Coleção pessoal de Kevin_litera

Encontrados 7 pensamentos na coleção de Kevin_litera

Tenho Dois patos com H

Fui exercitar o corpo
O lápis apareceu em minha mão
Já montei quadrados calculados
Vejo o método, compreendo planos
Sei que algo em mim tem simetria
Lei áurea com encaixe que não rela
Uma geometria que me parece enganosa
Formas que parecem ludibriar
Preguiça em pele de lobo
Cordeiro em pele de irresponsabilidade
Disfarces que enganam até o fantasiado
Traço os pontos e não faço as linhas
As linhas feitas chegaram tarde demais
Promessas vazias e cheias ao mesmo tempo
A culpa não se disfarça e grita
O dedo que aponto é um em cinco
O dedos que me apontam é seis
Juro que tento os semicírculos
Sento no júri que me condena
Círculos, círculos e círculos
A desmotivação sem motivo não veio
A preguiça e a procrastinação sumiram
O interesse nos círculos é genuíno
A validade é até os triângulos se mostrarem
No meio de tantas formas tento e tendo
A promessa ao meu coração é a determinação
Fracasso, perjúrio, inconsistência, gelatina
Frescura, mentira, dissimulação e simulacro.

As garças sobrevoaram o céu
Não consigo ver pela penumbra
Pois as nuvens parecem laranjadas no sol
Gosto de laranja, mas prefiro manga
Suco de frutas para mim tem que ser com água.

⁠POR TRÁS DO METAL

Oh, coração em armadura de ferro,
A postura de quem cavalga com destemor,
A espada, fiel companheira, jamais se ausenta,
Mas esqueço da tradição que ergueu os cavaleiros.

Descendentes de um romantismo já trilhado,
Ah! Como sempre me reconheço romântico,
A postura de ser o abrigo em carinho,
A espada, guardiã de proteção e cuidado.

A armadura, símbolo dos meus valores e honra,
Eis a honra daquele que se compromete a uma bela dama,
O cavalo, fiel amigo nas escolhas que faremos,
Assim, galopamos errantes ao rumo,
A dama que conhece um cavaleiro sempre será amada.

⁠UM JAZ

Quem ama deixa partir
Arrancar as raízes sempre rompe e dói
Da terra remexida nasce um cheiro fúnebre.

O sal sai das olheiras covas
Salga a veia cava adubando coroas
Os crisântemos nutrem-se do velório.

Vá, enquanto é primavera
Tropece nas flores esquecidas em lapides
Talvez eu ainda espere até o outono.

⁠FLORES Y HOJAS

Girassol mexicano perdido no verde
Tão alaranjado e vivaz entre folhagens
Na mais baixa aquarela é terracota.

Sei que és forte e floresce, chica
Como brota em toque tórrido
Por que ilude-se em rodovias cinzas?

Não fuja das folhas meu bem
Os buques são lindos, eu sei
Mas caules cortados morrem.

⁠A QUATRO MIL METROS DE VOCÊ

Rarefeito é o ar apesar do vento
Entra em mim como água no deserto
O diafragma em soluços, tento
A atmosfera que és tu, liberto.

Respiro fundo e olho a queda
A tristeza escarlate-artéria depreda
O sangue azul-veneno em mim enreda
Teu cheiro em meus alvéolos já não degreda.

Almejo as habilidades dos pássaros
Invejo os leves pulmões caros
Desprender-me dos limites bárbaros
A chegada ao topo é para os raros.

Meus ouvidos me falam dos teus ecos
Martela em meus tímpanos apáticos
Destoam além dos meus instintos poéticos
Seus ecléticos pensamentos sarcásticos.

⁠⁠ODE AOS PEIXES DE VERA CRUZ

Aos peixes em solo firme eu digo:
Saltou para a terra em criatividade
Rastejou em lama em sua vitalidade
Sempre esteve comendo fora d'água comigo.

Esperançosos ao rio do futuro
Elegem anzóis ao topo da cadeia
Lembram-se e esquecem-se que já foi de aldeia
Adaptam-se milhões de anos ao muro.

Permanecem na esperança desde os antepassados
Antigos que um dia nas águas rasas nadaram
Ancestrais que todos os dias aos poucos andaram
Nas azedas poças estavam sempre adoçados.

O samba na nadadeira antes do pé!
A novidade das mãos sempre em toque
Afluentes culturais do Chuí ao Oiapoque,
Folclore, danças polonesas e arrasta-pé.

Tantas cores no manto verde e o cantar alto,
Falam como araras, e que saudade da ararinha azul
Reco-reco forte como vós do norte ao sul
Amo odiar e odeio amar este mar alto.

Vontade tenho de puxar-lhes as escamas
Comem iscas na água, comem incas no solo
Pirajuçara do bem, fisgada no no colo
Namorado nas ideologias em chamas.

Em redes antes dos coronéis
Pescas nas caravelas de Portugal
Escravidão em embarcação surreal
Repetem golpes nos futuros papéis.

Ó peixe que usa calças e é anfitrião
Simpático este cardume que agrada
Criatura gloriosa que por troca degrada
Luta lá de longe sem ver que é em vão.

Com cuidado, elevados peixes, sobreviveremos!
Brigamos, amamos, será que também sou assim?
Como os ratos de Noronha, a dor terá um fim
Cuide das águas, Linguados terrestres, pois evoluímos!

⁠EU-JORGAL

Ó trovador que abre seu lábio antigo,
Diga a musa que ouve doce as cantigas de amigo:

Assim como tu sabes que mente para si,
És tola e eu tolo, mesmo sem a tua harpa,
Minha harpa é tua harpa, pois é para ti.

Chego até querer ir a tua corte com lira de maldizer,
Porem tua íris céu, cabelo ouro e branca rosada,
Expulsa de mim a sátira grosseira a cavalgada
Feito Segrel e seu cavalo perdido em toada .

Desde as melodias da antiguidade
Os trovadores sopravam realidades.
E tu dama a mim desfere lira de escarnio
Enquanto minha harpa compõe amor em grande ensaio.