Coleção pessoal de LucasFreitasLima

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Cidade pequena, onde a vida passa desacelerada, onde só há crianças e senhores, os jovens saem para ganhar a vida e voltam quando velhos, para perdê-la em paz.

- Eu esperei muito tempo por esse dia, sua partida em busca de algo melhor. Você, leve e linda, cheirosa e meiga, não merece ficar estagnada em algo sem mobilidade nenhuma como esta cidade soturna.
- Mas papai, não vai dar. Como vou deixar o senhor aqui? Acho melhor eu rejeitar esta proposta de emprego. Não consigo meu pai, não consigo. Venha comigo, por favor?
- Deixe-me aqui, esse lugar já faz parte de mim filha. Seu querido paizinho já está muito velhinho para essas aventuras.
O Sol do entardecer batia em seus olhos em pranto. Mariano irredutível com um abraço sussurra em seus ouvidos.
- Querida, você precisa ir. Venha meu bebê sente-se aqui.
E uma pausa, um silencio lutuoso fica no ar.
- Sabe filha, não se preocupe comigo, aqui é minha terra, mas não é a sua. Não tenho vontade de partir, já vivi tudo que tinha que ser vivido. Você é jovem ainda, sua alma está inquieta agora, e isso é ótimo. Seu velho vai ficar bem aqui, ta bom? Agora vaia logo antes que escureça. Leve com você isto.
Mariano tira do bolso uma bússola, velha e quebrada.
- Olha minha querida, quando eu saí de casa meu pai me deu esta bússola me disse que ela me indicaria o caminho da felicidade. Leve com você. É tudo que eu tenho de mais valioso.
Ela olha aquela bússola surrada pela vida, olha para o pai como se esperasse que ele falasse mais alguma coisa. Ele captando no ar responde.
- Valioso aos olhos do coração minha filha, é o que importa. O coração.

Os lábios se encontravam de uma forma inesperada, aquelas bocas se sentiam conhecidas. Como se aquela vez não fosse à primeira. Sua mão sabia onde deslizar, seu toque sabia como provocar. Sentiam-se a vontade, aquela despedida soava como um ate logo.
(...) - Gostei de ontem, me distrai bastante, estava precisando.
- Eu também.
E um olhar de carinho sem malicia o abraçava.
- Estou com um pouco de medo sabia?
- Medo?
- É, medo, de gostar de você.
Apesar da sinceridade estampada em suas palavras ele sentia que não seria boa coisa demonstrar algo que realmente ela havia despertado nele com apenas uma noite.
- Ontem foi maravilhoso, mas você sabe, acho que... Nós trabalhamos juntos.
Foi a única coisa que conseguiu dizer, quase gaguejando. Ela somente o olhou sem ressentimentos e sorriu.
- E se eu me apaixonar?
Disse ela, como se perguntasse para si mesma.
- Você tem outro, eu também não estou sozinho, talvez pudesse acontecer sim, mas acho que não vai dar tempo, essa faísca vai ser apagada por outros laços existentes em nossas vidas.
- É você tem razão.
E ela o abraçou como se quisesse apenas se despedir pela última vez de uma forma mais íntima.