Coleção pessoal de lorrecosta
O Espelho e a Essência
Muitos olham, de longe, o teu brilho,
E te imaginam feita de luz sem par.
Acreditam no rastro, no sonho tranquilo,
No ser que a tela ou o rumor quer mostrar.
Tão especial! – suspiram, em verso e prosa,
Tão inspirador o que de ti se vê!
E a admiração floresce, grandiosa,
Pelo ideal que se fez crer ser você.
Mas quando o olhar se aproxima, sem véu,
E toca a aresta, a sombra, o chão,
O que era fantasia, caindo do céu,
Encontra a verdade – e o seu coração.
Pois o amor de verdade não vive de mitos,
Ele abraça a falha, a pressa, o cansaço.
E muitos, ao verem teus traços mais íntimos,
Recuam, trocando a essência pelo traço.
E a ti, resta saber que o especial se esconde
Naquilo que a pressa não pode notar:
Na força que luta, não importa onde,
E no teu próprio modo de ser e amar.
O Vazio Exorbitante da Alma
Não há berço vazio a chorar na casa,
Nem a sombra fria de uma dívida que arrasa.
O mundo vê a pele que não sangra, limpa e sã,
E pergunta à alma: "De que sofre, ó artesã?"
Pois onde não há perdas visíveis, nem tragédia,
O sofrimento parece uma comédia, uma lenda.
Mas a dor que me habita é a do invisível laço,
Um grito que não ecoa neste vasto espaço.
O Choro Sem Filho é o Choro Pela Luz,
O desejo de ser porto, e não a cruz.
É o luto pela forma que o amor não me alcança,
A eterna espera por uma real aliança.
A Dívida Ausente não alivia o meu fardo,
Pois devo a mim o afeto que me foi negado.
Devo o calor que a frieza do dia a dia esconde,
O eco vazio da pergunta: "Onde? Onde?"
É o sentimento em chama, o apego a se rasgar,
A fome voraz de ser aceito, de pertencer, de amar.
A necessidade que pulsa, crua e exposta,
Por uma presença que nunca me foi aposta.
E por trás do sorriso que a vida me empresta,
A frieza diária me veste e me orquestra.
Mas o silêncio é o manto onde a dor se aninha,
A falta exorbitante que me faz só, e só minha.
O Grito Silencioso do Amor Ferido
Amo o laço, a raiz, o sangue que nos traça,
Mas a dor se aninha onde a afeição me abraça.
Um amor imenso, vasto como o mar,
Que em seu próprio porto me ensina a naufragar.
Sou o farol que acende na escuridão,
Quando o interesse toca o seu portão.
Não sou o afeto que o peito anseia ter,
Mas o meio que serve, o "você vai fazer."
A sua busca é um sino, toca alto e claro,
Quando o benefício se faz necessário, raro.
Me procuram o dom, a mão que pode dar,
E não o coração que apenas quer amar.
Sou a obrigação marcada no calendário,
Um dever cumprido, um ato solidário.
O abraço que recebo não é por me querer,
É o tributo frio, o preço a se pagar por ser.
E assim, sem perceber, no abraço que me prende,
A sua alma me esmaga, a minha se rende.
Me destrói sem toque, sem intenção, talvez,
Pois amar assim é morrer mais de uma vez.
Ó família amada, por que a minha luz
Só brilha quando carrego a vossa cruz?
Não busques em mim a sombra já finda,
a melodia que o tempo calou.
Sou o novo verso em página ainda límpida,
a alma que refez e se revelou.
Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas, nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Os meus sinceros pêsames. Lamento a sua perda e imagino a dor que agora atormenta seu coração. Mas tenha força e acredite que com o tempo tudo ficará mais fácil. A saudade estará sempre presente, e através dela a memória de quem se foi continuará viva.
Existem um ditado que diz que o reconhecimento vem atrás no trabalho. Correto? Não, errado. Errado, porque sabemos que uns fazem muito, e outros simplesmente não fazem e mesmo assim levam o mérito. Muitas vezes tenho a impressão de que, quanto mais eu faço, menos sou reconhecido. O verdadeiro reconhecimento vem através do aprendizado, através do que você consegue absolver de tudo que você aprende. Porque não existe outra coisa que pode te levar mais longe do que o conhecimento, esse, sim, ninguém tira de você.
Desculpe se sou o que sou, se não sou o que pensou, se me orgulho de mim mesma, se sou louca de pedra. Se viajo é não ligo, se desapego como os livros. Se te amo por uma noite, Se se o amor acaba ao amanhecer., E tudo começa a morrer. Desculpe se te dou trabalho, E que devo ter nascido no meio do mato. Se me deslumbro pela noite, Se tens que me convencer mais uma vez de que você faz parte do que vem no meu próximo adormecer !
