuida da terra por amor
Semeia a felicidade
Só conhece a dor
Quando fala em morar na cidade.

DOIS CORAÇÕES UM PULSAR

Sua chama
Ascende meu coração de brasa
Dois corpos, duas almas, dois corações um pulsar
Na mesma cama.

A sua frieza
Resfria meu corpo trazendo arrepios
Suor frio, lábios áridos, ternura térmica
Paixão acesa.

No silêncio do amor, amar
Atrasei o relógio e lancei ao vento
Me aqueço em sua quentura
Em sua chama quero me queimar.

MANHÃ

Bela manhã
Ter acordado ao seu lado

O calor da ternura
Em meu corpo suado

Seu toque em mim como a brisa
Um arrepio na pele, toque até a alma

As cordas de seu coração em nó com o meu
Sua serena respiração sobre o mar que me acalma.

EM MEUS BRAÇOS

Durma em meus braços
Soe em meu corpo
Deixe-me lhe roubar por uma noite

Atrasarei o relógio
Serei o ponteiro
Que se avança sem pressa

Contornar seus traços
Sendo o calor em seus lábios
Sendo o arrepio em sua pele

Sentir o vento sussurrar
Sentir as estrelas ao meu lado
A lua em meu quarto acesa

Um nó em dois corações
Que tem o mesmo pulsar
E o mesmo desejo

Amar.

O TEMPO AO VENTO

Era uma noite qualquer
Lhe conheci menina
Hoje uma mulher
Que já não brinca mais em esquina.

Lembro de duas crianças contando estrelas
Olhares puros refletindo o mesmo desejo
Se estivesse várias de você todas queria têlas
Pois sabia que todas de você teria o mesmo beijo.

Aquele seu sorriso acompanhado de timidez
Seu olhos cintilantes que refletia a lua
Que por segundos me tirava a lúcidez
A minha vontade era também a sua.

Lembro daquele dia chuvoso
Do calor de duas mãos dadas
Momento façanhoso
Ali duas almas afeiçoadas.

Hoje vivemos pelos quatros ventos
O tempo sem intervalo avança
Tento voltar o ponteiro pra viver os momentos
Voltaria comigo a ser criança?.

MOMENTOS

Pensamentos dispersos
Palavras grafadas de emoções
Perdido em versos

Só de pensar que já fui lua
No teu céu encoberto
Orbitando em sua boca nua

Me resta fragmentos
Sentimentos que não foi pra sempre
Mas foram, e será apenas momentos.

CAMINHOS

A vida tem vários caminhos
Escolha um,
E cuidado com os espinhos.

VAI ACONTECER

Não sei como vai ser
Mas sei que vai acontecer
O destino é quem vai nos dizer.

CULTOR

Do campo sou cultor
Com ternura cultivo
A terra por amor

A hortaliça e a fruta
Para a mesa de todos
É portado pelo suor da labuta

Não tenho diploma
E isso para mim não é
Motivo de vergonha

Minha escola foi a vida
Minha caneta foi a enxada
Nesta estrada comprida

Velho sou de idade
E de caminhada
Não sei o que é cidade

Aqui tenho o cheiro da terra
A bela chuva e o ar que refrigera
Daqui não saio, morrerei nela

Sou iletrado não sei lê
Só sei meu nome
Acho tudo complicado de entender

Aqui no final do dia
Ouço o cantar dos pássaros
Que me aprecia

Mãos ardidas do sacho
Pela manhã e pela tarde
Uma deleitosa água tomo do riacho

Com vontade no labor
Não troco minha vida de lavrador
Por um diploma de doutor.

SUOR FATIGADO

Com grande árduo da lida
Mãos calejadas pela labuta
Tratado como lhufas é a sua vida

Do seu rosto fatigado
O suor do labor entorna sobre a terra
Por amos é aferrolhado

Muito labora pouco aufere
Mesmo assim tem uma vida álcre
Coragem em seu sangue, as pisaduras em sua pele

Vida dial no suor do sacho
Com o seu alento sustenta sua família
É ludibriado por ser iletrado

Anoso em idade e em peleja
Alma sadia fé inabalável
Atado pela empreitada, alheio da tristeza

Quando suas mãos vai assear
A água encardida escorre de suas palmas
Suas feridas ardidas limpas vem a se aliviar

Lábios áridos nada a reclamar
Enquanto tange no lavor
Seu corpo exaurido querendo resfolegar

Olhos estafados a gotejar p'los cantos
Olhando para o céu com suas vistas denegridas
Cogita: chegou minha hora de descansar.

SEU OLHAR

Procurei seu olhar
Em outros olhos,
Não encontrei.

SEUS TRAÇOS

Sou o pingo de chuva
Que peregrina em seu corpo
Contornando seus traços.