Coleção pessoal de kevinmartins6

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Acordei
Meio dia e trinta e sete
Meti uma bela cerveja
Dei uma boa cagada
E fui fumar uma cigarro na sacada
Olhei ao longe e avistei uma velha caindo aos pedaços
Notei que nós fazíamos a mesma coisa
E que nos vestíamos incrivelmente parecidos
Era assustador, como ao longo de poucos anos eu me tornara um ser que desprezível
Todo dolorido
Bêbado, como sempre
Fedendo a cigarros de filtro amarelo
Buscando uma faísca de sol em cada dia nublado
Eu me tornara o que fui fadado a ser
Um ignorante, bem sucedido, de pessoas
Um escritor envelhecido, ainda que jovem
Um amante das putas
To pensando o que vai ser o almoço...

e o gelo das minhas pernas, me fez lembrar das tuas, que tremiam ao tocar nas minhas. Não importa o quanto eu me esforce, pensar em te esquecer, é lembrar o quanto te quero.
Na sacada, numa noite fria, fumo meus cigarros e a cerveja me espera. Quem dera se eu te visse na cama, me esperando. Ou se dividisse esse cigarro comigo.
Quase amanhece o dia e eu não tenho a mínima vontade de dormir. Durmo pouco, mas é inútil o tempo do relógio, se não estás comigo. O sono é perda de tempo.
Os lençóis são gelados, as luzes, mais apagadas, os pensamentos, mais distantes, eu, mais ainda.
Um mendigo me pede um cigarro. É bom dividir com quem tem peito.
Os carros, voltando de lugares que jamais saberei, só parecem ter o mesmo destino. Parecem todos iguais. As putas deixaram de brilhar. As moças já não tem outro rosto além do teu.
Nessa madrugada, já sorri ao vento, ouvindo Bruce Springsteen. Já chorei ouvindo a música do nosso casamento. Já me assustei com tua mensagem apaixonada. Você acaricia meu coração calejado. Viu todas as feridas, ficou, e repara uma por uma, com beijos de uma boca doce como mel.
Nesse momento, todos os homens da Terra, sentem inveja de mim, minha flor de Marte.

Homens milionários. Ricos, irão te procurar. Homens com carros decentes, camionetas gigantes, as quais brinquei com brinquedos emprestados, ainda criança. Homens que compram camarotes, bebidas importadas, roupas de marcas famosas, vão te encontrar. És a mulher mais linda que todo o homem já viu.
Eles vão te levar no melhor restaurante. Vais beber o melhor vinho. Ele irá fazer curso de dança, para que não faça feio ao teu lado. Vai lhe dar jóias que toda mulher sonha. As melhores flores. Os melhores perfumes. O melhor colchão. A melhor cama. A melhor TV. A melhor assinatura de TV à cabo...
Eu ainda sou aquele menino que usa a mesma roupa. Não se importa com a aparência. Tem remorso de gastar dinheiro.
Não vou lhe levar no melhor restaurante. Iremos comer um lanche na esquina. Irei arrotar na tua frente, esperando que compita comigo. Irei comprar um Ford Corcel, com esforço. Iremos dormir no teto dele, olhando as estrelas - mesmo que eu não durma e fique olhando seu rosto.
Com anos de economia, entre jantares, festas que nunca fui, encontros que jamais encontrei, vou comprar minha Harley. Meu sonho de criança, enfim, se tornará realidade.
Sou o homem que compra as roupas de inverno, em brechós. Trinta reais duram muito. Roupas duram anos. Não me importo com elas.
Comprarei um ingresso do show de minha banda favorita, em 10 vezes. Assim fica fácil de pagar. Assim não dói tanto e todo mês, lembro intensamente o que passei.
Irei dançar como sei, sem me importar se faço bonito ou feio. Só quero lhe contemplar.
Não posso te oferecer nada material. Sou a soma de muitas dores, feridas e experiências. Não quero que vá embora.
Se um dia encher os olhos pelo primeiro cara, não és a mulher que amo.
Realmente, não posso te oferecer nada além de mim.

