Coleção pessoal de keylafogaca

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A chuva chegou levantando o cheiro da terra; inundando mares.
Para uns a chuva é poema, para outros, tragédia anunciada. Mas chuva é mãe! Piedosa, chega no leito do sertão, nutrindo o chão.
Chuva:
Lágrima filtrada! Forma poças que logo são pisadas. Com o vento segue o fluxo arrastando para longe a mágoa, e surge, de repente, de forma branda, no peito de quem ama, no colo da mulher amada.

Apaixonar-se. Apaixonar-se! Apaixonar-se?
A palavra: entrelaço.
Pernas, bocas, braços; de conjunto viram forma única.
O que distante está de nossas mãos pode se tornar certeza.
Quando há destino; quando há a paixão cármica enlaçada ao amor;
Pode custar, demorar a acontecer...
Mas uma hora não se poderá mais fugir.
O destino empurrará para o caminho certo.
A paixão cármica cerra os olhos para tudo o que a mente condena.
O errado vira certo.
O certo se transforma em beleza concreta.
As pernas, as bocas, os braços de outrora
Harmonizam-se e completam-se
Ainda que distantes geograficamente.

Há um momento em que precisamos parar para refletir sobre o amor que damos e recebemos.
É sábio amar, porém, este amor só tem validade se as suas ações forem realmente prestativas e leais, senão, é amor enganado; ou melhor, não é amor.
Hoje digo:
Amo mais do que ontem. E amanhã, sendo outro dia, obviamente amarei mais.
Você é parte de mim, parte de um todo. Talvez, sendo parte de um sentimento tão forte, seja uma pessoa privilegiada e eu também.
Dizem que o amor é um sentimento natural nascido dentro da gente. Sim! Somos filhos de Deus, nascemos com a semente. Outros dizem que não há como diminuir ou crescer um sentimento já existente. São cálculos e pensamentos de terceiros. Mas cada um sabe de si e como é nutrido esse amor. Meu pensamento é que se cultivado, ele floresce; e se o deixamos de lado, ele adormece. Morrer, seria algo muito primitivo. Somos mais nobres!

Silêncio do amor.

Tudo acontece!
Mas como a gente pode imaginar que com a gente?
Há quantos anos vejo você?
De quando te vi com tamanho encantamento
E você se espantou;
Lembra-se?
E agora, em silêncio, sigo.
Assim, seguirei pela eternidade,
Sentindo o mesmo amor.
Dentro do peito é extravasado,
E na vida, calado.
Eu te vejo e a sua imagem é a de antes.
Como outrora,
Onde as fotos eram em branco e preto.
Nada enxergo que te modifique.
O mesmo semblante.
Tudo no mesmo lugar.
A mesma forma, a mesma ternura...
E eu sempre a te olhar, talvez perceba.
O tempo chega, o único inimigo.
Atroz, feroz, às vezes quer fazer as pazes
Com o hoje.
Mas ele sempre está correndo.
E é a única coisa que não deixa de passar.
Mas ainda assim,
Você, em sua timidez, com uma beleza tênue,
Arranca-me suspiros, até,
Quando repouso a mente na delicadeza
da imaginação.
Uma paixão completamente contida.
Abençoada, sacramentada em meu eu,
E não nasceu no agora.
Ela, do passado, renasceu no presente.
Jamais será dita para não ser condenada.
Aproveito, à maneira que posso, ao lado seu.
Vendo-te como uma luz infinda ao cantar.
Sempre a despertar;
Sempre a nascer;
Sempre a viver!
E eu, buscando crescer.
Passando, com o tempo...
Até que, com o mesmo tempo, eu possa transcender
Em nuvens de sonhos,
Em sonhos de sono,
Em sono de leito,
Em leito de morte,
Em morte de vida.
Além!

(Poema inspirado no filme Ensina-me a viver)

Como se fosse Vinicius de Moraes


''Paris, outono de 73...

Das tardes tristes
E de insanos amores
Recordo-me, apenas,
De tais ardores.
Vagando triste,
Sobre cascalhos,
Folhas secas, isoladas,
Nas tardes frias, ensolaradas
De Paris.
É!
Quem é poeta traz no sangue
O leve gosto da verdadeira
Poesia;
Poesia, aquela,
Que fala da mulher,
Que fala dos sonhos e
'Rubores' de uma
Ardente paixão
Clamada dos bares,
Nas avenidas,
Ou vinda da boca
De um homem só
Em uma praça qualquer.
Dos lugares que passei,
Saudosa Paris,
Hei de me recordar!
Mas sem me esquecer
Da Pátria Mãe Gentil,
De palmeiras, tão sutil,
De favelas, mares, rios.
O verdadeiro poeta não fecha
Uma poesia sem se despedir
Como tal;
Deixando saudades,
Falando aos camaradas
E fechando a corrente de fé.
Assim vou voltando
Em minha nova parceria,
Ainda falando da beleza,
Da mulher e das flores.
Mais uma despedida,
Talvez, sendo esta,
A despedida derradeira,
Despedida de um outono triste,
Aquele outono
Mais de recordações
Verdes e amarelas
Do que outra coisa qualquer.
Pois é!
Como brasileirão,
Em terra estrangeira,
Faço de minha partida
Um contratempo,
Tendo em vista o novo céu,
As novas flores,
E a beleza feminina
Tomada daquela arte angelical.
Findando, então, o sobrenatural
Nada melhor nesta hora
Do que dizer:
Prato principal para brasileiro
Que beija a camisa,
É boa música!''