Bebi o dia todo. Sempre arrumo uma desculpa pra isso.
Nem sei quantas vezes te mencionei em minha conversas. As pessoas ficaram bêbadas, e eu - péssimo até nisso - continuei sóbrio. Embriaguei-me em ti.
As pessoas passam, riem, cantam músicas, erram as letras, e eu só penso em ti. No que estaríamos fazendo juntos. No que faremos um ao lado do outro.
Whiskey, cerveja e cigarros, já não resolvem minha solidão. A tua companhia, resolveria.
Sei que sou o homem mais machucado que conheceu. Sabe das minhas lágrimas, das minhas fugas. Mas só eu sei o quanto me dói. Só eu sei o quanto te quero junto.
Eu fico imaginando tua felicidade ao lado de qualquer pessoa. Sempre fui bom em me diminuir, pensar que não valho a pena, insistir que só farei mal. Mais uma vez sou bom nisso.
Eu queria chegar, agora, te pedir em namoro, ver tudo se resolvendo no seu sim. Mas acontece que eu tenho medo de ser rejeitado mais uma vez. As crianças ainda riem das minhas roupas surradas. Eu ainda me envergonho no espelho.
Queria que esse cigarro não terminasse. Que você nunca fosse embora. Que minha vida valesse mais, depois dos crimes que me senti culpado, mesmo não cometendo.
Você arranca, do fundo da minh'alma, o melhor que tenho. És a mulher que sonho em ver, vestida de noiva, andando em minha direção, para que eu renasça no seu sim. Eu te amo. Nada mais seria suficiente dizer. Nada mais me sai tão dolorido do peito. Sabes que quando digo, é porque preciso.
Fica. Vou te roubar. Espero que sinta tudo que sinto. Espero que meu tempo seja o mesmo que o teu. Já não suporto um dia sem te ver. Não suporto mais um dia sem te ter.

Você pode dançar e rir, com o rapaz que sente ciúme de ti. Pode dançar com qualquer um. Só não esqueça de quem, ao seu lado, ri, até sentir as pernas bambas.
Você pode andar lado a lado com o homem mais bonito que já viu. Só não esqueça dos beijos, que recebeste do homem mais machucado que já viu.
Você pode andar em seu carro, dividir seus cigarros - da mesma marca que os meus - com quem quiser, a vida é sua. Viva. Mas nunca esqueça das palavras e atitudes, que meu peito diz e faz.
Você, sendo você, é a mulher mais linda que conheci. Todos os homens se apaixonarão. Mas não esqueça do que se apaixona, por ti, todos os dias. Cada dia mais.
Você vai sentir felicidade, em muitos momentos. Mas não esqueça dos nossos felizes momentos - que jamais queríamos o fim - juntos.
Você pode sorrir todos os sorrisos, ao homem que enxugou tuas lágrimas, ao homem que foi responsável por elas. Mas não esqueça do que será o próximo a fazer isso. Sem jamais sair do teu lado.
Você pode segurar a mão do homem que lhe oferece. Mas não esqueça de quem te leva pra casa, e nos braços de quem você estará.
Você pode beber o seu melhor vinho, divertir-se com a melhor música, ao lado de quem quiser ficar. Mas não esqueça de quem, ao seu lado, tomou o pior vinho, ouviu a pior música, fazendo parecer tudo um sonho.
Você pode sonhar todos os sonhos. Mas não esqueça em quais sonhos você está.
Dance e cante, és linda fazendo isso. Mas enquanto estamos separados, não dê seu coração para ninguém. Não esqueça de quem lhe ama. E de quem não dará o coração para mais ninguém.

É que nosso relógio adianta, quando nos vemos. De repente, as pessoas ficam chatas, as conversas ficam bobas, e nossos olhares já se entendem.
Ela chegou às 22:53 da noite. Disse:
- Vou ficar até 11 e meia.
- Ok! - respondi.
Foi embora 02:34. Se despediu com um beijo, levando todos os beijos que eu tinha guardado no bolso.
Conversamos coisas que só dois estranhos, conversariam. Consertamos coisas, que só nós consertaríamos - um no outro.
Da próxima vez, espero que também não seja breve. O tempo de um cigarro, já não é suficiente, lembro que me disse. Preciso remendar. O tempo do relógio, já não é suficiente, amor. Nem quero que seja.
Somos todos os cacos que juntamos um a um. Nossas cicatrizes ficam belas, num abraço. Num beijo, não consigo olhar mais nenhuma beleza, a não ser a tua, de estar comigo.
Somos livres - dentro dessa prisão. Podes ir, te é natural e precisa do teu tempo. Ache os homens errados, se divirta, erre, acerte, chegue com a cara amassada, durma já com ressaca, soluce poesias, ria de mim, lembre de me beijar.
Você lembra daquela sonho. Ainda sonho com ele.
Que possamos subir naquela pedra, olhar a natureza por cima das árvores, de mãos dadas, um beijo, um fogo, um cheiro, e você me dizendo que já não é um sonho.
Ainda não gritei aos quatro ventos, mas qualquer poesia sabe que eu te encontrei.

Eu tenho medo da tua próxima palavra
Cada frase parece o início de um fim
Eu já tenho medo
Tenho medo de olhar tuas fotos
e sentir teu perfume
medo que me dê esperanças
que apareça com um maço de cigarros
da mesma marca que fumo
Eu devia amar outra mulher
mas esqueci dela
e me apaixonei
Os acordes dessas músicas que escuto
parece que soam
que gritam
o teu nome
Começam devagar
e terminam com a maior força que senti
Isso ta me afetando demais
me puxando do poço
mas
se minha mão escorregar da tua?
e se você faz isso por instinto?
se é por ser uma pessoa boa?
por dó?
Por quê?
me explica
antes que eu me afogue
e não dê tempo de ver
tua silhueta indo embora
e salvando almas
que não a minha.

Foi da janela que eu me encantei
um olho viu e o outro se encantou
com a poesia que parecia perdida
nos braços daquele homem
Foi do meu olá
que eu assisti o sorriso dela
e todas as flores de cor amarela
brilharam para mim
Mesmo eu não sendo amigo dessa cor
meu olhou verde
se misturou com o amarelo
e assim se fez a tinta
que pintou o jardim que nos deitamos
Do batom vermelho que lhe vestia
ela bordou um coração bem grande
que se dividia entre nossas mãos
e todos os pássaros azuis
cantavam a nossa paixão
Da botina surrada que eu calçava
ela tirou o marrom que pintou os olhos comuns
de quem nos observava
de quem não entendia todas as nossas cores
nem o calor de um coração
vermelho
que se dividia entre nossas mãos
Assim eu a segui até em casa
e lá acendemos alguns cigarros
com o fogo que já era nosso
e com a músicas que dariam inveja nos velhos discos
Com a voz francesa
embaralhava, confundia, e retocava as letras
com as cores que eram dela
e com ousadia eu clamava para serem nossas.
E no tardar de mais uma pincelada
ela pintou o coração mais vermelho
grande
e nosso
que já vi.

E fez do meu amor
Graça para outro qualquer
Só me restando o tempo
Como professor
E responsável
Para curar cicatrizes
Fez da minha dor
Riso para outro qualquer
Sem me perguntar, se quer
Como eu iria seguir
Com nossas pernas confundidas
Fez do meu calor
Carinho para outro qualquer
Deixando o vestido amassado
Perdido entre minhas cobertas
Da cama que seria nossa
Fez do meu temor
Coragem para outro qualquer
Sem me ouvir, se quer
Na hora do adeus
E eu
caminho de outro qualquer
Fiquei à mercê
de tudo que sonhei
dos barcos que construí
e das pontes
que já são usadas por outras pessoas.
Peguei carona em teu carro
e na mala
levei poesias de amor
esperanças de amar
E foi conquistar
outros rapazes
outros meninos
outros amores vãos
Triste fim o meu
sem o meu amor
e o tempo a cicatrizar
ensinando a esquecer
Fez da minha graça
amor para outro qualquer
e riu do meu sofrer

Ignore, é só solidão
Não ignore o meu peito
deslumbrado feito doido
amarrado
ao teu
E teu sorriso
de menina
transborda
minha falha rotina
de fumar sem companhia
em noites
e tardes frias
Fica
ajeitei teu banco
sem pernas
mas com os prantos
de juras eternas
de mudas conversas.
E se eu disser que
to entregue?
E que a doce solidão
não tem graça
nem disfarça
se for outra mulher?
Teus lábios
resmungaram as palavras
que vibram no mesmo tom
das notas
que saem do meu coração.
Chegue mais perto
sente mais certo
que eu não desaponto, não
só desaponto o lápis
das poesias
que te escrevi
e o sonho
da lápide
com o epitáfio agradecendo a ti.
Fica
não tens obrigação
mas fica
aqui é sem graça
se não fica
Bucólico
aos teus encantos
melancólico
em todo canto
sou eu
a parte que foi minha
mas que agora é linha
pras frases de Romeu

Aquela sua antiga Capezio, já está em farrapos
e os homens que já te viram dançar
hoje são fantasmas
que dispensaste
Você não é a mulher mais linda, mas é linda
até demais para alguém como eu.
Sei que, por prazer
irá perder seu tempo, procurando um salvador
que desça a rua da tua casa
e te traga flores, dizendo que lhe ama
Sei que vais perder o tempo
quebrando suas dores, em pequenos pedaços
escondida debaixo do lençol
para tentar entendê-las
É de tua natureza
dançar com os problemas de vida
e pisar firmemente, com elegância
sobre eles.
Pequena, eu não sou nenhum herói
nem vim aqui para salvá-la, como nos filmes
só posso fazer isso
do jeito que sei
e que você sabe bem, estão naquelas palavras
as que não são ditas
as que se reviram no estômago
quando chego perto do teu âmago.
Estou tentando fazer tudo pelo certo
seja como for
o que mais poderia fazer agora?
Não conseguirei escrever
as palavras que não digo
mas saiba que elas estão nessas entrelinhas.