Do outro lado da poça
Está o amor!
E nasceu primavera
Nos olhos agitados
Na praça do Arpoador!
Em meio de festa e canto
Estava lá.
Gosto não porque se parece
Com algo que me faz recordar,
Gosto pelo tanto que pulsa no peito,
Gosto apenas por gostar.
Vai entender,
São coisas dessa vida,
Nem sempre podemos explicar,
Elas simplesmente acontecem
Como novelos de luz,
Fios e laços cerzidos
Pela palavra amar.
Quem poderia esperar?
O que me fez despertar?
Talvez uma flor embriagada
Pelo sol, ou até mesmo
Pelo luar.
No correr pela Ponte
Emerge em meus pensamentos.
À ida para Niterói,
Espero de novo atravessar
Para chegar do lado de lá
E feliz reencontrar
O motivo do novo sorriso
Que me faz ansiar.
Já não há tempo,
Diferença de idade,
Mas há silêncio
Parado no olhar.
Talvez nunca saiba
Que é você que do
Outro lado da poça está.

Somos envolvidos pelas cordas da paixão. No meio de cantoria numa tarde no Arpoador, encontrei-me nesses versos traiçoeiros que compõem os sentimentos. Não sabia se veria novamente aquele sorriso. Lá, estaticamente no chão estava, de costas para o mar, no meio de tanta gente, olhando atentamente o palco. Algo me trouxe uma recordação. E de repente a música lançou o reencontro. Então vêm os desafios, aprendemos a resignação, e brota o amor com a aceitação pelas escolhas opostas. Signos: água e terra. O que pode dar?
Mal sei sobre esse amor, apenas o que conto são as horas para pousar os olhos agitados em seu olhar quando solto a voz para cantar... E voar no tom dos seus longos cabelos meio dourados. Eu quero te alcançar quando no ambiente não está.
O que resta é esperar. O tempo, senhor do destino, tudo pode nos mostrar.

Hoje o dia foi de chuva, o canto foi de paz, mas o pouco tempo que se fez presente, não deu tempo de acalmar o barulho aqui dentro de mim. Talvez perceba que mal não há, apenas amor, apenas amar. Logo mais o ciclo de canto acabará e o outono chegará. Com ele, suas folhas pálidas ao chão como um rastro de saudade do que ficou lá. Como farei então com a falta existente de já, se nada posso falar, apenas a beleza dos seus cabelos de raios de sol contemplar?

O cidadão de caráter tem bom senso e respeito pelo próximo. Muitas vezes é preciso se anular sim, anular sentimentos, principalmente quando esses podem atingir a terceiros. A gente se atenta para essa verdade, com as vivências, com a maturidade. Os anos de vida bem vividos nos mostram, quase sempre, que é necessário intervalo no ar e silêncio sepulcral no coração. No silêncio se aprende o tempo de todas as coisas. O amor se alia ao bem querer e atinge o nível de contentamento com o que se pode ter, transmutando-se em resiliência.

E quando se ama demais o novo, mesmo que intocável, sementes são lançadas na terra do coração. Não importa o que há de nascer da esperança, já vale a semeadura.

É bom imaginar que bem debaixo de nosso chapéu, aquele que vira com a ventania mas nos protege da chuva, há um céu de múltiplas cores refletindo o nosso sonhar.
Sonho é isso, é ter os pés fora do chão, é querer a paixão que não se pode alcançar, é desafiar e acreditar que realidade pode se tornar.

Dar-te-ia, se eu pudesse, as asas que me fazem voar, para que junto de mim pudesse sonhar. Não são asas como as dos anjos, são balões que se perdem no ar.
Cabelos de raios de sol, dou-te as nuvens e o luar, até com o meu coração você pode ficar.
Leves são as folhas embaixo desse arvoredo, que em balanço, lembram-me aquela estação no Arpoador onde a noite era de festa e de canção.
Esse vento de agora me leva pra longe, para qualquer outro lugar. Amar-te hoje é o que faço, com esse silêncio partido, segredo que jamais poderá se revelar.