Ela faz morada
em outros braços, agora.
Eu, o homem com quem ela sonhou
algumas transas, ainda mora sozinho
com visitas inapropriadas
vizinhos inapropriados.
Ela, ainda sonha com ele
eu fui mais um
mais um que ela usou para esquecê-lo
durante rasos momentos.
Ela
escreve poesias
noutros corpos
eu
noutros copos
e assim seguimos
enchendo
preenchendo vazios
vazios que jamais serão compensados
nem compreendidos
por quem ama.
Bach ainda toca
e ainda não lavei o copo dela
já acumulei coisas demais
e sentimentos, de menos
Não rezarei aos pés de sua igreja
nem me levarás aos teus rituais.
Sou só mais um artista
um escritor
um poeta
bebum
fumante
que cruza, rastejante
a terra
em busca de uma promessa
que foi feita aos humanos
de que tudo fica bem
de que tudo passa e a vida segue
Realmente, ela segue
Mas nem tudo passa.
Eu fiquei onde nos perdemos

Já fumei todas as pontas dos meus dedos.
A essa altura eu já nem sei quem sou
nem quero
acho que seria desastroso fazer um resumo
dos meus dias e do que resultei.
Mais uma vez é madruga
eu acordado
com o café e whisky
de companhia.
Uma boa música toca, eu não sei o nome
mas deixei que me fizesse companhia
Muitas vezes eu não sei o nome da minha companhia
criar laços
destrói muitos laços.
Vivo e revivo na eterna procura
pelo livro e poema perfeitos.
Venha
o que eu faço para tê-la
o que eu fiz para não tê-la?
Mais uma dose se findou
e você se pergunta quem sou eu
não precisamos saber
nem deveríamos
saber quem somos.
Seremos
eu só pediria isso
e se você crê em Deus
peça a ele
eu já cansei.
Podes desatar os laços que quiseres
o do teu vestido
serei eu o responsável.

Garo, as armas estão aqui
mesmo que estejamos caminhando na escuridão
Ainda há
ainda há tempo de terminarmos com isso tudo
Os lençóis estão sujos
de nossas noites de amor
e minhas mãos gritam pela piedade
de não estar apaixonado
Estou entediado comigo
e com o mundo
preciso do nosso tempo
de estarmos sozinhos
Aquele whisky que comprei
quase no fim
já me chama
e eu também preciso dele
Meu maço de cigarros
recém foi aberto
quero um a mais
leve essas 4 cigarros
desse maço novo
consigo
Vá embora
pelo amor de tudo que creia
eu preciso que creia.
Aqui, enquanto ando pela casa
com as luzes apagadas
pense em tudo que fizemos
em nada que faremos
e venha dançar comigo
essa última dança.
Me dê o nosso último tango.

Quantos homens você diz que ama?
E vou continuar aqui
com minhas botinas surradas
pulmões velhos demais
para fumar, menos
e com a cara cheia, de menos, sempre.
Essas moças chegarão de repente
irão embora, juntas
com a mesma força que chegaram
eu continuarei sozinho
e com a incompetência dos dramas.
Não quero seu "eu te amo"
não preciso dele
nem de algum
para viver.
Um outro qualquer lhe terá
e que fique claro
tu
és outra qualquer, também.

"Eu te amo", ela disse
"Eu sei", respondi.

Amigos, qualquer fanatismo te impede de ver a realidade das coisas. Turva tua visão.
Então por favor, parem de tentar impôr tua filosofia aos outros. Nada que é imposto é bom.
Feminismo, machismo, o "ismo" não é bom.
Essa de tentar ser inteligente e dizer que sempre foi oprimido, não funciona. A liberdade da tua mente, nenhum ser humano é capaz de arrancar.
Não sou machista, feminista, só defendo a liberdade de pensamento de cada um. Não faz sentido reclamar sobre opressão, oprimindo.
Agora... Se você não tem a capacidade de respeitar a opinião de outros, guarde a sua.
Só peço que sejam respeitosos uns com os outros. Sem homem e mulher, não seria possível estar aqui. Nenhum é mais importante que o outro. A natureza se completa.
Então, antes de se tornar um fanático, use toda a liberdade de pensamento que tens. Faça uma lista se precisar. Só não faça esse papel ridículo que vejo tantos fazendo. Seja honesto consigo mesmo e com os outros.