Quero uma carona em dia de chuva, só para que os seus cabelos de raios de sol, na quietude, eu possa contemplar.
Desejo espiar pela janela do automóvel e ver as gotinhas correndo na estrada em direção ao rio, ou ao mar, pras bandas daquilo que me apraz imaginar.
Tão logo não poderei vislumbrar esses fios quase dourados que se movem fascinando o meu olhar!
Acaba essa estação, nasce o outono cheio de tons marrons; os arvoredos balançarão, folhas secas deitarão ao chão, folhas de um tempo que guarda a recordação do que restou do verão.

Semeie o amor, não importa se colher de suas rosas os espinhos. No caminho, nem todos saberão receber a oferta de abraço gratuito, desinteressado, ainda assim seja amor, pois é através dele que o seu mundo floresce, e quando o seu mundo floresce, a terra se transforma e começa no interior de toda a gente, a reforma.

Passado e presente

Às vezes o passado vem
Em cores de flores novas
Para nos trazer respostas,
Para nos mostrar entradas
Ou saídas,
Mas às vezes as respostas
Ficam ocultas através de linhas claras
Mostrando-nos que a leitura pode ser
Fácil se soubermos interpretá-la

A sua ida lentamente
Para as esferas de luz
Rasgando em tons cintilantes
Os céus azuis,
Fechou-me as portas
E a alma hibernou numa longa
Temporada de inverno,
Até que raios de sol foram vistos
Pela fresta do peito que batia
Semiaberto

Será que o anjo que soprou no ouvido
Com uma mão amiga sobre a fronte
Lançou com algum propósito
O reencontrar?
Acredito no despertar!

O que o Universo
De verdade nos dá
Diante de ética, respeito
E todo o resto
Que não se pode quebrar
Quando descobrimos
Novamente o que é amar?
Ele nos entrega o silêncio,
Uma tal lonjura no falar!

Somente o tempo
É que deve nos guiar
À centelha do amor
Sob um novo olhar,
Mas a dignidade
É o que devemos carregar,
Pois é o que levamos pro alto
Quando voltamos
Para o nosso verdadeiro lar.

Fato inusitado:
Primeiro a surpresa
Com a semelhança física
Que afligiu o coração
E depois o amor desprendido
Silencioso como a montanha
Solitária dos monges
Que renunciam a tudo
Buscando no isolamento
A profunda reflexão

Como explicar
Amores que brotam
Em forma de nascentes
Formadas em rios,
Inundando tudo o que dentro
Da gente há,
Mandando pra longe
Com a correnteza
O que aprisiona
O nosso desejo de voar

O que fazer com aquilo
Que nem de longe se pode desejar
E quando uma alma reconhece a outra
Apenas com um olhar?

Não há certo, não há errado
E nem cabe a palavra julgar,
Pois os sentimentos florescem
Como a necessidade do sol em raiar

Talvez não tenha, como eu,
A devida compreensão
Para acreditar
Que mesmo sem qualquer palavra,
No mais sigiloso segredo,
É possível amar!

Cabelos de raios de sol,
Dar-te-ia o Girassol
Se nesse campo que é dele
Pudesse comigo caminhar
Olhando as nuvens
E todas as flores
Que despertariam
Todas as manhãs
Somente para te acordar,
Veja quanta poesia
Que cabe nesse meu tanto
Amar!

Apaixonei-me. O que fazer?

Há um sentimento crescente em mim
Que se transforma todos os dias

Assim penso em você,
Cabelo de raios de sol,
Com um imenso bem querer,
Como se fosse o próprio amanhecer
Irradiando alegria até o anoitecer

A gente não espera as coisas
Que a vida tem para nos oferecer,
Elas acontecem como um cometa
Que passa rápido e ninguém vê

Medo não é preciso ter,
Chegou a hora de embarcar nesse vagão,
Ele nos conduzirá a uma estrada ensolarada,
A um campo com cheiro de flor,
O trem passará por todos os destinos
E logo estaremos na estação do amor.

Realidade do agora:
É outono, não sei o que fazer
Com as folhas queimadas
Que sobraram no chão
Como lidar com a nova
Emoção?
Temendo o amor
Que desabrochou no coração
Busco formas de estar perto,
Rogo a paz em oração,
Peço a Deus no pensamento
Que lhe mande proteção
E se realmente surgiu
Através de um anjo,
Tudo isso logo terá
Explicação
Mas caso seja ilusão,
Colocarei um fim nessa paixão,
Seguirei em meu caminho
Levando comigo a afeição.

Sim,
Eu te amei no
Primeiro ato!
A semelhança
Foi o holocausto,
De fato
Era noite de festa
E canção,
Um anjo desceu
E te elegeu
Para morar em meu
Coração
Já não pode
A boca falar
Jogando para o alto
A vontade de gritar
Talvez saiba em silêncio
E respeite o meu gostar
No segundo instante
O cheiro de flor
Germinando no peito
Um sentimento
Cheio de ardor
Fechando a cortina
Despeço-me da cena
Sem pavor,
Entro na coxia
E guardo no intervalo
Do tempo
Todo o amor.