Eu... Acendo o cigarro, abro minha cerveja. É sexta-feira.
Chegou o fim de mais uma semana. Lotada de gente. Lotada de visitas, de louças para lavar, de almoços, de jantares, de transas, de besteiras...
Estou sozinho, não queria estar em exatamente nenhum outro lugar. Precisava de minha companhia. Sempre precisei.
Sem assuntos para conversar. Sem ouvidos para me ouvirem. Sem atenção alguma.
Rodeado de filmes, cigarros, cerveja e minha gata.
A gente envelhece e percebe que as histórias que construímos em nossas cabeças, as mentiras que nos contamos, são mais bonitas do que a realidade. Deve ser horrível ter uma memória perfeita. Não conseguir perdoar os outros ou a si mesmo.
Definitivamente, tenho alegria na tristeza. Espero que você esteja aproveitando seu tempo sozinha. Espero que você esteja aproveitando a distância dos olhos de seus pais.
Me deixe só. Não falem comigo por pelo menos 4 dias. Nasci, vou morrer sozinho.
Soltem do meu braço! Essa terra que piso - a mesma da minha infância - já apodreceu. Me soltem!
Enquanto chega minha morte, trago este cigarro, termino minha cerveja, quero estar sozinho.
Eu já lhes esqueci. Me esqueçam!

Já disseram que minha vida vale nada
que eu nasci onde não devia
certo
na hora errada

Já disseram que sou triste
alegre de mentira
poeta de verdade
amargurado de saudade

poeta

nem sei o que é isso
só sinto o que sentem
suscito os que mentem

Ainda trago o trago
o cigarro amargo
a camisa amarrotada
a vela já findada
e os amores da amada

Rimo
o limo
do peito que trouxe
das águas paradas
que se fizeram
sem ti

O povo ama a dor
amador o que finge amor
doí
as saudades que senti
senti as saudades que morri

A desigualdade do meu filho
que perante ao senhor patrão
sofre a exclusão
de ser maltrapilho
machuca aqui
o pai que luta por ele
por nós
por ti

Até quando, meu senhor
Até quando serei julgado pelo ouro?
Até quando, amor
serei enganado pelo tolo?

Falo do chinelo que usei
do dedos que ralei
dos olhos de meu pai
quando viu que era pai
e me abraçou

E os filhos que sem pai
esse mundo deixou?

Eu luto pelo meu semelhante
pela falta do seu livro na estante
pela falta dos instantes
que seu pai deveria dar
do amor que ele deixou na sacola do mercado
que ele deixou de pagar

Eu sou seu pai, filho
eu sou seu irmão
sou tudo que lhe falta
sou eu quem lhe estende a mão

Sou fraco
forte
choroso
amargo
doente
vergonhoso

Mas sou nosso
de coração e alma
me abraça
essa rua ta sem graça

mas melhora

eu sou você
e essa estrada mundo a fora.

Quem sabe o valor de um sorriso?
De lado
aberto
impreciso

Doente
contente
sem dente
vivo

O verdadeiro se expande
na alma
ajuda a vida
acalma a calma

Vida
A vida
vivida com o sorriso

Tímido
feliz
verdadeiro
sem motivo

Sou feito desses
os sorrisos contentes
da verdade
da gente
que ama e não mente
só sente
o que tem

Não do que teve
nem do que tem
mas de ser humano
amando

quem vem.

Meu amigo, ela foi embora.
Não há nada que me salve, além da poesia. Toda poesia que ela deixou eu tentei amassar, joguei no lixo, mas depois voltei lá, correndo, recompus todos os papéis, li, de novo. Não canso de ler.
Uma hora vou ter que fazer isso, jogar fora. Jogar fora sem voltar buscar. Mas deixa aqui, é tudo que tenho. Tenho a poesia dela, e a minha que é bem pequena.
Lembro quando ela sorria depois de um beijo. Ria de qualquer coisa estranha que eu dizia. E você bem sabe que odeio quando riem de mim. Odeio porque riram a vida toda de mim, riram desde que eu era pequeno e estranho. Sou estranho.
Só a presença dela me faria bem, nesse momento.
Vou acender meu cigarro e ver a fumaça em espiral. Beber minha cerveja e ver meu rosto distorcido no espelho. É o que tenho. É o que sou, um espiral e uma vida distorcida. Distorcida por risos, por pessoas, por mim mesmo.
Sou a sobra do que nunca fui.
Sou a sobra do que nunca fomos.